Bolsonarista inconveniente “persegue” Adriana Accorsi em sessões na Câmara

06 agosto 2023 às 00h05


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Uma figura tem se destacado negativamente na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. O bolsonarista de primeiro mandato Abílio Brunini (PL-MT), que se tornou, em uma expressão bem datada, o “chato de galochas” da Câmara. “Se houvesse uma votação para escolher o deputado mais ‘mala’ da Casa, ele ganharia disparado”, disse um colega de centro.
Na terça-feira, 1º, ocorria na sessão da comissão o depoimento do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo da Cunha, quando o representante mato-grossense teve de ser repreendido pelo presidente da comissão, Arthur Maia (UB-BA), por atrapalhar as falas dos colegas governistas, como tem sido usual desde a instalação da CPMI. Seus alvos são principalmente as deputadas do PT e do PSOL, contra as quais pratica atos abertos de constrangimento, que vão de misoginia e transfobia até simplesmente performances de alunos do “fundão” das salas da 5ª série.
Nessa sessão em específico, a vítima da vez era um homem, o deputado Duarte Júnior (PSB-MA), que questionava o depoente quando, na transmissão da TV Câmara, apareceu um dedo em riste apontado em sua direção. O pessebista parou sua fala e pediu ao presidente da CPMI que tomasse providências sobre o comportamento de Brunini. Maia advertiu o deputado bolsonarista – como já havia feito outras vezes –, dizendo que o bolsonarista não tem um papel “condizente a de um parlamentar”. “Aqui não é lugar de brincadeira”. O parlamentar deixou de apontar o dedo para se sentar ao lado do mesmo colega, fazendo imitações, como se tivesse comentando a fala. Novamente foi repreendido, com solicitação de sua retirada do salão.
A deputada Adriana Accorsi (PT), que também integra a CPMI, acabou aparecendo no enquadramento da cena, visivelmente aborrecida. No dia seguinte, Adriana de novo teve o desprazer de encontrar o mesmo parlamentar na Comissão de Educação. “É uma comissão de alto nível, que tem pessoas de todos os partidos, bem preparadas, muito qualificadas mesmo inclusive seu presidente [Moses Rodrigues (UB-CE)], uma pessoa democrática, de bom diálogo e que tem grande conhecimento. Mas esse cidadão [Brunini] ‘parou lá’, infelizmente, e é totalmente destituído de civilidade, sempre agressivo e disseminando ignorância. Lamentável mesmo”, desabafou a parlamentar goiana.
Pessoalmente, ela não sofreu constrangimento por Brunini, mas na sessão, seus ouvidos tiveram de aturar ofensas gratuitas às pessoas de esquerda, com a utilização reiterada do termo “comunismo” no sentido pejorativo e fugindo totalmente da pauta em curso, que era uma discussão técnica.
Deputados de extrema direita costumam usar essa tática de tirar o foco das matérias ou atividades que não lhe são favoráveis. O problema é que Brunini é muito “over” nesse tipo de ação, o que lhe tem gerado críticas também de sua própria bancada, o que não ocorre abertamente apenas para não “passar recibo”.