Jânio Darrot e Marconi Perillo, os nomes mais citados das oposições, são pesos-leves para a batalha eleitoral daqui a um ano e seis meses

Usain Bolt: o rei das medalhas de ouro | Foto: Reprodução

Pense em Usain Bolt. Quando os demais estavam chegando, o velocista jamaicano já estava comemorando — à espera da medalha de ouro. Seus adversários sabiam, de antemão, que estavam disputando duas medalhas — a de bronze e a de prata. Nunca a de ouro.

Pois é: o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas, é o Usain Bolt da política. Ganhou no primeiro turno em 2018 — com uma diferença abissal. O líder do partido Democratas recebeu 1.773.185 votos (59,73%). O segundo colocado, Daniel Vilela, do MDB, conquistou 479.180 votos (16,14%). José Eliton (então governador), do PSDB, ficou com 407.507 votos (13,73%), em terceiro lugar. Juntos, o emedebista e o tucano obtiveram apenas a metade dos votos do democrata.

Governador Ronaldo Caiado: favorito para a disputa de 2022 | Foto: Divulgação

No momento — vale ressaltar que esquemas orgânicos das redes sociais não representam a voz real dos eleitores —, Ronaldo Caiado é o favorito para a reeleição. A rigor, os partidos estão com dificuldade para formatar chapas para enfrentá-lo, daqui a um ano e seis meses (e as desincompatibilizações começam daqui a um ano e três meses).

Duas questões fortalecem Ronaldo Caiado. Primeiro, depois de dois anos e três meses de governo, sua imagem de retidão moral está inteiramente preservada. Os eleitores apreciam isto.  Segundo, desde o início da pandemia do novo coronavírus, cristalizou-se a imagem de um líder que age mais como gestor, preocupado com a vida de todos, do que como político que pensa em primeiro lugar em eleições. Em nenhum momento, mesmo quando aconselhado a moderar-se, cedeu ao populismo. A tese de que vidas importam é central no seu ideário. Apesar da crise, que é nacional e abalou toda a economia, os funcionários públicos e fornecedores estão recebendo corretamente. Não há caos no Estado. A segurança pública melhorou e chega a ser comentada por motoristas de táxi e Uber. A educação se tornou referência nacional.

Chegou-se a comentar, no meio político, que Ronaldo Caiado poderia vencer, em 2022, por W.O. Mas em disputas estaduais não se vence por W.O. Por isso, aos poucos, as oposições começam a se movimentar.

O Patriota de Jânio Darrot

O ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot saiu na frente. Trocou o PSDB — partido que, se fosse uma empresa, sua falência já teria sido decretada — pelo Patriota e está se movimentando politicamente, conversando com lideranças estaduais e municipais. Muitos prefeitos do PSDB devem acompanhá-lo na campanha.

Jânio Darrot: jeitão de segundo colocado | Foto: Fernando Leite/Jornal Opção

Jânio Darrot teve uma longa conversa com o deputado federal Delegado Waldir Soares, presidente estadual do PSL. O parlamentar quer disputar mandato de senador e o Patriota deve bancá-lo. Na agenda do ex-prefeito de Trindade há o registro, segundo Jorcelino Braga — presidente estadual do Patriota —, de que conversará com o deputado federal Zacharias Calil, do partido Democratas. Zacharias Calil não faz questão de esconder que está insatisfeito com o DEM, porque planeja ser candidato a senador, mas o partido nem mesmo aceita discutir o assunto com ele. Porque, como Ronaldo Caiado pertence ao Democratas e será candidato à reeleição, não haverá vaga, na chapa majoritária, para outro integrante do partido. Como o projeto do médico para 2022 é disputar uma vaga no Senado, ele vai conversar com líderes de outros partidos. Ele foi colega do veterinário Jânio Darrot na Universidade Federal de Goiás — os cursos de Medicina e Medicina Veterinária tinham um básico comum.

O problema do Patriota é a falta de estrutura no interior. Mas uma aliança com o PSL de Delegado Waldir contribuirá para aumentar tanto o seu tempo de televisão quanto as finanças para a campanha. Os fundos partidário e eleitoral do PSL estão entre os maiores do país.

