Por Thiago Burigato
Por que Iris Rezende foi cassado? Tem gente que acredita que tem a ver com algum enfrentamento com a ditadura. Nada disso. Iris Rezende, prefeito de Goiânia, passava o tempo adulando militares. Tanto que colocou o nome de Marechal Ribas Júnior num colégio da Vila Redenção. O peemedebista-chefe era uma espécie de vivandeira. Na verdade, Iris foi cassado porque aliou-se a um general, Albuquerque Lima, que caiu em desgraça junto à cúpula das Forças Armadas. Lima queria ser presidente e foi esvaziado. Mal informado, Iris não sabia que os militares não deixariam um general de três estrelas assumir o governo. Então, Iris foi cassado porque aliou-se ao general errado.
O empresário Júnior Friboi, que tende a ser expulso do PMDB, pode ser convocado para o cargo de secretário da Indústria de um possível quarto governo de Marconi Perillo. Na verdade, Friboi não está se oferecendo para cargos. Porém, se for convocado, provavelmente aceitará assumir o comando da SIC. Friboi planeja disputar o governo de Goiás em 2018.
O ex-prefeito de Goiânia Iris Rezende (PMDB) vai ganhar pelo menos um título: ficará na história de Goiás como o único político que perdeu três eleições para governador... e para um só político, o governador Marconi Perillo (PSDB). Fica-se com a impressão que, de certa forma, Iris Rezende sente algum prazer com as derrotas. Seria uma espécie de masoquismo inconsciente. Marconi começou a aposentá-lo há 16 anos, em 1998, e este ano acabou de aposentá-lo.
Até parentes de Iris Rezende dizem que o peemedebista-chefe precisa deixar a política e abrir espaço para uma geração. Eles apostam que, se disputar a Prefeitura de Goiás, em 2016, Iris Rezende pode amargar outra derrota.
Peemedebistas mais preparados intelectualmente acreditam que o PMDB só voltará ao poder em Goiás quando Iris Rezende aposentar-se politicamente em definitivo. Eles afirmam que, como não permite a renovação do partido, Iris Rezende impede suas vitórias. Sem Iris no páreo, nem mesmo como consultor, o PMDB poderá, finalmente, adotar um discurso crível de renovação e mudança.
O deputado federal Sandro Mabel, dono de uma fortuna estimada em mais de 1 bilhão de reais, acredita que, como pagou o marketing da campanha do candidato do PMDB a governador de Goiás, Iris Rezende, será apoiado por ele para presidente do PMDB e, sobretudo, para prefeito de Goiânia em 2016. Mabel disse a aliados que, ao financiar o marketing da campanha de Iris, ganhou a garantia de que será o candidato do partido a prefeito de Goiânia. Porém, até seus aliados duvidam que Iris Rezende vai cumprir a promessa. Acredita-se que o decano, que fará 83 anos em 2016, será o candidato a prefeito da capital e que Mabel ficará chupando o dedo.
Um irista disse ao Jornal Opção que hoje há três PMDBs. O de Iris Rezende é, por enquanto, hegemônico. O segundo é o do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, dos deputados Leandro Vilela (federal) e Daniel Vilela (federal eleito) e do prefeito de Jataí, Humberto Machado. O terceiro grupo é o de Júnior do Friboi, Frederico Jayme, Francisco Bento e Robledo Rezende. Para combater o grupo de Iris Rezende, os grupos de Maguito e Friboi podem ser unir. A tendência é que o grupo de Maguito assuma o comando do partido.
Eleito deputado federal com uma votação extraordinária, Daniel Vilela é, hoje, a principal estrela do PMDB. Uma estrela em ascensão. Hábil nas negociações, considerado o político mais bonito de Goiás, bom de voto, apoiando por um grupo forte, Daniel Vilela (ou Leandro Vilela) deve ser eleito presidente do PMDB em dezembro e é cotado para disputar o governo em 2018. Enganam-se aqueles que acreditam que Daniel é apenas “o filho de Maguito Vilela” e um “rosto bonito”. O garoto está cada vez mais preparado, é ponderado e agregador. Sobretudo, tem comportamento de líder.
