Nem se pode falar em polarização, pois há a possibilidade do candidato do PT ser eleito já no primeiro turno. Moro tem chance de passar Bolsonaro?

O presidente do BTG Pactual, André Esteves, disse, recentemente, que a rejeição do pré-candidato a presidente da República pelo PT, Lula da Silva, é maior do que a que está sendo registrada nas pesquisas de intenção de voto. O banqueiro acredita que, quando pôr a cara na rua, a rejeição tende a ser ampliada. Comenta-se que o ex-presidente estaria meio recolhido exatamente para evitar choques com populares que, ganhando as redes, poderiam desgastá-lo em termos político-eleitorais.

Jair Bolsonaro e Lula da Silva: o primeiro está mal e o segundo está muito bem | Fotos: Reproduções

Há um drummond no meio da análise de André Esteves. A rejeição de Lula da Silva pode até subir, mas quem colocar no seu lugar? Ainda está cedo para avaliações peremptórias, mas, até agora, não surgiu nenhum nome forte para enfrentar o petista. A rigor, nem se pode falar em polarização entre o postulante do PT e o presidente Jair Bolsonaro. Porque a possibilidade de vitória no primeiro turno já está no radar de todo mundo.

As pesquisas estão revelando o seguinte: os eleitores querem alguém que livre o país de Bolsonaro — e, depreende-se, que, quanto mais rápido, melhor, daí a possibilidade de vitória de Lula da Silva no primeiro turno

Sergio Moro: crescendo menos do que se esperava | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O que se pode discutir é: hoje, o nome para arrancar Bolsonaro do poder é Lula da Silva. Mas continuará assim amanhã? Talvez sim. Talvez não. Como se sabe, os políticos (e também os jornalistas) estão discutindo eleições neste momento, e começam a tomar decisões. Porém, o eleitorado só define mesmo a alguns dias das eleições. Mas os dados atuais são precisos: os eleitores não querem a permanência do presidente no Palácio do Planalto.

A força de Lula da Silva advém de que, do ponto de vista dos eleitores, é ele quem enfraquece Bolsonaro, retirando sua expectativa de poder.

Há alguma possibilidade para outros postulantes, como Sergio Moro, João Doria, Ciro Gomes (“canibalizado” por Lula da Silva, tende a desistir, pressionado pela cúpula do PDT, que, a rigor, é pró-petista) e Rodrigo Pacheco? Neste momento, não dá para saber. Esperava-se mais de Sergio Moro, mas até agora seus índices permanecem baixos. Mas se articular uma aliança com o União Brasil (fusão do DEM com o PSL), talvez agregando outras forças, é provável que comece a crescer nas pesquisas de intenção de voto.

Para se tornar consistente, Sergio Moro precisa ir se aproximando de Bolsonaro e, lá por abril ou maio de 2022, trabalhar firme para superar o presidente. Bolsonaro cada vez mais oferece menos risco para Lula da Silva. Entretanto, se passar o presidente, o ex-magistrado pode polarizar com o petista. Não se sabe se terá cacife para superá-lo, mas, por tê-lo colocado na cadeia, sob acusação de corrupção, o ex-juiz pode se firmar. Resta, porém, saber se não é tarde, se Lula não cresceu o suficiente e, por isso, sua frente talvez seja incontornável.