Caiado deve operar o lançamento de candidato para enfrentar Gomide em Anápolis

23 julho 2023 às 00h03

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Se Ronaldo Caiado, do União Brasil, vai apoiar o candidato de Daniel Vilela, do MDB, em Aparecida, será realista supor que o vice-governador irá apoiar o candidato do governador em Anápolis.
O PL tem três grandes nomes para a disputa das três principais prefeituras de Goiás em 2024: Gustavo Gayer, deputado federal, Major Vitor Hugo, ex-deputado federal, e Professor Alcides Ribeiro, deputado federal.
Gustavo Gayer articula em Goiânia, Professor Alcides em Aparecida e Major Vitor Hugo em Anápolis.


O que se comenta é que União Brasil e PL poderão fazer uma, digamos, “troca” política em Goiânia e Anápolis. Seria, em tese, assim: em Goiânia, o PL retiraria a candidatura de Gustavo Gayer e apoiaria a candidatura de Bruno Peixoto (ou Ana Paula Rezende, do MDB), do União Brasil, bancando, possivelmente, o vice. Seria articulado um frentão contra o senador Vanderlan Cardoso, do PSD. Em Anápolis, o quadro se inverteria — com o PL bancando o candidato a prefeito, Major Vitor Hugo, com o União Brasil bancando o vice.
Está definido? Não. Mas o ex-presidente Jair Bolsonaro, que decidiu operar na política de Goiás, está articulando uma aproximação entre o PL e o União Brasil.

O governador Ronaldo Caiado nunca deu nenhuma declaração a respeito. Mas poderá apoiar tal articulação? É provável. Recentemente, Bolsonaro esteve no Palácio das Esmeraldas — onde chegou a dormir por uma noite — e conversou demoradamente com o gestor goiano. A conversa foi bem amistosa, de acordo com um aliado do ex-presidente.
Comenta-se que Ronaldo Caiado, que é de Anápolis, vai definir o nome do candidato da base governista no município. Mas uma articulação envolvendo Goiânia e Anápolis — que pode resultar no controle de duas das principais bases eleitorais de Goiás — é realista.
Entretanto, como ficam o vice-governador Daniel Vilela (MDB) e seu pupilo Márcio Corrêa (MDB)? É provável que, pensando em Goiânia e Anápolis e em 2026, o presidente do MDB recue da decisão de lançar candidato a prefeito em Anápolis.

Márcio Corrêa aceitará ser vice de Major Vitor Hugo? Muito difícil, mas não improvável. Empresário, apesar dos arroubos de jovem, é realista. Para ajudar Daniel Vilela — o vice-governador o colocou na política —, que planeja disputar o governo do Estado em 2026, poderá aceitar a composição que, apesar de complicada, é possível. Está no campo da razoabilidade política.
Márcio Corrêa tem dito a aliados que poderá ser vice de Antônio Gomide ou até candidato a prefeito pelo PT? Não. Até porque é pouco provável, porque, politicamente, o empresário é de direita e bolsonarista. O PT não o engoliria, exceto como vice e filiado num partido como o PSB do ex-deputado federal Elias Vaz e do senador Jorge Kajuru.
Há quem postule que, se não fechar com o governador Ronaldo Caiado, o candidato do PL a prefeito de Anápolis pode ser Márcio Corrêa, que tem conversado, com frequência, com Major Vitor Hugo (mais) e Wilder Morais (menos). De fato, embora seja muito ligado a Daniel Vilela, Márcio Corrêa tem revelado certo desconforto no MDB.
Sobretudo, se Ronaldo Caiado bancar um candidato na cidade, com o apoio do prefeito Roberto Naves, do pP, Márcio Corrêa, se quiser ser candidato, certamente sairá do MDB. Em Aparecida de Goiânia, o governador não vai interferir — deixando o processo de lá sob a coordenação de Daniel Vilela e do ex-prefeito Gustavo Mendanha. Mas na sua cidade não vai abrir mão de interferir. E, se vai apoiar o candidato de Daniel Vilela em Aparecida, será realista supor que o vice-governador irá apoiar o candidato do governador em Anápolis.
Há, por fim, a hipótese de um acordão geral em Anápolis, com o processo político-eleitoral sendo pilotado por Ronaldo Caiado, Daniel Vilela, Bolsonaro, Roberto Naves, Alexandre Baldy (pP), Márcio Corrêa, Amilton Filho (MDB), Hélio Araújo (PL), Hélio Lopes, Coronel Adailton, Leandrinho Ribeiro (pP), Márcio Cândido e Major Vitor Hugo, entre outros.
Se o acordão for firmado, o pré-candidato do PT a prefeito, deputado Antônio Gomide, tem de pôr as barbas de molho. Porque ficará isolado e, mesmo começando em primeiro, pode acabar perdendo no primeiro turno. A surpresa, que nem é tão surpresa assim, é que Ronaldo Caiado vai operar, na linha de frente, a disputa eleitoral em Anápolis. É um dos motivos das conversas com Bolsonaro e, também, Wilder Morais. (E.F.B.)