O ministro da Infraestrutura pode compor com a ministra Flávia Arruda no Distrito Federal, que pode ser candidata a governadora

Tarcísio Gomes de Freitas, de 46 anos, é apontado como o ministro mais realizador do governo de Jair Bolsonaro. Titular do Ministério da Infraestrutura, o jovem executivo trabalha em todo o Brasil, recuperando rodovias, fazendo ou refazendo pontes, entre outras obras. É eficiente. Até o liberal Paulo Guedes, o ministro da Economia, que não aprova os “gastadores” do governo, tem elogios para o companheiro de jornada — que cumpre prazos e orçamentos.

Tarcísio de Freitas e Jair Bolsonaro: aliados políticos | Foto: Evaristo SA

Engenheiro (o melhor aluno de sua turma), com curso na Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), Tarcísio de Freitas nasceu no Rio de Janeiro, mas mora, há anos, em Brasília. No mercado, é visto como incorruptível e um técnico excepcional, que entende tudo sobre o ministério que comanda. Um deputado disse do ministro: “Tarcísio é assim: não quer saber de interesses políticos. Quando tem de fazer uma obra, sua preocupação básica é conclui-la o mais rápido possível, com menos custos e com o máximo de qualidade. Ele não quer saber se a obra vai beneficiar o governador ‘A’ ou ‘B’. Porque pensa é no país, na melhoria da infraestrutura. Como a imprensa discute mais política, se Bolsonaro tem ou não chance de ser reeleito, não sobra tempo e relativa independência para avaliar o que o jovem técnico está fazendo na recuperação e ampliação da infraestrutura do país. Em dois anos e meio, há muita coisa feita, mas não divulgada, ou mal divulgada”.

Jair Bolsonaro e Flávia Arruda: articulando juntos | Foto: Reprodução

Bolsonaro começou a acompanhar o ministro pelo país, a observar seu trabalho “silencioso” e “eficiente”. O presidente afirma, aos aliados, que aquilo que projeta Tarcísio de Freitas arranca do papel e põe em funcionamento. Ao mesmo tempo, não vive no Palácio do Planalto para reclamar da burocracia ou do corte de recursos.

O presidente também passou a observar que os políticos e empresários (que não são escorchados) estão elogiando o ministro. Como político atento, Bolsonaro percebeu que, como quer investir em nomes “novos”, Tarcísio de Freitas pode ser um deles.

José Antônio Reguffe: tido com imbatível | Foto: Reprodução

Primeiramente, Bolsonaro avaliou que Tarcísio de Freitas poderia ser governador de São Paulo. Mas lá o favorito, disparado, é Geraldo Alckmin (Democratas ou PSD) e o candidato de João Doria, Rodrigo Garcia (PSDB), ao assumir o governo, também será forte. Um político ainda sem jogo de cintura, disputando eleição para governador no Estado mais rico do país, poderia facilmente ser derrotado. Por isso, o presidente mudou de projeto e planeja bancá-lo para o Senado, mas por São Paulo mesmo.

Tarcísio de Freitas fará o que Bolsonaro decidir, mas já expressou sua contrariedade. O ministro gostaria de ficar no governo até o fim, para concluir a maioria das obras que deu início, mas, se for disputar cargo eletivo, gostaria de ser candidato não em São Paulo, e sim no Distrito Federal. Por que Brasília?

Ibaneis Rocha: seu desgaste é cada vez maior | Foto: Reprodução

Porque Tarcísio, embora carioca, mora há anos na capital federal e se considera “brasiliense”. Seus amigos e, até, aliados moram na cidade — que conhece de ponta a ponta. Mobilizado, Bolsonaro teria ficado de estudar a questão.

Há uma parada federal em Brasília. O senador José Antônio Reguffe, do Podemos, é candidato à reeleição. Tido como incorruptível, é apontado como favorito e, até, hors-concours — o que, a rigor, não existe em política.

Leila do Vôlei: a senadora é nome forte do PSB | Foto: Reprodução

O fato é que Reguffe é um adversário temível, quase insuperável. A ministra e deputada federal licenciada Flávia Arruda (PL), na versão dos aliados do governador Ibaneis Rocha — que terá problemas com a CPI-Quase 500 mil, inclusive no campo da probidade, pois seu ex-secretário da Saúde é suspeito de corrupção (chegou a ser preso) —, vai disputar mandato de senadora. Se for verdade o que dizem os ibaneisistas, Flávia Arruda, se disputar mandato de senadora, corre sério risco de ficar fora do Congresso a partir de 2023. Se disputar com Reguffe, mesmo dispondo de uma estrutura gigante, poderá sofrer uma derrota vexatória. O ex-governador José Roberto Arruda, uma raposa política, não permitirá que sua mulher entre em canoa furada e fique sem mandato.

Como Reguffe é uma montanha, difícil de ser superada, Flávia Arruda fará o quê? Se Ibaneis Rocha cair em desgraça, por causa das denúncias contra seu governo, ela poderá ser candidata a governadora, com Tarcísio de Freitas como companheiro de chapa — para senador.

Izalci Lucas, senador: jogo duro contra Ibaneis Rocha | Foto: Senado

Entretanto, a um ano, três meses e alguns dias das eleições de outubro de 2022, o quadro político de Brasília está aberto. Não está desenhado, ainda está sendo desenhado. E há outros atores na parada, como os senadores Leila Barros, do PSB, e Izalci Lucas, do PSDB. Leila Barros poderá, inclusive, conquistar o apoio do PT de Lula da Silva.

Izalci Lucas está jogando pesado contra Ibaneis Rocha, com o objetivo de polarizar com o governador. Na CPI da Pandemia, ele está colocando todas as suas energias para mostrar que há corrupção no governo do emedebista.

Apesar do desgaste imenso, inclusive por causa das denúncias de corrupção, Ibaneis Rocha, por conta da estrutura de poder e financeira que movimenta, não pode ser subestimado. Ele será um candidato forte. Está tentando “colar” em Bolsonaro, como uma espécie de padrinho político, mas há quem aposte que a tendência é que fique em terceiro lugar no pleito de 2022 — atrás de Leila do Vôlei, de Flávia Arruda ou de Izalci Lucas. “Ibaneis tem voo de pato”, frisa um ex-emedebista. “Acredito, até, que vai deixar o MDB para acompanhar Bolsonaro no novo partido do presidente”, acrescenta.