Wanderlei Barbosa é apontado como um postulante fraco. Mas, assumindo o governo, passa a ser forte. Carlesse deve ser candidato a deputado

Ataídes Oliveira: ex-senador quer acabar com a corrupção no Tocantins | Foto: Divulgação

O ex-senador Ataídes Oliveira (Pros), uma força da natureza, é quase um exército de um homem só. Ele disse a um repórter do Jornal Opção que será candidato, não a senador, como se pensava, e sim a governador.

O empresário Ataídes Oliveira está andando pelos municípios do Tocantins, levando sua mensagem de que é preciso uma renovação global dos métodos políticos e administrativos — sempre denunciando a corrupção do governo do Estado. No interior, ele conversa basicamente com vereadores, mas sem excluir segmentos organizados. Para o ex-senador, como a vida começa nos municípios, e os vereadores são os reais representantes da sociedade, do povo, está estabelecendo com eles um diálogo mais estreito.

Senador Eduardo Gomes: pode chegar atropelando | Foto: Divulgação/Senado Federal

Ataídes Oliveira tem uma missão de Hércules pela frente. Primeiro, há a “montanha” do governo. O governador Mauro Carlesse (PSL, mas pode migrar para o próximo partido do presidente Jair Bolsonaro) tem desgaste, há denúncias de corrupção em seu governo — tanto que terá de ir ao Senado para depor ante a CPI da Covid-Quase 500 mil para se explicar sobre a compra superfaturada de máscaras —, mas, assenhorado do poder, acaba por ser forte.

Reeleito em 2018, Carlesse não pode disputar o governo em 2022. Deverá ser candidato a senador ou, mais provavelmente, a deputado federal (dificilmente terá coragem de enfrentar, estando na planície, a senadora Kátia “Coragem” Abreu). Mas o jogo, de algum modo, passa pelo gestor estadual, ao menos por enquanto. Em abril de 2022, ele deixa o governo, que será assumido pelo vice, Wanderlei Barbosa. O que deverá mudar a configuração do poder.

Ronaldo Dimas: Carlesse teme que, se eleito, promova devassa | Foto: Reprodução

Barbosa não é visto como um candidato consistente a governador, mas deputados disseram ao Jornal Opção que o governo é sempre um “general” eleitoral de peso no Tocantins. “Fraco” num dia, poucos dias depois, formatando uma aliança relativamente forte, começa a ganhar musculatura. Mas terá o apoio efetivo de Carlesse?

A aliados, Carlesse tem dito que vai apoiar Barbosa, sobretudo se o principal candidato da oposição for Ronaldo Dimas, do Podemos, que conta com o apoio do senador Eduardo Gomes (Bolsonaro quer retirar o senador do partido para filiá-lo no partido ao qual irá se filiar).

Citado como possível candidato a senador, na semana passada, Ronaldo Dimas disse a interlocutores que pretende disputar mandato de governador. Ele está no jogo, e para o governo. É sua posição.

Wanderlei Barbosa: vice-governador do Tocantins | Foto: Reprodução

Entretanto, se Eduardo Gomes reunir uma esquadra poderosa para apoiá-lo — inclusive com o apoio “subterrâneo” de Carlesse, que “cristianizaria” Barbosa (corre o risco de o vice, ao assumir o governo, se perceber o jogo duplo, não bancá-lo para senador ou deputado) —, sua candidatura a governador poderá se tornar incontornável.

A pergunta é: se Eduardo Gomes firmar-se como candidato a governador, o que fará Ronaldo Dimas? Poderá disputar vaga no Senado ou irá para o governo assim mesmo? Não se sabe. E, de fato, a um ano e três meses e alguns dias das eleições, está cedo para definir quem realmente disputará. As articulações mal começaram.

Mauro Carlesse, governador do Tocantins: possibilidade de prisão | Foto: Josy Karla

O fato é que o grupo de Eduardo Gomes tende, no momento, a bancar Ronaldo Dimas para o governo. É o político que, de algum modo, mais se movimenta nas oposições. Ataídes Oliveira também está se movimentando, porém, se tem estrutura financeira, falta-se, segundo experts na política do Estado, estrutura político-eleitoral.

Mas a história de que Eduardo Gomes pode ser o candidato, por reunir uma estrutura de apoio de maior envergadura do que a de Ronaldo Dimas, não é ficção de aloprados. Há quem diga que Carlesse torce, noite e dia, para que seja candidato — até por temer Ronaldo Dimas, que, se eleito, possivelmente faria uma devassa nas suas contas.

Katia Abreu, senadora pelo Estado do Tocantins | Foto: Agência Senado

No momento, há quatro pré-candidatos a governador: Wanderlei Barbosa, Ronaldo Dimas, Ataídes Oliveira e Eduardo Gomes. O senador Irajá Abreu (ou Irajá Silvestre Filho), do PSD, pode disputar o governo para contribuir com a campanha de sua mãe, a senadora Kátia Abreu (PP), que irá à reeleição.

Se Eduardo Gomes for candidato, possivelmente Ronaldo Dimas não disputará. Se Ronaldo Dimas for candidato, Eduardo Gomes sairá do processo. “O quadro mais concreto do momento é Eduardo Gomes para governador, como favorito, e tendo como oponentes Wanderlei Barbosa e Ataídes Oliveira”, afirma um deputado.

Para o Senado, a tendência é que a disputa se dê entre Kátia Abreu, Ronaldo Dimas e Carlesse. Tendência porque, nos bastidores, o governador — com desgaste cada vez mais ampliado, inclusive no campo da probidade administrativa — estaria confidenciando a aliados que uma eleição a deputado federal é mais segura e envolve menos riscos. Carlesse teme ficar sem mandato, pois, sem imunidade, correrá o risco, pós- devassa nas contas do governo, até mesmo de ser preso. “Carlesse teme ser preso por um juiz de primeira instância”, sugere outro deputado. “Ele não quer ser o novo Marcelo Miranda do Tocantins, que acabou preso”, acrescenta o político. A próxima debacle tende ser do carlessismo.