Derrota em 2022 pode ser pá de cal na carreira de Marconi Perillo para cargo no Executivo
04 setembro 2022 às 00h05
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Entre 1999 e 2018, um ciclo de 20 anos, Marconi Perillo (PSDB), com rara habilidade, praticamente “fechou” a política de Goiás… para ele. Nestes 20 anos, governou o Estado por 16 anos e conseguiu fazer um sucessor, Alcides “Cidinho” Rodrigues, em 2006. No período de uma geração não se permitiu nenhuma renovação política — só deu Perillo, e mais ninguém.
Noutras palavras, uma geração, num ciclo de 20 anos, não assistiu nenhuma mudança política em Goiás. Quem nasceu em 1999 e ficou adulto em 2018 por certo pode ter pensado que vivia, no Estado, uma “ditadura” tucana — quase tão longeva quanto a ditadura civil-militar (20 anos contra 21 anos).
Pois, em 2018, com a vitória de Ronaldo Caiado para governador, no primeiro turno, rompeu-se, finalmente, o ciclo de poder do marconismo, que, de tempo novo em 1998, havia se tornado, 20 anos depois, o “novo” tempo velho.
A ascensão de Ronaldo Caiado “reabriu” a política de Goiás. O governador tende a ser reeleito em 2022, mas, em 2026, a política será “reaberta”, pois ele não poderá disputar um terceiro mandato consecutivo. Portanto, no lugar de “fechar” a política, como se dava no caso de Perillo, Caiado “reabrirá” a política do Estado à renovação.
Hábil, um dos políticos mais astutos da história estadual, Perillo está, por assim dizer, “bordejando” a política. Ao perceber que sairia “menor” se perdesse a eleição para governador, optou pela disputa do mandato de senador.
Se for eleito senador, Perillo se recolocará na política de Goiânia, recriando lanços com políticos do interior. Então, na disputa de 2026, será, por certo, candidato a governador. Como se sabe, o tucano não tem interesse real pelo Senado. O que ele quer é criar uma base de sustentação, uma espécie de micropoder, para, em segunda, ter cacife para disputar o governo do Estado daqui a quatro anos. Ele já teria prometido que, se for eleito, fica quatro anos no Senado e, depois, Jalles Fontoura e Marcos Ermírio de Moraes (o bandeirante que está “derramando” dinheiro em Goiás) assumem, cada um, dois anos do mandato.
Se for vitorioso no pleito de 2022, Perillo certamente se apresentará forte em 2026. Porém, se for derrotado — e há mesmo a possibilidade de repetir 2018, quando ficou em quinto lugar para o Senado —, o tucano sairá de circulação da disputa para o governo em 2026, talvez tendo de optar por um mandato de deputado federal (porque pode correr o risco de se tornar o Iris Rezende 2, que, ao perder em 1998, nunca mais se elegeu governador de Goiás).
Ao “abrir” a política de Goiás para a renovação, Ronaldo Caiado pode tê-la fechado de vez para a velha guarda. Em 2026, Perillo terá 63 anos, ou seja, não estará velho. Mas terá pela frente uma geração jovem, mais conectada (e contemporânea) às aspirações da sociedade.
O curioso é que uma derrota de Perillo em 2022 pode ser a pá de cal na sua carreira política para o Executivo, ao menos em nível estadual (e, insista-se, o seu percurso pode se tornar similar ao de Iris Rezende). Porém, para os jovens que estão se inserindo na política de Goiás, uma derrota serve como currículo, em termos de amostragem do que são e do que propõem, e não tem a ver, necessariamente, com a possibilidade de descenso. Os jovens estão se colocando tanto para o presente quanto para o futuro.
Então, 2022 é um trampolim para a disputa de 2024 e de 2026. O Jornal Opção lista políticos que, certamente, darão as cartas no futuro (e também no presente) de Goiás. É provável que alguns fiquem pelo caminho, apagados pelos ventos da história, mas a maioria estará nos postos principais da política de Goiás nos próximos anos.
Confira uma lista mínima, pois outros nomes, não citados, também estarão se colocando nos próximos anos. O que diz, exatamente, a lista? Que há várias alternativas a políticos que estão, por assim dizer, “superados”: Alexandre Baldy, Daniel Vilela, Adriana Accorsi, Roberto Naves, Delegado Waldir, Zacharias Calil, Pedro Sales, Edward Madureira, Flávia Morais, Jânio Darrot, Marden Júnior, Fernando Peloso, Rogério Cruz, Paulo Vitor, Renato de Castro.