Equipe teria sido vista no AlphaPark Hotel discutindo ideias para um plano de governo. A entrada de Maguito muda o jogo para 2022

“Parece” consensual que o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB), vai disputar a reeleição. Ao menos duas razões podem ser elencadas para tanto.

Iris Rezende: o prefeito de Goiânia está na lista dos candidatíssimos | Foto: Reprodução

Primeiro, Iris Rezende gosta de política e do poder (visto como sinônimo de gestão pública). Gerir uma cidade (ou um Estado) é que o decano do MDB mais aprecia na vida. Não bebe. Não fuma. Não adora viajar. Só tem um vício, se vício é: a política — em tempo integral.

Segundo, se disputar e se ganhar, fortalece o grupo do governador Ronaldo Caiado (Democratas), o que pode significar também manter o grupo do ex-governador Marconi Perillo longe do poder. Há quem acredite que a “volta” de Marconi não será com Marconi. O tucano vai patrocinar um grupo com o objetivo de, primeiro, tentar retirar Ronaldo Caiado do poder. Em seguida, alguém de seu grupo poderia ocupar mais espaço na política local. Para tanto, pode apoiar tanto o senador Vanderlan Cardoso quanto o ex-deputado federal Daniel Vilela na disputa para o governo em 2022. Dependendo das circunstâncias, poderá ser um apoio velado ou declarado.

Assim como Ronaldo Caiado, Iris Rezende não quer o retorno — direta ou indiretamente — do marconismo ao poder em termos estaduais.

O leitor deve ter percebido que este texto começou com a palavra “parece”. Explicaremos a seguir do que se trata.

Maguito defende conciliação no MDB
Maguito Vilela: de olho na disputa pela Prefeitura de Goiânia, mas não planeja “atropelar” o prefeito Iris Rezende| Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Por mais que Iris Rezende pareça estabelecido, ou restabelecido, como candidato a prefeito — até já ser o gestor da capital, se torna uma espécie de candidato natural —, há movimentações políticas que sugerem que há outros projetos em curso.

Recentemente, um empresário relatou ao Jornal Opção: “Estive no AlphaPark Hotel, nas imediações do condomínio Alphaville e da Academia Flex, em Goiânia, e encontrei um grupo de políticos e técnicos supostamente ligados ao ex-governador e ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela. Conversei rapidamente com eles e perguntei se haveria no local algum encontro partidário. Um deles me disse, sem pedir segredo, que estavam se reunindo para começar a tratativas de elaboração de um plano de governo para Maguito Vilela disputar a Prefeitura de Goiânia”.

Com a informação, um repórter do Jornal Opção sondou seis políticos do MDB, quatro vilelistas e dois iristas.

Wilder Morais, Iris Rezende e Ronaldo Caiado: o jogo envolve tanto 2020 quanto 2022 | Foto: Reprodução

Os iristas reafirmam que Iris Rezende deve ser candidato à reeleição. “A família não é contra que ele dispute. Ana Paula Rezende, a filha mais próxima, porque o acompanha na prefeitura, sugere que o pai, que ama a política, deve fazer aquilo que avalia que é melhor para ele. Adriana Rezende, até por ser médica, teme que o pai dispute por causa da pandemia do novo coronavírus. No entanto, se quiser disputar, toda a família se empenhará no seu projeto. Portanto, Iris só não será candidato se não quiser. Uma coisa é certa: ele quer continuar como prefeito. Só não sei se quer participar de uma campanha política. Trata-se de uma contradição”, afirma um irista que acompanha Iris Rezende há anos, muitos anos. De outro irista: “Ao contrário do que comumente se pensa, Iris examina as pesquisas cuidadosamente. No momento, está verificando sua rejeição e seus motivos”.

Os vilelistas não confirmam que uma equipe de Maguito Vilela está elaborando um plano de governo. Mas admitem que o ex-governador tem vontade de disputar mandato de prefeito em Goiânia — desde que conte com o apoio de Iris Rezende.

Adriana Accorsi e Neyde Aparecida: o PT tem pré-candidata em Goiânia, mas poderia conversar com Maguito Vilela? | Foto: Reprodução

Há quem aposte que, se Maguito Vilela, entrar no páreo, o quadro político mudará completamente. Se o candidato do MDB for Iris Rezende, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do Democratas, tende a retirar o candidato do PSC, Wilder Morais, e a colocá-lo na vice do emedebista. No entanto, se o candidato for Maguito Vilela, o gestor estadual pode mudar inteiramente sua tática política — escalando o médico e deputado federal Zacharias Calil (DEM) para a disputa da prefeitura, possivelmente com Wilder Morais de vice. Por que a mudança? Porque a eleição de 2020, ao menos a de Goiânia, joga, de maneira decisiva, a eleição para governador em 2022. Se Maguito Vilela for eleito, Ronaldo Caiado não terá um aliado em Goiânia, e sim um rival poderoso, que tanto poderá apoiar seu filho, Daniel Vilela (presidente do MDB), quanto o senador Vanderlan Cardoso, do PSD, para governador. Se o eleito for Iris Rezende, o governador ficará tranquilo, porque se trata de um aliado.

A entrada de Maguito Vilela no jogo põe, de cara, 2022 no jogo político. Para obter o apoio de Vanderlan Cardoso, que tem peso político na capital, o vilelismo poderia oferecer apoio ao senador para que dispute o governo do Estado daqui há dois anos e alguns meses. O MDB poderia indicar o vice ou o candidato a senador. Poderia escalar Daniel Vilela para a chapa majoritária — talvez para o Senado ou então na vice. Há duas outras possibilidades.

Primeira: o PSDB tem candidato a prefeito em Goiânia — trata-se do deputado estadual Talles Barreto. Mas, se Maguito Vilela entrar no páreo, não se deve descartar a hipótese de o alto tucanato — leia-se Marconi Perillo e o presidente do partido, Jânio Darrot — apoiá-lo. Com qual objetivo? Contribuir para uma possível vitória no primeiro turno e, sobretudo, para criar uma cunha oposicionista ao governador Ronaldo Caiado na capital do Estado, quer dizer, na principal cidade goiana (quase 1 milhão de eleitores), cujo ambiente político reverbera em todas as regiões goianas. Uma oposição forte em Goiânia pode significar, deste ponto de vista, um governo politicamente um pouco mais fraco… para 2022.

Segunda: o PT tem uma pré-candidata definida em Goiânia. Trata-se da deputada estadual Adriana Accorsi, que, com Vanderlan Cardoso fora do páreo — substituído pelo deputado federal Francisco Júnior (PSD) —, aparece muito bem nas pesquisas. Há petistas, como a presidente metropolitana do partido, a ex-deputada federal Neyde Aparecida, que mantêm relacionamento cordial com Maguito Vilela. Significa que o PT apoiará Maguito Vilela para prefeito? Não necessariamente.

As instâncias democráticas do PT são muito fortes, portanto as decisões coletivas sobrepõem-se aos desejos individuais. Adriana Accorsi só sai do páreo se o partido decidir, de maneira unânime. No momento, ela é a pré-candidata — noutras palavras, a candidata. Mas, pensando em colocar um contraponto em Goiânia, para fortalecer as esquerdas — Maguito Vilela sempre manteve relacionamento estreito com as esquerdas —, pode apoiar o emedebista? Até pode. Mas petistas ouvidos pelo Jornal Opção disseram a mesma coisa: não acreditam na candidatura de Maguito Vilela. Apostam que o MDB vai bancar, mais uma vez, Iris Rezende. Mas admitem que, se o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia entrar no jogo, admitem dialogar com ele.