Candidata a senadora, Gracinha Caiado tende a ser eleita e a puxar votos para Daniel Vilela
02 abril 2023 às 00h36
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Atribui-se ao mineiro Tancredo Neves a frase “não há cedo em política — só tarde”. Isto remete à tese de que o futuro, a rigor, não existe, porque, no fundo, é o presente represado. Quer dizer, sua construção não se dá lá adiante, e sim no presente.
Veja-se o caso da disputa eleitoral de 2026. Ela começa realmente naquele ano? Não. Na verdade, já está em jogo. E mais: duas mulheres certamente serão players, entre 2024 e 2026 — Ana Paula Rezende, do MDB, e Gracinha Caiado, do União Brasil. A primeira é filha de Iris Rezende. A segunda é mulher do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil.
Ana Paula Rezende é cotada para disputar a Prefeitura de Goiânia, e tem chance de ser eleita, sobretudo porque, há, no momento, um vazio político na capital. Tanto que uma pesquisa, encomendada por um pré-candidato, sugere que os eleitores da capital estão pensando, desde já, na figura de um gestor — do estilo de Iris Rezende. O que se busca é uma espécie de novo Iris Rezende. Deste modo, crescem as chances da empresária.
Se Ana Paula Rezende for eleita, os grupos que estão no poder no Estado, liderados por Ronaldo Caiado e pelo vice-governador Daniel Vilela (MDB), sairão fortalecidos para a disputa de 2026.
Há, também, uma questão nova, que mexe no jogo político: Gracinha Caiado é cotada para disputar uma vaga no Senado em 2026. Ronaldo Caiado tende a disputar a Presidência da República. Como há um vácuo político na direita, dado o desgaste político do ex-presidente Jair Bolsonaro, há um espaço — uma larga avenida — para um postulante da centro-direita que, civilizado e progressista, seja respeitado pela sociedade.
Costuma se ouvir: “Gracinha gosta de política”. É mais complexo: ela entende de política, sabe avaliar, com presteza, táticas e estratégias.
Ao contrário de algumas primeiras-damas, Gracinha Caiado é uma formuladora e é popular. Nas campanhas, mostra um discurso afiado e, sobretudo, alta conexão com as lideranças do interior e da capital. Os líderes a apreciam porque sabem que, além de conteúdo, tem autoridade.
Os programas sociais do governo de Goiás têm o dedo de Gracinha Caiado. São mais do que assistenciais porque ela tem uma visão inclusiva da questão social. Não quer só assistir, quer incluir de fato — criar cidadãos.
Na disputa de 2022, para citar a mais recente, muitos políticos que acompanharam Ronaldo Caiado ao interior ficaram impressionados com a popularidade de Gracinha Caiado. Um dos motivos são os programas sociais. O outro é que, quando firma compromissos, eles saem do papel e as pessoas são realmente atendidas. Os prefeitos e prefeitas gostam disso: da seriedade com a coisa pública, com o caráter republicano da gestão estadual.
Portanto, pode-se resumir as cousas assim: Gracinha Caiado está pronta para a política — para uma disputa eleitoral — e a política está pronta para Gracinha Caiado. Se candidata a senadora, tende a ser a mais votada — e puxando o segundo voto dos demais candidatos.
Em 2026, a tendência é que Daniel Vilela seja o candidato a governador apoiado por Ronaldo Caiado e sua base política (há também o senador Wilder Morais, que também planeja disputar o governo).
Se Ronaldo Caiado deixar o governo para disputar a Presidência da República, em abril de 2026, Daniel Vilela assumirá o governo e, daí, se tornará o candidato natural da base.
Porém, se Ronaldo Caiado tiver de costurar uma campanha nacional, que envolve circular por todos os Estados — e num país continental, portanto gigante —, Daniel Vilela perderá seu principal general eleitoral, que é um ás nas campanhas. O que fazer?
Gracinha Caiado, além de sua própria presença, também representará Ronaldo Caiado na disputa de 2026 — como candidata e articuladora. Então, pode-se sugerir que a campanha de Daniel Vilela vai precisar da energia pessoal e da firmeza política da primeira-dama. Ela tende a ser a grande puxadora de votos da campanha.
O fato de Gracinha Caiado disputar uma vaga no Senado libera a vice para a articulação política — além, é claro, da outra vaga para senador (que pode ficar com o pP do prefeito de Anápolis, Roberto Naves, e do presidente da Agehab, Alexandre Baldy).
Gracinha Caiado não tem arestas políticas e, por isso, não há restrições ao seu nome. Ao saber que pode disputar mandato de senadora, as bases governistas se manifestaram favoravelmente. É uma política que motiva as bases porque tem expectativa real de poder, ou seja, de ser eleita.
Há vários fiadores da possível candidatura de Gracinha Caiado. Cita-se a seguir apenas alguns: Bruno Peixoto, presidente da Assembleia Legislativa de Goiás; prefeitos Paulo Vitor, de Jaraguá, e Pablo Geovani, de Campos Belos, e os deputados Renato de Castro (de Goianésia), Vivian Naves (de Anápolis) e Wilde Cambão (de Luziânia).
O MDB de Daniel Vilela certamente a apoiará, com entusiasmo. Porque sabe que, notável nas campanhas, Gracinha Caiado fortalecerá a postulação de Daniel Vilela.
Havia, até pouco tempo, um protagonista para a disputa de 2026 (considerando que Ronaldo Caiado vai para o plano nacional) — Daniel Vilela. Agora, a base governista tem dois protagonistas: Daniel Vilela e Gracinha Caiado. Portanto, ficou mais forte. Unidos, os dois só têm a ganhar. Assim como o Estado de Goiás. (E.F.B.)