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Os dois se afastaram politicamente e talvez a razão seja a possibilidade de que podem disputar mandato de senador

As peças do xadrez estão se movendo. Pouco, mas estão. Leigos acreditam que os políticos estão “parados” ou que articulam tão-somente para uma eleição. Não é assim. Políticos não ficam parados e estão sempre conversando e articulando — a ressalva é que a Imprensa nem sempre fica sabendo o que está ocorrendo, porque há políticos que conseguem deixar assuntos nos bastidores — ou, como costumam dizer, “na moita”. Outrossim, 2022, que está distante, começa a ser jogado em 2020 — ou melhor, já começou em 2019.

Veja-se um exemplo. Toda a articulação do ex-ministro Alexandre Baldy, presidente do Progressistas em Goiás, tem o objetivo de dotá-lo de musculatura para a disputa do mandato de senador em 2022. No momento, ao aliar-se ao governador Ronaldo Caiado, do DEM, o secretário de Transportes Metropolitanos do governador de São Paulo, João Doria, está dizendo mais ou menos o seguinte: “Estou me cacifando para a chapa majoritária”. O líder do PP aposta que Ronaldo Caiado — dado manter a bandeira da moralidade enfeixada em suas mãos — será reeleito e, por isso, quer ficar próximo, porque pode ser “puxado” pelo líder do Democratas.

Alexandre Baldy e Daniel Vilela: o projeto de um pode esbarrar no do outro | Divulgação

O presidente do MDB em Goiás, Daniel Vilela, planeja disputar o governo. Entretanto, como é jovem e perdeu uma eleição em 2018, exatamente para governador e para Ronaldo Caiado, pode ser que apoie o senador Vanderlan Cardoso (que pode trocar o PP pelo PSD; chegou a conversar com o ex-deputado federal Vilmar Rocha, presidente regional do PSD, e com Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD) para governador. Se apoiar, Vanderlan Cardoso compõe com o MDB. Se não apoiar, não há motivo para o senador compor com o partido. Porque já é senador — foi eleito para cumprir mandato de oito anos.

O fato de que Daniel Vilela e Alexandre Baldy podem disputar mandato de senador em 2022 é o que explica o afastamento de ambos. Os dois são da mesma geração e permanecem amigos. Politicamente, porém, estão afastados. Poderão compor em 2022? Talvez. Mas a tendência é que sigam caminhos opostos — sobretudo de tiverem projetos parecidos.