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As elites locais subestimaram o coronel, sugerindo que era fogo de palha, mas ele continua forte e tem chance de ser eleito

Carlos Eduardo Belelli: candidato a prefeito pelo PSL | Foto: Reprodução/Facebook

Caldas Novas não tem segundo turno. Por isso, quem estiver liderando agora, se não houver uma reviravolta contundente, tende a ser eleito.

Chegou-se a especular, nos bastidores, que a deputada federal Magda Mofatto, do PL, poderia substituir o marido, Flávio Canedo, do PL, na disputa para prefeito. Ela seria a “única”, comenta-se, com possibilidade de derrotar o coronel Carlos Eduardo Belelli, do PSL — até o momento, se não ocorrer um terremoto, o favorito. O que se diz na cidade, ao menos nos bastidores, é que falta identidade a Flávio Canedo. Ele seria visto como um preposto da parlamentar. Talvez nem seja, mas é assim que é visto por muitos — talvez pela maioria.

Mas tudo indica que Flávio Canedo vai mesmo disputar e não vai recuar. Do ponto de vista do pragmatismo político, se querem derrotar Belelli — e querem —, duas forças políticas locais deveriam se unir. Na altura da disputa, com os blocos partidárias nas ruas, não é fácil mudar o eixo da campanha. Mas, se Flávio Canedo retirar a candidatura para apoiar Kleber Marra KGM, do Republicanos, ou se Kleber Marra retirar sua candidatura para apoiar Flávio Canedo, crescem as chances de derrotar Belelli. Seria todos contra o coronel. Seria uma tentativa de transformá-lo — ele que, no momento, é o Atlético Mineiro — no Goiás do Campeonato Brasileiro. Porém, se excederem na crítica, podem torná-lo uma vítima.

Kleber Marra, candidato a prefeito pelo Republicanos / Foto: Divulgação

Neste momento, Kleber Marra parece mais consistente, eleitoralmente, do que Flávio Canedo. Mas, para superar o postulante do PSL, tem de se apresentar de maneira mais enfática como alternativa real tanto a Belelli quanto a Flávio Canedo. Em campanhas duras, radicalizadas, candidato com a imagem de “bonzinho” — de anjo no meio do octógono — pode acabar se dando mal.

Nem Kleber Marra nem Belelli devem subestimar Flávio Canedo. Por três motivos. Primeiro, embora seja visto como “preposto”, o empresário é articulado e agregou uma frente poderosa para a disputa. Segundo, sua estrutura financeira é, seguramente, a maior do município. Terceiro, Magda Mofatto é, por si, uma máquina de fazer política — e muito influente na cidade. É uma general eleitoral.

Belelli é, de fato, o favorito. Sua possibilidade de vencer o pleito é, hoje, significativa. Mas experts na política de Caldas Novas sugerem que é preciso manter um pé atrás, pois o jogo estaria aberto — até abertíssimo. Tanto Belelli pode ser o vitorioso — o que seria um recado duro dos eleitores às elites locais, em permanente conflito — quanto seus dois principais adversários, Kleber Marra e Flávio Canedo.

Flávio Canedo: candidato a prefeito pelo PL | Foto: Divulgação

Há uma outra questão a se examinar: os eleitores em geral, em disputas excessivamente polarizadas, tendem a concentrar sua atenção em no máximo dois candidatos. Em Caldas Novas, no momento, os eleitores estão de olho em Belelli — avaliando se tem condições de gerir a cidade (que quase sucumbiu sob a má gestão do prefeito Evandro Magal, do Progressistas. Magal, por sinal, apoia Belelli). Resta saber se, a partir de agora, vai observar Flávio Canedo ou Kleber Marra como segundo nome.

Uma coisa é certa: as elites de Caldas Novas subestimaram Belelli, sugerindo que era fogo de palha. Pode até ser no final, mas, a 35 dias do pleito, o coronel continua forte, galvanizando a atenção dos eleitores. A forma adequada de combatê-lo, ao que parece, ainda não foi descoberta. Mas a crítica dele, de que os demais postulantes são uma espécie de “farinha do mesmo saco”, parece ter se tornado uma segunda pele de Kleber Marra, Flávio Canedo, Zé Araújo (PDT) e Evando da Cruz (Pros). O quadro pode ser mudado? Talvez. Mas é preciso acertar o “passo” do marketing com o “passo” dos eleitores.