O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, foi peremptório: Jair Bolsonaro “é covarde”. Como o ex-presidente não respondeu, optando pelo silêncio, é provável que o líder evangélico, um dos mais conhecidos do país e bolsonarista roxo, esteja falando a verdade.

Mas há outra faceta de Bolsonaro, a de “traidor” e “ingrato”.

Em 2022, o União Brasil bancou Soraya Thronicke para presidente da República, mas a senadora não foi para o segundo turno. Para a etapa seguinte foram Lula da Silva, do PT, e Jair Bolsonaro, do PL.

Em desespero, porque Lula da Silva aparecia em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro andou pelo país clamando por apoio dos governadores de direita e de centro. Em Goiás, pediu — clamou — e recebeu o apoio do governador Ronaldo Caiado, do União Brasil.

Com o apoio de Ronaldo Caiado, Bolsonaro ganhou em Goiás, com 58,71% dos votos válidos. Obteve 2.193.041 votos.

Lula da Silva, do PT, conquistou 41,29% dos votos válidos. Ou seja, 1.542.115 votos.

A diferença pró-Bolsonaro em Goiás foi de 650.926 votos. Ou seja, em termos proporcionais, o candidato do PL obteve uma das votações mais expressivas no Estado governado por Ronaldo Caiado.

Como se sabe, Bolsonaro perdeu para Lula da Silva por uma diferença de apenas 2.139.645 votos. E, repetindo, Goiás tem 5,1 milhões de eleitores. O Estado, portanto, importa.

Quando Bolsonaro precisou de Ronaldo Caiado, este o assistiu, apoiando-o para presidente.

Entretanto, quando se pediu o apoio de Bolsonaro para Sandro Mabel (União Brasil) na disputa pela Prefeitura de Goiânia — o PL indicaria o vice —, Bolsonaro refugou. Não apenas lançou Fred Rodrigues, do PL, para prefeito como passou a atacar políticos goianos, como Ronaldo Caiado.

Então, além de “covarde”, de acordo com Silas Malafaia, talvez seja possível sugerir que Bolsonaro tem o “vício” da ingratidão e da traição. (E.F.B.)