Caiado terá PSDB, PT e parte do MDB na oposição. A mais sólida cacifa-se para 2022

21 outubro 2018 às 00h00

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Por uma questão de sobrevivência, tucanato tende a radicalizar-se. Daniel Vilela, se for disputar em 2022, precisa manter-se no campo oposicionista

O senador Ronaldo Caiado assume o governo daqui a dois meses e dez dias. Um pulinho. Começa-se a falar sobre os movimentos das oposições — no plural, e não no singular. Porque as divergências em relação ao governo do líder do Democratas serão manifestadas de modos diferentes pelo PSDB, pelo PT e por parcela do MDB.
Parte do MDB compôs com Ronaldo Caiado, desde a campanha eleitoral, e, no momento, trabalha para “puxar” a outra parte para bancar o governo. Adib Elias, Renato de Castro, Ernesto Roller e Paulo do Vale, prefeitos de Catalão, Goianésia, Formosa e Rio Verde, são caiadistas desde a primeira hora. O deputado estadual reeleito Bruno Peixoto já compôs. Humberto Aidar está prestes a compor. Paulo Cezar Martins, do grupo de Maguito Vilela e Daniel Vilela, ainda não compôs.
O grupo de Maguito e Daniel Vilela manifesta o desejo de ser oposição ao governo de Ronaldo Caiado. Numa entrevista, Maguito Vilela sublinhou que os eleitores colocaram o MDB na oposição. Se a oposição for radical — e não branda — será travada uma guerra mortal entre a frente liderada por Adib Elias e a frente dirigida por Daniel Vilela pelo controle do partido. O vilelismo conclui, com razão, que precisa ficar na oposição, pois pretende disputar o governo de Goiás em 2022 e possivelmente será contra Ronaldo Caiado. Se apoiar o governo, não terá como apresentar um discurso de oposição na próxima eleição. Trata-se de realpolitik. Um vilelista disse ao Jornal Opção: “Adib Elias quer ser vice de Ronaldo Caiado em 2022, por isso quer levar todo o MDB para apoiá-lo. Nós discordamos e vamos trabalhar para manter o partido como força independente ao governo. Não vamos fazer oposição radical e raivosa, mas vamos criticar aquilo que não estiver funcionando”.
A oposição petista tende a ser no campo corporativista. Quer dizer, vai tentar fazer a defesa do funcionalismo público e das entidades sindicais. O petismo avalia que Ronaldo Caiado vai ter dificuldades com a folha de pagamento dos servidores e, sobretudo, com o cumprimento dos planos de cargos e salários. Daí vão encampar as lutas dos trabalhadores. O PT também pretende fazer a oposição ideológica ao governador. Porque, no espectro ideológico, o DEM é um dos principais adversários do Partido dos Trabalhadores. “Nós vamos ficar ao lado dos funcionários públicos e não vamos tolerar perdas salariais e nenhuma desvalorização profissional deles”, frisa um ex-deputado. Mauro Rubem, mesmo não tendo sido eleito deputado, será um dos escalados para acompanhar as relações do governo com os servidores. Os deputados Adriana Accorsi e Antônio Gomide, recém-eleito, farão o contraponto na Assembleia Legislativa.
A oposição mais agressiva tende a ser do PSDB? Talvez não. Primeiro, o partido só tem um deputado federal e seis deputados estaduais. Segundo, a maioria dos parlamentares eleitos tem seus interesses e não vai fazer uma oposição desbragada ao governo de Ronaldo Caiado. Terceiro, os prefeitos tucanos rejeitam um confronto radical porque temem retaliação do governo de Caiado. Mas a corrente do ex-governador Marconi Perillo, liderada possivelmente por Jardel Sebba, deve fazer uma oposição sólida ao governo do democrata. Porque, se não fizer, assistirá, provavelmente, Daniel Vilela assumir o posto de “primeiro oposicionista” a Ronaldo Caiado — o que pode fazer a diferença na disputa de 2022.
O certo é que o PSDB fica na oposição, até por uma questão de sobrevivência. Se não fizer oposição, soçobra. E, claro, não há espaço para tucanos no governo de Ronaldo Caiado.