Ausência de Lula em palanque local é mau sinal para PT goiano

02 outubro 2022 às 00h06

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), favorito para ganhar a eleição de acordo com quase todas as pesquisas, rodou o Brasil inteiro em busca de votos. Ou “quase” inteiro. Passou por todas as regiões, mas deixou uma mensagem algo incômoda para seus militantes e, por extensão, a quem mora no Centro-Oeste. Na janela de tempo de campanha e pré-campanha, o petista não visitou, no último ano, nenhum dos três Estados – esteve apenas no Distrito Federal.
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul se juntaram a Acre, Amapá, Espírito Santo, Rondônia, Roraima e Tocantins para compor o total de unidades federativas onde Lula não desembarcou, nem para fazer campanha nem para qualquer outra motivação desde setembro do ano passado.
À exceção do Tocantins, onde há uma certa vantagem do petista, apesar de apertada, todos os demais são Estados onde a disputa está muito acirrada ou em desfavor do ex-presidente. Em uma corrida eleitoral de prazo curto, a federação liderada pelo PT preferiu levar seu principal nome para reforçar a campanha onde o partido já vai bem, tem nomes concorrendo com chance para o governo e também onde sofreria menor risco de violência política.
Foi Geraldo Alckmin (PSB), seu vice na chapa, que teve a missão de vir a Goiânia, mas apenas para uma reunião com políticos, especialmente voltada a conquistar o apoio dos tucanos. Vitória parcial: só uma parcela do PSDB goiano se comprometeu.
A estratégia petista se justifica: os goianos representam apenas 3% da população nacional – só a Grande São Paulo tem sete vezes mais. De qualquer forma, não é um sinal de prestígio para a direção do partido em Goiás, que tem apenas uma cadeira no Congresso Nacional – a de Rubens Otoni, como deputado.
Por isso, um grande desafio para o partido no Estado é dobrar essa bancada – de um para dois. A aposta é que Adriana Accorsi, principal favorita à vaga, tenha uma votação acima da média e isso ajude a puxar mais uma cadeira para o PT, nem que seja na chamada “sobra” do quociente eleitoral. Pelo segundo lugar, a disputa tende a ficar entre Rubens Otoni, que tenta o sexto mandato, e o ex-reitor da UFG Edward Madureira, que conseguiu fazer uma campanha com muita adesão orgânica.
A última vez em que o Partido dos Trabalhadores conseguiu eleger dois deputados federais em Goiás foi em 2006, quando Lula foi reeleito. Naquele ano, Rubens Otoni buscava sua primeira reeleição e teve 87.258 votos. A outra cadeira ficou com Pedro Wilson (49.949 votos), que havia deixado a Prefeitura de Goiânia dois anos antes.