Ideia é governar por aplicativos, mas existem barreiras na legislação e no preço de desenvolver os softwares

“Inteligência Artificial”, o filme de Steven Spielberg, foi lançado no Brasil em 2001. As primeiras experiências na área têm quase meio século. “Está na hora de a IA se estabelecer na administração pública de Goiânia. Inclusive, em cargos de primeiro escalão”, recomenda o jornalista e advogado Nilson Gomes, que escreve sobre tecnologia.

Para ele, a chegada da quinta geração da Internet móvel, o já famoso 5G, pode remover dois obstáculos, os custos e a demora para desenvolver os softwares de implantação.

Nilson é pré-candidato a prefeito de Goiânia pelo Democratas e diz que a inovação vai tornar viável aumentar arrecadação sem injustiças nem terror fiscal, melhorar os serviços entregues à população, fiscalizar com eficiência. “Tudo isso sem inchar ainda mais a folha de pagamento”, garante o jornalista.

Os secretários municipais poderão ser softwares? Nilson Gomes responde “sim” verbalmente, com a cabeça e a mão (estica o polegar, encolhe os demais dedos, como o ícone de afirmação no WhatsApp e curtida no Facebook). Tanta certeza tem um parâmetro: “Não é que a máquina vá substituir a pessoa, mas a pessoa vai treinar a máquina para agir. É assim na indústria, nos serviços e já em alguns governos, com excelentes resultados”.

A hora do trio ESG

A primeira missão da IA em Goiânia seria cuidar do trio ambiental, social e governança (ESG, para a sigla em Inglês).

No meio ambiente, se encarregar de medição de poluentes, reaproveitamento de resíduos sólidos e a legalidade das licenças.

No social estaria grande tarefa da I.A: “A política pública social em Goiânia deve priorizar dois polos, gerar empregos e empresas, salvar empregos e empresas”. Onde entraria a tecnologia? “Em tudo. Com inteligência artificial, vamos atrás de quem deve para a Prefeitura e fiscalizar a arrecadação de tributos”.

Nilson assegura: “O dinheiro que entrar será usado para financiar a abertura e manutenção de MEIs (microempreendedores individuais), pequenas e microempresas”.

A arrecadação vai subir, ele estima, “sem terror fiscal, mas com mecanismos modernos”.

Suas dúvidas: “Como questionar corporações altamente sofisticadas, como bancos e cartórios, com fiscalização quase analógica? Como fazer a mineração de dados tão avançados?”, indaga se referindo a data mining, sistema de prospecção de informações típico da inteligência artificial. E responde às duas indagações com duas letras: “I.A”.

Na governança, o G do ESG, estão as maiores novidades pretendidas por Nilson Gomes para a chegada do outro G, o da quinta geração da Internet.

Salvador e Goiás

Duas novidades que deseja implantar em Goiânia, uma importada de Salvador e outra do Governo de Goiás, dependem de tecnologia. Uma é o projeto Bairro-Cidade, ideia de ACM Neto na capital baiana:

“Neto é o melhor prefeito do Brasil graças a iniciativas pioneiras nas áreas de mobilidade e tecnologia”.

O planejamento é dividir Goiânia em 32 subprefeituras de 50 mil habitantes, os bairros com estrutura completa de cidade. Nilson tem na palma da mão o nome dos ocupantes das funções: “Os subprefeitos serão aplicativos, que resolvem tudo, não tiram folga, não matam serviço, estão disponíveis 24 horas todos os dias e tratam bem os usuários”.

O governador Ronaldo Caiado foi o primeiro do País a adotar o compliance público na gestão. Os efeitos aparecem na transparência dos atos e na honestidade, incidindo na eficiência. Caso se eleja prefeito, Nilson almeja levar “o case bem-sucedido do governador Caiado” para o município.

Nilson Gomes: serviços melhores só com a modernização tecnológica da prefeitura | Foto: Divulgação

Como fazer

Nilson reconhece que “não será fácil” mudar tão radicalmente as práticas administrativas. “Algum dia Goiânia teria de começar a ser governada como o primeiríssimo mundo e esse dia será 1º de janeiro de 2021”, crê o otimista pré-candidato.

“Serão medidas revolucionárias, mas os servidores e os usuários dos serviços têm discernimento suficiente e vão se adaptar”.

Dá o exemplo de mídias sociais e aplicativos: “De crianças a pessoas com 90 anos, todos aprendem rapidamente. Velhinhas passam horas no Insta, no Face e no Zap. Imagine essa quarentena sem o celular, Google, Netflix, Zoom e TikTok para os adolescentes…”.

Robô não é rapaz

Os imbróglios de verdade estão sendo estudados desde agora: “Inteligência artificial é cara e demora, mas está cada vez mais acessível em tempo e dinheiro. Robô não é igual àquele menino do filme (David, papel de Haley Joel Osment). Pode ser programado para amar, igual a ele, mas não naquele formato”. Os robôs essenciais às gestões ficam invisíveis aos olhos.

É mais uma solução que Nilson Gomes traz de Salvador: “Neto reaproveitou contêineres que iam pro lixo, fez coworking público e deu às startups a possibilidade de contribuir na administração da cidade. É disso que Goiânia e seus jovens precisam”.

Nilson anuncia a implantação de 10 hubs de inovação e 80 coworkings espalhados pelas 32 regionais. Hubs são locais que reúnem startups (empresas, geralmente de tecnologia, iniciantes) e outras iniciativas, como os coworkings (espaços compartilhados).

A sede do Executivo de Goiânia é o Paço Municipal, às margens da BR-153, saída para São Paulo. O jornalista diz que vai transformar o prédio na “maior hub de inovação do País”.

Os conceitos, mais uma vez, Nilson pegou de Salvador, que aderiu às boas práticas semeadas pelas Nações Unidas: “Goiânia vai ser Cidade Inteligente e resiliente, Capital Brasileira da Tecnologia Social, cumprindo sua parte dos objetivos de desenvolvimento sustentável, os ODS”.

O desafio da inteligência artificial na gestão será levado a parcerias com faculdades, como ocorreu no Pernambuco, e aos coworkings, modelo de Neto em Salvador.