Iris Rezende e Maguito Vilela eram “rivais cordiais” nas lutas emedebistas. O conflito poderá se repetir nos próximos anos com os “herdeiros” políticos

Pode pintar uma crise política entre o presidente estadual do MDB, Daniel Vilela, e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, também do MDB.

Da esquerda para direita, Daniel Vilela e Gustavo Medanha. | Foto: reprodução

O motivo é o seguinte: Gustavo Mendanha apoia a reeleição do deputado federal Professor Alcides Ribeiro, filiado ao Progressistas, mas com as malas prontas para uma mudança partidária (deve se filiar ao PL de Magda Mofatto ou ao MDB). Já Daniel Vilela pretende bancar a candidatura de um parente, o ex-deputado Leandro Vilela.

Ocorre que Leandro Vilela é de Jataí, cidade que não tem eleitorado suficiente para eleger um deputado federal. O Sudoeste goiano, onde fica Jataí, está politicamente congestionado. Rio Verde, município com maior eleitorado da região, terá pelo menos dois candidatos locais: Lissauer Vieira (que deverá se filiar ao PSD ou ao Democratas) e Heuler Cruvinel (que irá se filiar ao MDB).

Professor Alcides e Gustavo Mendanha: o candidato preferido do prefeito | Foto: Reprodução

Se fosse bancado por Aparecida de Goiânia, que tem 298 mil eleitores, Leandro Vilela teria condições de se eleger com menos dificuldade. Sem Aparecida, o ex-deputado poderá até se eleger, mas terá de triplicar seu trabalho em outros municípios.

O que se diz, entre emedebistas, é que Leandro Vilela não tem motivação política e, se depender unicamente dele, não disputará mandato em 2022.

Já a afinidade entre Professor Alcides e Gustavo Mendanha é crescente. Na disputa de 2018, entre Iris Araújo e o postulante do Progressistas, o prefeito optou pelo segundo.

Bancado por Gustavo Mendanha, o empresário Professor Alcides foi o mais votado em Aparecida, tendo recebido 16,45% dos votos válidos (32.975 votos). Iris Araújo, a candidata do MDB, ficou em 12º lugar, com 2,03% dos votos (4.075 votos).

Daniel Vilela e Leandro Vilela: o ex-deputado é o “candidato” preferido do presidente do MDB | Fotos: Reproduções

Iris Araújo ficou atrás de Professor Alcides, Delegado Waldir Soares, Zacarias Calil, Glaustin da Fokus, Elias Vaz, Francisco Jr., Fábio Sousa, Willian Ludovico, Isaura Lemos e Magda Mofatto. Noutras palavras, por falta de empenho de Gustavo Mendanha, a mulher do ex-governador de Goiás e ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende ficou segurando a lanterninha. Perdeu até para candidatos pouco competitivos, como Willian Ludovico e Isaura Lemos. Com Leandro Vilela, ou outro nome bancado por Daniel Vilela, pode ocorrer o mesmo, em 2022.

Há quem aposte que, com o tempo, vai se instalar uma disputa, ainda que relativamente sutil — como era a de Iris Rezende e Maguito Vilela (que não recebeu o apoio enfático do então prefeito na disputa de 2020) —, entre Gustavo Mendanha e Daniel Vilela pelo comando do MDB. Hoje, por ter reestruturado o partido em todas as cidades de Goiás, Daniel Vilela é o mais forte. Mas Gustavo Mendanha está se cacifando e, por isso, pretende eleger um deputado federal em 2022 — exatamente Professor Alcides Ribeiro, um milionário dono de empresas e da Universidade Alfredo Nasser (Unifan), que inclusive tem curso de Medicina, em Aparecida de Goiânia.

Hoje, Gustavo Mendanha e Daniel Vilela fazem juras de amor político. Mas, em política, não há amores eternos. Porque a disputa por espaço é um fato. Um dia, em 2022 ou 2026, os dois acabarão por se confrontar. Vai chegar a hora em que disputarão a hegemonia pelo comando do MDB e pelo direito de disputar, por exemplo, o governo de Goiás.

Há quem aposte que, como não há mais a mediação de Maguito Vilela — que faleceu —, Gustavo Mendanha vai se tornar o Iris Rezende “de” Daniel Vilela.