O decano Iris Rezende não quer repassar o controle do PMDB para o grupo de Maguito Vilela e Junior Friboi. O peemedebista-chefe chegou a confidenciar a aliados que pensa em convidar Ronaldo Caiado a filiar-se ao PMDB e, em dezembro, ele assumiria o comando do partido. Não se sabe se Iris Rezende falou isto a sério. Se foi, deve levar em consideração que, recém-eleito senador, Ronaldo Caiado dificilmente deixará o DEM. Se tentar, o partido poderá tomar-lhe o mandato.
É cedo para definir teses, portanto é preciso tratar o debate como especulativo e rico mais em hipóteses. Porém, entre analistas refinados predomina a ideia de que a eleição de 2018 será, finalmente, a eleição da renovação. O senador eleito Ronaldo Caiado (DEM) pretende ser candidato a governador, mas apenas se conseguir montar uma grande aliança, que inclua o PMDB. Ao aliar-se a Iris Rezende em 2014, mesmo sabendo que o decano peemedebista não tinha qualquer chance de ser eleito, Caiado já estava pensando no futuro. Porém, apesar do desejo de Caiado de unir-se ao PMDB, o fato é que o partido não vai abdicar de lançar candidato em 2018. Será, possivelmente, Daniel Vilela. Enquanto ele terá pouco mais de 30 anos, Caiado estará, naquele ano, com quase 70 anos. Claro que o “novo” não tem a ver apenas com idade, mas o eleitor costuma levar a idade em consideração. Caiado, portanto, tem de ficar de olho nisto.
Os aliados do deputado federal Daniel Vilela (PMDB) estranham, cada vez mais, o empenho de Ronaldo Caiado (DEM) em lançá-lo para a disputa de prefeito de Goiânia em 2016. Os danielistas desconfiam que Caiado quer retirar Daniel Vilela do páreo das eleições para governador de Goiás em 2018. Aliados de Caiado sugerem que Daniel é muito jovem e pode disputar o governo em 2022 ou 2026. Quanto a Caiado, que terá 69 anos em 2018, dificilmente gera como disputar mandato em 2022, quando terá 73 anos. Os danielistas não concordam com a tese dos caiadistas. Daniel, afirmam, deve disputar o governo já em 2018.
O grupo de Júnior Friboi (PMDB) apoiou a reeleição do governador Marconi Perillo e, como não pediu nada em troca, está em alta. O tucano-chefe aprecia, além dos prefeitos, os advogados Robledo Rezende e Francisco Bento. Robledo e Chiquinho trabalharam na campanha de Marconi e contribuíram para esvaziar parte do PMDB. Se quiserem, irão para o governo do tucano. Robledo é cotado para a Secretaria da Agricultura, para a Agência de Agrodefesa e para a Emater. Ele foi secretário da Agricultura no governo de Maguito Vilela e foi aprovado tanto pelo peemedebista quanto pelos produtores rurais. Saiu como um dos secretários mais eficientes do governo de Maguito. Chiquinho é expert na área de turismo.
Seguidores do vilelismo dizem que Daniel Vilela, Leandro Vilela e Maguito Vilela pretendiam enfrentar o grupo de Iris Rezende, para assumir o controle do PMDB, com o apoio de Júnior Friboi. Mais: o líder do grupo seria Friboi. Porém, como Friboi ficou fora do processo em 2014, o vilelismo saiu das eleições com extrema força. Daniel Vilela foi o deputado federal mais bem votado do partido. Na campanha, Friboi levou Daniel Vilela ao frigorífico da família e apresentou-o aos funcionários. Mesmo assim, o vilelismo está meio afastado de Friboi e deve assumir o controle do PMDB.
O prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira (PDT), e seu secretário de Governo, Joaquim Liminha, presidente do PSC, trabalharam, como leões, na campanha do governador Marconi Perillo, no segundo turno. “Iris Rezende representa tudo aquilo que Goiás rejeita há 16 anos: atraso e vingança. Marconi Perillo faz um governo moderno. O Estado não é uma província”, afirma Joaquim Liminha. Todos os políticos ligados ao empresário Vanderlan Cardoso apoiam a candidatura de Marconi.
Um amigo do empresário Vanderlan Cardoso perguntou: “Por que, tendo apoiado Iris Rezende em 2010, no segundo turno, você não quis ajudá-lo na eleição deste ano?” Vanderlan Cardoso, segundo o amigo, teria dito mais ou menos o seguinte: “Não vou pegar na alça do caixão político de Iris Rezende pela segunda vez”. Em 2010, o líder do PSB apoiou Iris Rezende no segundo turno. E arrependeu-se.