Por Thiago Burigato
Poucos políticos da base governista planejam trabalhar para eleger Helio de Sousa para presidente da Assembleia Legislativa, em 2015. A dúvida de seus “opositores” é simples e pertinente: como apoiar um deputado do DEM de Ronaldo Caiado para presidente da AL, ainda que o parlamentar apoie o governo de Marconi Perillo?
O deputado estadual eleito Virmondes Cruvinel Filho, do PSD, o historiador Gilvane Felipe e o jornalista Danin Júnior almoçavam tranquilamente no restaurante Tribo, no Setor Marista, quando chegou o deputado federal reeleito João Campos (PSDB) com sua mulher. Após cumprimentá-lo, Virmondes Cruvinel perguntou: “O sr. será candidato a prefeito de Aparecida de Goiânia?” João Campos virou-se e, olhando nos olhos de Virmondes Cruvinel, perguntou em tom afirmativo: “E por que não candidato à Prefeitura de Goiânia?” O deputado tucano pode até disputar a Prefeitura de Aparecida, para atender um pedido do governador Marconi Perillo, mas sua preferência é mesmo por Goiânia. Ele avalia que chegou a sua hora.
Podem criticar Maione Padeiro, por ser incisivo e hard, mas ele tem sido um gigante na campanha do governador Marconi Perillo em Aparecida de Goiânia. Maione, que parece ter o dom da onipresença, participa de caminhadas e de carreatas em vários lugares.
No interior, o nome do deputado federal eleito Giuseppe Vecci ganhou nova pronúncia. No lugar de “Vequi”, as pessoas dizem “Veci”. Curiosamente, os homens calejados do interior gostaram de lidar com a franqueza, às vezes rude, de Vecci. Quando é preciso dizer “não”, o economista não titubeia. Várias vezes, os eleitores disseram: “Pelo menos ele não mente para nós”.
O jornalista Danin Júnior, prestigiado por Leonardo Vilela e bancado por Alexandre Baldy (PSDB), deputado federal eleito, e por Virmondes Cruvinel Filho (PSD), deputado estadual eleito, deve permanecer na Agência de Comunicação como um de seus principais diretores. Danin, além de competente, é visto como um gentleman por donos de jornais e de agências de publicidade.
Há quem, no governo do Estado de Goiás, avalie que não será preciso trocar Orion Andrade. O primo de Jayme Rincon tende a ficar na presidência da Agecom. É discreto, eficiente e não cria problemas. “Por que mudar o que está funcionando?”, pergunta um dos homens fortes do governo Marconi. Detalhe: em 2015, o orçamento para a comunicação será bem menor.
Se Carla Santillo não se aposentar do cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Estado, o médico Leonardo Vilela deve assumir a vaga de Virmondes Cruvinel no TCM. Para a vaga de Tião Caroço, é cotado Júnior Vieira.
O deputado estadual eleito Jean Carlo (PHS) é cotado para um cargo de proa no possível quarto governo de Marconi Perillo. Ele tem sido apontado, com frequência, para a Secretaria de Gestão e Planejamento. Jean Carlo tem experiência com gestão, pois, durante anos, atuou como dirigente do grupo Superfrango, do empresário José Garrote.
Para a vaga de Jean Carlo, na Assembleia Legislativa, pode ir o pastor Elismar Veiga, de Anápolis, filiado ao PHS. Isto claro se o deputado eleito assumir mesmo uma secretaria de um possível quarto governo de Marconi Perillo. O respeitado pastor Elismar Veiga teve uma votação pequena, mas, além de ser de Anápolis, integra a Assembleia de Deus. O governador Marconi Perillo tende a agradar a cidade e a igreja.
A senadora tucana Lúcia Vânia está feliz da vida: conseguiu eleger seu sobrinho Marcos Abrão (PPS) para deputado federal e sua aliada política Lêda Borges (PSDB), ex-prefeita de Valparaíso, para deputada estadual. A senadora Lúcia Vânia agora está forte tanto na Câmara Federal quanto na Assembleia Legislativa. O PPS, por sinal, não desistiu do passe da política, considerada como uma das mais atuantes senadoras do País. Lúcia Vânia é discreta, avessa aos holofotes da mídia, mas é uma gigante nas comissões. A Sudeco só saiu do papel graças aos seus esforços pessoais.
Pouca gente sabe, mas o famoso Bolso Família é tão-somente um programa social criado por Lúcia Vânia, quando fazia parte do governo de Fernando Henrique Cardoso, e por Ruth Cardoso, doutora em antropologia e mulher do presidente-sociólogo.
O deputado Fábio Sousa (PSDB) poucas vezes apareceu na lista de possíveis eleitos. Mas, com uma campanha azeitada e profissional, conseguiu se eleger deputado federal. A missão de Fábio Sousa, a partir de agora, é se tornar um político mais ecumênico e menos evangélico. Não, ele não vai deixar de ser evangélico, mas quer espraiar suas ações em outros campos da sociedade. Porque Fábio Sousa, ainda bem jovem, pretende, um dia, disputar a Prefeitura de Goiânia. Se ficar com a “pecha” de que é apenas evangélico, sem contatos fora do meio, dificilmente conseguirá ser candidato. Além disso, Fábio Sousa precisa ampliar seu raio de ação em outros setores evangélicos — para além da respeitada e poderosa Igreja Fonte da Vida. Para crescer politicamente, não pode ficar circunscrito a um grupo religioso. Precisa ter mais abertura para a sociedade.
João Campos, embora evangélico, mantém contatos, de primeiro grau, com setores da Igreja Católica. É seu diferencial. João Campos terá menos dificuldade, por exemplo do que Fábio Sousa, para disputar as prefeituras de Goiânia ou de Aparecida de Goiânia. O deputado federal tucano, reeleito pela terceira vez, tem uma atuação espraiada pela sociedade, para além das igrejas evangélicas. As igrejas são o seu forte, mas em atua em outras, como a polícia, e é respeitado por setores da Igreja Católica.
Políticos em campanha, ao passarem por Luiz Alves, nas proximidades de São Miguel do Araguaia, encontraram o conselheiro Sebastião Caroço pescando. “Estou aqui pescando uns dourados e umas piraíbas”, revelou. Ao lado, estava sua mulher, também pescadora experimentada.
É consenso entre todos os grupos políticos de Formosa: a gestão ruim e equivocada do prefeito Itamar Barreto, do PSD, contribui para eleger Ernesto Roller para deputado estadual. Mais: tende a eleger Roller para prefeito, em 2016. O peemedebista agradece, aos deuses da política, por ter um adversário como Barreto.