A abstenção tende a favorecer aqueles candidatos mais conhecidos. Os menos conhecidos às vezes nem são avaliados pelos eleitores

A abstenção tem sido alta no Brasil. Por dois motivos. Primeiro, a multa para quem não quer votar, num valor muito baixo — quase simbólico —, torna o voto praticamente não-obrigatório. A pessoa não vota, vai à Justiça Eleitoral, paga a multa e fica por isso mesmo. Segundo, o desânimo com os políticos. Os eleitores, descrentes, optam, no dia da eleição, por não comparecer — por vezes, viajando ou apenas ficando em casa.

Agora, há um terceiro fator: a pandemia. Os jovens podem usá-la como motivo para não votar — tal a descrença deles com governantes e parlamentes. Os mais velhos, por serem considerados do grupo de risco — especialmente quando tiverem hipertensão, diabetes e problemas respiratórios —, têm desculpas plausíveis.

Na semana passada, dois candidatos a vereador, disseram ao Jornal Opção que, na eleição deste ano, o eleitor não tem só de ser convencido a votar num candidato. Ele tem de ser convencido a votar. “É provável que alguns candidatos, se quiserem ser votados, tenham de buscar ao menos alguns de seus eleitores”, diz um postulante ao Parlamento.

Se as previsões estiverem certas, o Brasil poderá ter, na disputa de 2020, uma das maiores abstenções da história.

No caso específico de Goiânia, a tendência é que os candidatos mais conhecidos, como os pré-candidatos do MDB, Maguito Vilela, e do PSD, Vanderlan Cardoso, sejam mais vem votados do que aqueles que ainda são desconhecidos.

Em determinadas eleições, por sinal, os eleitores não avaliam todos os candidatos, concentrando-se em geral em dois ou três postulantes. Os outros são deixados de lado. Costuma-se dizer: “O candidato ‘x’ é fraco”. Pode ser que o diagnóstico não seja preciso. Porque, às vezes, os eleitores não se deram ao trabalho de verificar o que dizem e propõem.