Alto-Comando do Exército garante que “quem ganhar leva” a Presidência da República
30 setembro 2022 às 15h42
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O repórter Felipe Frazão, do “Estadão”, publicou uma das mais importantes reportagens da semana, na sexta-feira, 30, com o título de “Alto-Comando do Exercito diz que ‘quem ganhar leva’ a Presidência e se afasta de auditoria de votos”.
“Em reunião no Quartel-General, o Alto-Comando do Exército selou posição de respaldar o resultado das eleições presidenciais. Os 16 oficiais-generais do grupo mais influente das Forças Armadas indicaram que a caserna vai seguir o rito de reconhecer o anúncio do vencedor pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). ‘Quem ganhar leva’, enfatizaram os militares”, informa “O Estado de S. Paulo”, jornal que sempre teve acesso amplo aos bastidores das Forças Armadas.
O Alto-Comando, de acordo com a reportagem do “Estadão”, deu “sinais de distanciamento da inédita auditoria das eleições”. A tendência é que deixe isto para o Ministério da Defesa, ocupado por um general.
A cúpula do Exército, relata o “Estadão”, “considera que a contestação do resultado das eleições e o quesitionamento da legitimidade das urnas eletrônicas devem ficar circunscritas ao presidente e aos militares da reserva da campanha da reeleição ou que ocupam cargos políticos no governo”.
Se Bolsonaro optar por questionar o resultado das eleições, “os miliares afirmam”, enfatiza o “Estadão”, “que o presidente terá de fazê-lo por meios legais e jurídicos de sua campanha”. O que marca um distanciamento da maior força militar do país do projeto pessoal de Bolsonaro. “Mesmo na caserna, a impressão é que a contestação de Bolsonaro se esgotaria e seria infrutífera, conforme um general, por causa do respaldo que o TSE tende a receber de órgãos externos.”
O “Estadão” sublinha que os generais do Alto-Comando fizeram um pacto com o “objetivo de distanciar os militares dos questionamentos de Bolsonaro e demonstrar respeito ao processo eleitoral”. Um general, que trabalhou no Palácio do Planalto, afirma que “qualquer candidato vitorioso ‘terá o respeito e a obediência dos militares’ e que o Alto-Comando ‘não enveredará por nenhum caminho que não seja o institucional’”.
Estaria acertado que o comandante do Exército, general Freire Gomes, o comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, e o comandante da Aeronáutica, o brigadeiro Baptista Júnior, “não pretendem se pronunciar após a declaração do resultado pelo TSE. Os comandantes devem seguir a linha de circunscrever as ações de fiscalização das eleições ao Ministério da Defesa. No meio militar, isso é visto como uma forma de blindar as tropas da ativa de ações políticas do governo”.
De acordo com o “Estadão”, “adidos militares europeus em Brasília ouviram dos fardados brasileiros que terão postura democrática e profissional. Eles avaliam não ver vantagens pessoais financeiras ou para a própria carreira de militares brasileiros embarcar uma nova ‘aventura’ de tomar o governo. (…) Generais, almirantes, brigadeiros e coronéis se dizem profissionais e chegam a se ofender com a cogitação de apoio a um golpe de Estado”. Os militares “rechaçam a possibilidade de quebra de disciplina”.
Um grupo de generais é visto como mais aberto e, no caso de vitória de Lula da Silva para presidente, tende a abrir interlocução com ele. A reportagem cita os generais Tomás Paiva, Valério Stumpf, Estevam Teophilo e Julio Cesar de Arruda. Tomás Paiva é apontado como o mais moderado e, por isso, tem boa aceitação entre o núcleo dirigente da campanha de Lula da Silva.