A eleição de 2022 chegando, e o povo sente dor
08 outubro 2021 às 17h39

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Feridas que jaziam cicatrizadas, como a chaga da inflação galopante, da fome, desesperança e ausência de perspectivas, voltaram a arder, coçar e inflamar
Marcos Marinho
É de conhecimento de todos que acompanham a pauta eleitoral, bem como todo ambiente político, que o caminho mais curto para a conquista do voto sempre passa pela capacidade do candidato de compreender e aliviar a dor do seu eleitor.
O voto sempre é motivado pela crença de que determinada pessoa será capaz de ouvir, e atender, a demanda do povo. Reconhecer o que dói em cada um, e sustentar perante o seu público a capacidade de entregar o “remédio” que ele precisa, serve para legitimação da imagem do candidato, bem como para motivar o engajamento das pessoas em sua campanha.

Não há ambiente para heróis em 2022. Não há espaço para os comuns em 2022. Não há discurso sedutor capaz de convencer as pessoas de que tudo estará bem em 2022
O povo sempre sente alguma dor que precisa ser sanada. Em tempos atuais, e projetando o cenário para as eleições de 2022, somos obrigados a assumir que os eleitores estarão com muitas dores, algumas lancinantes, para serem tratadas. Feridas que jaziam cicatrizadas, como a chaga da inflação galopante, da fome, desesperança e ausência de perspectivas, voltaram a arder, coçar e inflamar. E isso vai acompanhar os eleitores às urnas de 2022.
Em meio à escalada dos problemas econômicos e sociais que vão na esteira dos equívocos de governo, da ausência de políticas públicas sustentáveis e da falta de credibilidade nas instituições e agentes políticos para resolver os problemas, há a pandemia da covid-19 que devastou milhares de vidas, e que também estará na fatura a ser cobrada daqueles e daquelas que buscarão à reeleição.
O povo sente dor, e a dor está aumentando. Essa dor será norteadora do processo eleitoral do próximo ano. Quem não conseguir ter seu nome associado mais às soluções do que às causas da dor, será expurgado. Aqueles que souberem trabalhar com empatia e, através das ações de comunicação, reverberar um posicionamento indignado contra tudo e todos que fazem o povo sofrer, estes sim poderão ser novamente empossados em suas mesas, ou, talvez, trazidos à tona para ocupar um espaço deixado, e que não foi devidamente ocupado por seus sucessores.
Em momentos de desespero e angústia, o povo corre para os braços do pai, daquele que pode consolar e ao mesmo tempo, por possuir credibilidade, orientar e apontar soluções.
Não há ambiente para heróis em 2022. Não há espaço para os comuns em 2022. Não há discurso sedutor capaz de convencer as pessoas de que tudo estará bem em 2022. O povo sente dor, quer colo, carinho, e uma mão firme para conduzi-lo pelo caminho certo, para longe de tudo que o faz sofrer.
Marcos Marinho, professor e consultor de Comunicação e Marketing Político, é colaborador do Jornal Opção.
