Há quem defenda que a chapa governista deve ter Ronaldo Caiado, Daniel Vilela e Iris Rezende. Mas não será surpresa se o prefeito de Aparecida figurar nela

Gustavo Mendanha é mais pré-candidato a governador nas colunas dos jornais do que, de fato, está forte para a disputa. Primeiro, não tem partido. O MDB é controlado por seu presidente, Daniel Vilela. O prefeito teria chegado a manter contato para se filiar ao PRTB, o provável partido do presidente Jair Bolsonaro, mas não houve avanço algum nas negociações. Teria articulado com o PSL, mas as negociações não avançaram.

O fato é que, enquanto Gustavo Mendanha passeia pelo interior, como se estivesse em férias da Prefeitura de Aparecida de Goiânia, a cúpula do MDB, mais realista e madura, articula outro caminho — uma composição com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas. Daniel Vilela e um deputado do MDB estiveram com o gestor estadual algumas vezes e falaram sobre a sucessão. Não ficou nada fechado, pois o ex-deputado precisa consultar suas bases. Iris Rezende Machado e Agenor Mariano, para citar um político da velha e um político da jovem guarda, querem a composição. O prefeito de Aparecida, porém, tenciona, tentando puxar o presidente do MDB para outro caminho.

Mendanha tem apresentado duas hipóteses a Daniel Vilela. Primeiro, aceitaria apoiar o presidente do MDB para governador, desde que ele se defina, desde já, como candidato. Segundo, gostaria de ter o apoio do ex-deputado para disputar o governo.

Mais maduro e realista, Daniel Vilela tem pedido calma a Mendanha, que estaria “apressado” e “impaciente” — o que se atribui aos conselhos do presidente da Federação da Indústrias e Comércio de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, e ao ex-governador Marconi Perillo (comenta-se que o prefeito teria ficado irritado com o vazamento de sua conversa “secreta” com o tucano).

Por mais que Mendanha tenha sido picado pela mosca azul, acreditando nas fantasias de Sandro Mabel, persiste a possibilidade de ele, e não Daniel Vilela, ser o vice de Ronaldo Caiado. O cenário seria o seguinte: Ronaldo Caiado para governador, Mendanha para vice-governador e Iris Rezende para senador (bancado pelo grupo de Adib Elias). E Daniel Vilela? Seria candidato a deputado federal e, em 2024, seria o candidato do governismo a prefeito de Goiânia para enfrentar o prefeito Rogério Cruz, do partido Republicanos. Deduz-se, então, que a aliança estaria sendo traçada para 2022, 2024 e 2026 (quando, se na vice, Mendanha poderia disputar o governo).

Transcreve-se a seguir uma longa fala de um deputado estadual do MDB, que pediu off da fonte: “As filhas de Iris Rezende, Ana Paula e Adriana, não queriam que o pai disputasse a reeleição para prefeito de Goiânia em 2020. Entretanto, com o pai se sentindo ‘isolado’ — e pouco disposto a ‘ficar’ em suas fazendas —, as filhas, que gostam de política, notadamente Ana Paula, e Paulo Ortegal, amigo do ex-prefeito e ex-governador, articulam para que dispute o Senado, e com o apoio de Ronaldo Caiado. Perguntei a Daniel Vilela sobre uma composição, e ele disse que é possível, desde que sejam garantidas a vice para o MDB e o Senado para Iris. O entrave é realmente Gustavo [que parece não gostar de Iris Rezende], que tomou gosto pela política estadual e estaria até mesmo disposto a deixar o partido, trocando-o, por exemplo, pelo PSL ou pelo PRTB. O que posso sugerir é que, se não fosse Gustavo, a chapa, com uma aliança entre Ronaldo e o MDB, já estaria fechada. O que mais tem me impressionado é a maturidade de Daniel Vilela”.

O fato é que as peças estão em cima do tabuleiro de xadrez, o jogo começou, mas está bem no início. Não se sabe exatamente qual será a “montagem” final. O que se sabe, neste momento, é que Ronaldo Caiado permanece como favorito e, ao contrário do que dizem a Gustavo Mendanha, seu desgaste é mínimo. Não é o tipo de desgaste que pode gerar, necessariamente, uma derrota. A luta pelo governo, que se dá em 246 municípios — num Estado que é maior do que Cuba, Portugal, Israel juntos —, é muito dura. Incentivadores iniciais, aqueles mais animados, começam a abandonar a campanha assim que percebem que o postulante era fogo de palha. É isso que Daniel Vilela tem sugerido a Gustavo Mendanha, mas, adulado pelos cabeças de alfinete que vivem pendurados nas gestões públicas, o prefeito não quer ouvir.

Outro deputado do MDB, Bruno Peixoto, disse ao Jornal Opção que acredita numa composição entre Ronaldo Caiado, Daniel Vilela e Iris Rezende. “Ninguém derrota esta chapa”, sublinha o parlamentar, que é líder do governo na Assembleia Legislativa. O MDB apoia Ronaldo Caiado na Assembleia Legislativa. Portanto, é natural uma composição que as bases querem. O presidente do MDB em Anápolis, Márcio Corrêa, avalia que a composição com Ronaldo Caiado é possível. “Pelas conversas com Daniel Vilela, percebo que ele está colocando os interesses do partido acima dos projetos pessoais. Por exemplo, fica mais fácil eleger deputados federais e estaduais se o MDB estiver aliado com Caiado? Parece que sim. Então, pelas conversas com o presidente do MDB,  tenho percebido que ele está ‘jogando’ para fortalecer o partido e seus candidatos. Ele tem dito que é preciso ter responsabilidade com os candidatos do partido. Não pode deixá-los na chapada por causa de projetos que interessam mais a uma pessoa e menos ao conjunto dos membros do partido.”