Chapa pode ter Caiado pra governador, Lissauer na vice e Daniel Vilela pra senador
06 junho 2021 às 00h01
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Ainda é cedo para definições, por isso todos os políticos de proa estão jogando. Mas a chapa majoritária governista pode ter os três políticos
Como se define o postulante a vice e o candidato a senador numa chapa majoritária?
A definição do vice é um mix de composição política e da vontade do governador do Estado. Já a escolha do candidato ao Senado deriva unicamente de composição política.
No momento, para a composição da chapa majoritária do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (Democratas), há vários nomes posicionados para o Senado, em ordem alfabética: Alexandre Baldy (aposta do prefeito de Anápolis, Roberto Naves), do Progressistas; Daniel Vilela, do MDB; Henrique Meirelles (bancado pelo senador Vanderlan Cardoso), João Campos (bancado pelo partido Republicanos e pelo prefeito de Goiânia, Rogério Cruz) e Luiz Carlos do Carmo, do MDB.
Alexandre Baldy é ex-ministro, mas, dado contencioso recente com o governador Ronaldo Caiado, pode ficar fora da chapa. Frise-se que é um jogador hábil. Daniel Vilela tem a força do MDB enfeixada nas mãos. Ele é o presidente do partido e deve ser mantido no cargo, em março do próximo ano. Henrique Meireles foi presidente do Banco Central e ministro da Fazenda. Os drummonds no seu caminho são o meio-campo congestionado de pré-candidatos e o fato de ser visto como uma espécie de “estrangeiro”, um neo-bandeirante. João Campos tem o apoio de setores significativos do meio evangélico (como a Igreja Universal e a Assembleia de Deus-Ministério Vila Nova) e é bancado pelo prefeito Rogério Cruz, responsável por um terço do PIB econômico e eleitoral de Goiás. Luiz Carlos do Carmo é senador, mas o MDB, se for para a chapa majoritária, por certo indicará outro nome.
A disputa para a vice tem algumas conotações. Porque se Ronaldo Caiado for reeleito, a tendência é que seu vice assuma o governo, em abril de 2026, e se tornará o candidato natural da base governista. Daí a disputa pela vice ser intensa. Há vários nomes cotados, em ordem alfabética: Adib Elias, do Podemos; Daniel Vilela, do MDB; Gustavo Mendanha, do MDB; Lincoln Tejota (frise-se: o vice-governador não está descartado), do Cidadania; Lissauer Vieira, do PSB (a caminho do PTB, do PL ou do Democratas); e Roberto Naves, do partido Progressistas.
O vice, portanto, tem de ser um político que, uma vez assumindo o governo, em 2026, não represente uma ruptura com o grupo de Ronaldo Caiado. Tem de ser um aliado de fato. Por isso, no momento, o mais cotado para vice é o presidente da Assembleia, Lissauer Vieira.
No Legislativo, e sem ferir sua autonomia, Lissauer Vieira, um diplomata, tem contribuído para os projetos do governo deslancharem. Num momento de crise, com uma pandemia que já devorou 471 mil pessoas em todo o Brasil, uma convivência harmônica entre Executivo e Legislativo facilita a ação do governo. O presidente da AL tem sido um aliado republicano tanto de Ronaldo Caiado quanto de Goiás. Ele é visto como moderado e articulador hábil. Portanto, tem o perfil adequado para vice. E, acrescente-se, é visto pelo governador como “competente” e “confiável”.
Se Lissauer Vieira for o vice, como o quadro está se desenhando, a tendência é que a vaga do Senado fique para um emedebista — Iris Rezende ou Daniel Vilela. Quanto aos outros partidos, o governador Ronaldo Caiado se empenhará, por certo, por fortalecer suas bases parlamentares.
Agora, se Daniel Vilela for indicado para a vice, a tendência é que o Republicanos, de Joao Campos, ou o PSD, de Henrique Meirelles, fique com a vaga para a disputa de mandato de senador. Frise-se: tendência.
O fato é que, a um ano e quatro meses das eleições, o quadro político está aberto, ou melhor, abertíssimo. Porque, no momento, ninguém fechará acordos definitivos. O que há são “cartas de intenção”, projetos de “noivados”. As definições, quer queiram ou não alguns, só ocorrerão a partir de abril de 2022. Acordos feitos a partir desta data tendem a prevalecer. Acordos feitos agora, em 2021, tendem a soçobrar. Por isso, Daniel Vilela e Ronaldo Caiado, embora estejam conversando com frequência, ainda não fecharam nenhum pacto. Os dois estão com as portas abertas — não se arromba portas abertas — e sabem que, a rigor, não são adversários políticos. Os verdadeiros adversários do MDB estão em outros fronts e, no momento, tentam usar — aliás, estão usando — um jovem político do MDB como “massa de manobra”.