Aliança entre Marconi Perillo e Maguito Vilela é possível? É. Mas o jogo só está começando
23 dezembro 2016 às 12h11

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Os políticos estão jogando, o que é natural e produtivo. Mas quem acreditar que o quadro já está definido pode dar com os burros n’água

A articulação com Maguito Vilela, que interessa tanto a este quanto ao tucano, sugere que Marconi Perillo está fechando um “quadro” político? Não. O que o tucano está sugerindo é que, para manter o poder — ou mesmo articular uma saída tranquila do poder — às vezes é preciso ceder os anéis para não perder os dedos. Pode-se dizer que há basicamente três caminhos.
Primeiro, o lançamento de José Eliton. Para bancá-lo, Marconi Perillo reuniria sua poderosa “armada”, cevada ao longo de 20 anos (em 2018), para enfrentar uma oposição revigorada. Este é, sim, o plano “A”.
Segundo, na própria base, poderia se encontrar outro candidato, quiçá mais político, popular ou que represente o novo, para a disputa? Quem? Difícil encontrar nomes. Há dois que poderiam ser preparados: Thiago Peixoto, do PSD, e Ana Carla Abrão (sem partido), ambos economistas. Thiago Peixoto é, politicamente, mais experimentado. Está no seu segundo mandato de deputado federal e ocupou secretarias importantes do governo de Marconi Perillo. Ana Carla não é política, mas, como técnica eficiente, pode, se candidata, se apresentar como uma espécie de João Dória de Goiás. Os dois são políticos leves e, com um marketing eficiente, poderiam ser trabalhados e retrabalhados.
Terceiro, há a possibilidade de composição com Maguito Vilela. É um caminho difícil, quase impossível. Mas em política, como sabiam o Tancredo Neves e o José Sarney de 1984-1985, a palavra impossível não existe. Tudo é possível, até o impossível. Uma candidatura de Maguito Vilela a governador aliado com o grupo de Marconi Perillo provocaria uma macro revolução na política de Goiás. Como? Possivelmente, levaria ao lançamento de Ronaldo Caiado, do DEM, com o apoio de Iris Rezende, do PMDB (mas que poderia deixar o partido, se necessário; aos 83 anos, o decano não gostaria de deixar o partido, frise-se), para governador. Há quem diga que as relações de Maguito Vilela e Ronaldo Caiado são as melhores possíveis. Podem até ser. Mas aliados de Maguito Vilela e Daniel Vilela, como o deputado estadual José Nelto, não perdem a oportunidade para tecer críticas ao senador do DEM. É uma maneira de desidratá-lo e de garantir que o PMDB terá candidato a governador.
Mas, afinal, o que está acontecendo? Tudo e, ao mesmo tempo, nada. Quer dizer: todos estão articulando, mas ninguém vai definir posições agora. Por quê? Porque não está na hora, não é o tempo apropriado para definições. O quadro nacional, com suas várias complicações, como a Operação Lava Jato e as delações da Odebrecht, está provocando uma hecatombe na política brasileira e Goiás não é uma ilha. Então, muita água vai rolar por debaixo da ponte. Assim, quem definir o jogo agora poderá ser atropelado amanhã pela força da surpreendente realidade.
Então, políticos e analistas inteligentes certamente colocarão um pé — ao menos um — atrás ao discutir o que está acontecendo e, sobretudo, o que vai acontecer.