Bases exigem Itamar Leão na presidência do PSDB e não aceitam imposição de José Eliton

02 março 2021 às 15h34

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Prefeitos querem se liberar da “ditadura” tucana e cobram que o partido se preocupe não apenas com a disputa de 2022
A situação no PSDB é mais ou menos assim: não se sabe quem vai ser o último a apagar as luzes — talvez seja Marconi Perillo, José Eliton ou Jardel Sebba. Segundo um integrante do partido, 21 prefeitos planejam deixar o tucanato e migrar para o Patriota, acompanhando o ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot, e para partidos ligados ao governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do partido Democratas. A “largada” foi dada por Hermano de Carvalho, prefeito de Aruanã e um dos líderes históricos do partido. O prefeito de Iporá, Naçoitan Leite, deve se transferir para o Republicanos ou para o Democratas.

Por que os prefeitos estão saindo? Observe-se que a maioria, ao menos 15, devem acompanhar Jânio Darrot, quer dizer, não estão indo para partidos ligados ao governo do Estado. Aí reside o busílis da questão: os prefeitos estão saindo porque não aceitam mais a ditadura do ex-governador Marconi Perillo, que, sem consultar os prefeitos e líderes do interior, está impondo o ex-governador e advogado José Eliton para presidente do PSDB. “Marconi só fica em São Paulo e não conversa com os prefeitos. Fala só com Zé Eliton e Jardel Sebba, por sinal, dois derrotados. Zé Eliton, com a máquina nas mãos, ficou em terceiro lugar, na disputa de 2018, atrás tanto de Ronaldo Caiado [o vencedor], do partido Democratas, quanto de Daniel Vilela, do MDB. O filho de Jardel Sebba, o deputado estadual Gustavo Sebba, ficou em terceiro lugar na disputa para prefeito de Catalão. Já os prefeitos vencedores de 2020, que não contaram com nenhum apoio de Marconi e Zé Eliton, são menosprezados”, afirma um prefeito, que prefere, no momento, não se identificar. “Estou de saída. Quando sair, darei uma entrevista explicando meus motivos.”

“Líder precisa conhecer a realidade dos prefeitos”
Enquanto Marconi Perillo está “impondo” José Eliton para presidente do PSDB, a maioria dos prefeitos e líderes prefere que o prefeito de Sanclerlândia, Itamar Leão — um vitorioso de várias eleições, inclusive reeleito em 2020 —, assuma o comando partido. “Itamar Leão conhece a realidade dos prefeitos e, por isso, será um dirigente mais qualificado do que Zé Eliton, que, desde que deixou o governo, no fim de 2018, não procurou mais nenhum dos prefeitos e líderes do PSDB. Assim como Marconi Perillo, está cuidando de seus interesses. Os prefeitos estão ao deus-dará. Nós precisamos de um líder próximo, que conheça nossos problemas e responsabilidades, e não de líderes que ficam na capital bebendo vinho de 2 mil reais e discutindo 2022. Nós temos de administrar nossas cidades. Portanto, temos de falar de 2021, da pandemia do novo coronavírus e da crise econômica”, afirma um segundo prefeito do PSDB. “Nós, como gestores, temos de manter diálogo aberto com o governador. Porque não é hora de ficar discutindo questões eleitorais.”

As bases do PSDB estão rebeladas. “Não queremos nem Zé Eliton nem Jardel Sebba no comando do PSDB”, afirma um terceiro prefeito. “Jair Darrot está saindo do partido e o motivo é um só: falta de apoio efetivo. Ele, que é um político limpo, não vai se ‘queimar’ defendendo aqueles que têm problemas judiciais graves e nem aparecem mais à luz do dia — só participam de ‘encontros secretos’. O PSDB precisa sair das sombras”, diz um dos prefeitos. “O partido precisa fazer encontros abertos, com a presença da imprensa. Nós, prefeitos, não temos nada a esconder.”

Os prefeitos chegaram a pensar numa campanha pública com o título de “Zé Eliton? Tô fora!” “Talvez a gente não a faça, mas é o nosso sentimento. Os prefeitos, os que vão ficar no PSDB, e serão poucos, querem Itamar Leão na presidência do PSDB. Nós não queremos Zé Eliton. Marconi diz que não está sendo imposto, pois eu digo: sim, ele está sendo imposto goela abaixo de todo um partido que não o quer no comando. Aliás, o próprio Zé Eliton chegou a dizer que estava ‘saindo’ da política e que se manteria afastado. Façamos a vontade dele: que fique cuidando de seu frutífero escritório de advocacia. Política não é para amadores”, frisa um dos prefeitos ouvidos. “Nós não queremos que o PSDB seja usado para fins pessoais, para ficar defendendo políticos cujos processos judiciais são pessoais e não têm a ver com o partido e seus integrantes”, acrescenta.