O MDB de Daniel Vilela e Mendanha

Daniel Vilela: pinta de vice em 2022 | Foto: Facebook

A incógnita é o MDB de Daniel Vilela. Publicamente, o presidente do partido afirma que vai ficar na oposição e que deve disputar o governo em 2022. Porém, em reuniões privadas com aliados, admite a possibilidade de uma aliança com o governador Ronaldo Caiado — tanto para ser vice quanto para ser candidato a senador. As bases pressionam para uma composição, sugerindo que, por ser jovem, Daniel Vilela pode disputar o governo em 2026. Por exemplo: se for vice de Ronaldo Caiado e este for reeleito, a tendência é que deixe o governo, em 2026, para disputar mandato de senador. O vice assume e, no dia seguinte, se torna candidato natural a governador. É evidente que um político da estirpe de Daniel Vilela não trabalha tão-somente com uma perspectiva eleitoral. Mas uma aliança com Ronaldo Caiado, além de factível, é, no momento, a que mais fortalece o jovem político.

O MDB interessa a Ronaldo Caiado porque conta com uma estrutura poderosa em todo o Estado — além de ter em seus quadros dois mais promissores jovens líderes de Goiás: Daniel Vilela e Gustavo Mendanha. Sobretudo, retirado o MDB do páreo, as oposições ficam ainda mais enfraquecidas. Noutras palavras, a vitória do governador, no primeiro turno, pode ser ainda mais acachapante. Claro que há resistências em nichos do governismo a uma aliança com Daniel Vilela, mas o pragmatismo político sempre fala mais alto.

Marconi Perillo é a opção tucana
Marconi Perillo: é mais vergonhoso perder para deputado federal do que para governador | Foto: Divulgação

O PSDB é o que se pode chamar de “zumbi” dos partidos políticos. Há quatro pré-candidatos a governador — Marconi Perillo, José Eliton, Paulinho Rezende e Valmir Pedro. Mas, a rigor, não há nenhum. Porque os quatro não querem disputar o governo. Valmir Pedro não deixará a Prefeitura de Uruaçu em troca de uma aventura. A Paulinho Rezende falta capilaridade eleitoral no Estado, embora seja conhecido pelo fato de ser presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM). José Eliton, se tivesse uma disputa para “governador do PSDB” perderia para qualquer um — agora mesmo o cesarista Marconi Perillo teve de impor seu nome para presidente do PSDB.

A situação de Marconi Perillo é complicada, mas, apesar do desgaste, é o nome mais sólido do partido, porque tem referências, história. Um tucano disse ao Jornal Opção: “Marconi pode disputar mandato de deputado federal, mas pode não ser eleito. Portanto, é muito mais feio perder para deputado do que para governador. Por isso, ele poderá acabar disputando um cargo executivo”.

O que experts avaliam é que o PSDB vai tentar sair da série C para a série B na disputa de 2022. Para, em 2026, tentar disputar a série A. Noutras palavras, o que estão dizendo é que na eleição de 2022 o desgaste do PSDB e de seus principais nomes, como Marconi Perillo — que chegou a ser preso (a carga simbólica disso é imensa) —, ainda estará valendo.

PT só quer criar palanque para Lula ou Haddad
Katia Maria: prioridade é tentar eleger o presidente da República | Foto: Divulgação

O PT já definiu seu jogo: vai apoiar aquele candidato, desde que não seja de direita, que subir no palanque presidencial de Lula da Silva — ou Fernando Haddad — em 2022. Se nenhum subir, o partido banca, para cumprir tabela, Kátia Maria ou qualquer outro nome. Só para cumprir tabela. As eleições estaduais serão sacrificadas, em vários Estados, para criar viabilidade eleitoral para o candidato presidencial do petismo.

Um líder do PT afirma que o partido tem preferência por Daniel Vilela. “Primeiro, porque o MDB não é um partido de direita. Segundo, é o que tem mais ligação com o PT em Goiás. Terceiro, o partido já apoiou os governos de Lula e de Dilma Rousseff.”