Aliados admitem que falta motivação e sobra dispersão em Mendanha

09 janeiro 2022 às 00h02

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O pré-candidato não está conseguindo apoio de peso, só uma deputada federal o acompanha e não há expectativa de poder

Quando decidiu que seria candidato a governador, o prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), ficou “empolgado”, ligava para todo mundo e começou a viajar para o interior — inclusive deixando a prefeitura ao deus-dará (hoje, o “verdadeiro” prefeito, na opinião até de funcionários, é o secretário da Fazenda, André Rosa, conhecido como André Chefão, por ser “poderoso”).
Agora, a oito meses e 24 dias das eleições, patinando nas pesquisas — não consegue chegar a 20% (já o governador Ronaldo Caiado, do DEM, sempre aparece com mais de 40%) —, o ânimo de Mendanha já não é o mesmo. Na verdade, ele continua viajando pelo interior, no avião e nos helicópteros da deputada federal e milionária Magda Mofatto (PL). Mas não estaria mais tão motivado. Pode acabar ficando na prefeitura, até dezembro de 2024, optando por não sair em 2 de abril deste ano, daqui a dois meses (fevereiro e março) e 24 dias (de janeiro), ou seja, 83 dias? É possível. Porém, temendo desmoralizar-se ante os novos companheiros de jornada — como Mofatto, o deputado federal Professor Alcides Ribeiro (PP), os deputados estaduais Paulo Cezar Martins (de saída do MDB) e Cláudio Meirelles (PTC) e o ex-deputado federal Heuler Cruvinel (sem partido) —, o mais provável é que continue na disputa.

Outro fato que aliados de Mendanha lamentam é que não tem conquistado apoios de peso no Estado. “Gustavo está muito sozinho. Tanto que, a rigor, só uma deputada federal, Magda Mofatto, o tem acompanhado em suas viagens pelo Estado. Professor Alcides é aliado, ajuda, mas está mais preocupado com sua própria campanha. Tanto que, em determinadas cidades, conta com o apoio de políticos que vão trabalhar na campanha de Ronaldo Caiado, mas não faz nada para mudar a situação”, afirma um mendanhista.
Na viagem ao Nordeste goiano, líderes locais viram um Mendanha — lá chamado de “o Menino da Magda” — “pouco empolgado” e “disperso”. Uma política teria dado um cutucão no prefeito, cobrando que fosse mais proativo. Contrariada, ela teria chegado a dizer que o prefeito era o “Picolé de Chuchu do Cerrado”.
Se for derrotado em 2 de outubro deste ano, Mendanha ficará fora da política, em termos de mandato e cargos, por quatro anos — 2023, 2024, 2025 e 2026. É um tempo muito longo para um político não ser esquecido, sobretudo se não disputou mandato, antes, de deputado estadual, deputado federal e senador. Um político de Aparecida conta que já ouviu Mendanha falando que, se perder para governador, irá disputar mandato de vereador, em Aparecida de Goiânia ou em Goiânia, em 2024, única exclusivamente para não ficar sem mandato por tanto tempo.

Mendanha teme também, sustentam aliados, que, se cair nas pesquisas, sendo superado por Marconi Perillo, do PSDB, poderá ser abandonado pelos principais aliados. Ele pode ser cristianizado.
Há, por fim, outro problema tido como “grave”. Por ser ligado ao Professor Alcides, o vice-prefeito de Aparecida, Vilmarzinho Mariano (MDB), afirma que não romperá com Mendanha. E talvez não rompa mesmo. Porém, se perceber que Mendanha está se tornando carta fora do baralho e entendendo que, ao assumir a prefeitura, seu projeto principal será fazer uma gestão eficiente — para tentar garantir sua reeleição em 2024 —, poderá deixá -lo de lado. Não deixa de ser sintomático que o vice-prefeito não tenha saído do MDB, ou seja, não acompanhou o prefeito.
O fato é que, apesar dos salamaleques das duas partes, Mendanha e Vilmarzinho se toleram, mas não se gostam. Aliados do prefeito dizem, nos bastidores, que, em relação ao falecido ex-prefeito Maguito Vilela e Mendanha, o vice poderá ser um retrocesso administrativo e, até, ético.