Por Euler de França Belém

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O intelectual húngaro pesquisou a vida do revolucionário russo durante 40 anos
A Revolução Russa de 1917 teria ocorrido sem Lênin? Talvez não. Pode-se não apreciar o comunista, mas não há como desconsiderar que era um líder político extraordinário. Talvez não fosse um grande gestor, mas percebeu, ao menos num primeiro momento, que as ideias de administração americanas eram mais eficazes do que as fantasias da esquerda.
A abertura dos arquivos soviéticos permitiu acesso à documentação sobre o líder bolchevique (quiçá o primeiro “stalinista” — tanto que criou campos de concentração e a polícia que, mais tarde, deu origem à KGB). Daí a publicação da excelente biografia “Lênin”, de Robert Service. A tradução é caótica, com erros primários, mas a pesquisa é reveladora. Um complemento é “Reconstruindo Lênin — Uma Biografia Intelectual” (Boitempo, 640, tradução de Baltazar Pereira e Pedro Davoglio), de Tamás Krausz. Segundo a editora, o autor teria pesquisado durante 40 anos (o que, sem dúvida, é surpreendente).
Release da Boitempo: “Vladímir Ilitch Lênin é uma das figuras mais enigmáticas e influentes do século XX. Embora sua vida e seu trabalho sejam cruciais para a compreensão da história moderna e do socialismo, gerações de escritores, à esquerda e à direita, consideraram oportuno embalsamá-lo com uma análise superficial ou um dogma sombrio. Agora, quase trinta anos depois da queda da União Soviética e do “socialismo real”, retornar a Lênin e mirar em suas contribuições teóricas e políticas mostra-se necessário. Reconstruindo Lênin: uma biografia intelectual, resultado de quatro décadas de pesquisas do húngaro Tamáz Krausz, especialista em história russa, cumpre essa tarefa.
“O primeiro dos oito capítulos do livro apresenta uma visão geral da vida e da trajetória política de Lênin, deixando de lado os mitos e humanizando o líder revolucionário. Na sequência, Krausz conduz o leitor ao âmago do pensamento teórico e da prática política de Lênin, com explicações lúcidas e equilibradas de seu desenvolvimento intelectual, passando por diversos tópicos como capitalismo russo, guerra, tipos de ditadura, democracia, socialismo e utopia. Esse rico e penetrante relato revela Lênin ocupado no trabalho da revolução e da elaboração de seu pensamento, ao mesmo tempo atento a eventos políticos imediatos e coerente com sua perspectiva teórica. Krausz demonstra a relevância do leninismo em nosso tempo, defendendo que uma versão renovada da doutrina poderia gerar uma força emancipadora e fornecer ferramentas para aqueles que ainda pensam na possibilidade de um mundo mais igualitário.
“Vencedor do Deutscher Memorial Prize em 2015 — prêmio atribuído todos os anos em Londres à melhor e mais inovadora publicação sobre a tradição marxista —, esse trabalho monumental é uma contribuição importante para um campo crescente de estudos contemporâneos sobre Lênin. Também é uma oportunidade indispensável que os leitores de língua portuguesa terão para conhecer um reconhecido acadêmico húngaro da mesma tradição de Lukács, Tõkei e Mészáros, figura chave da esquerda anticapitalista húngara.
“‘Reconstruindo Lênin’ revela um homem ao mesmo tempo empenhado na revolução, comprometido com uma perspectiva teórica coerente e constantemente formado pelos eventos políticos. A combinação de descrições detalhadas e explicações teóricas cobre tópicos como guerra e revolução, ditadura e democracia, socialismo e utopia. Ao lado da coleção Arsenal Lênin – que inclui uma edição especial de ‘O Estado e a Eevolução’ e dos ‘Cadernos Filosóficos’ —, a obra inaugura a iniciativa da Boitempo de trazer de volta à luz essa figura histórica, considerando toda sua complexidade como político, intelectual e revolucionário. É um investimento de longo prazo para dar subsídios a pesquisadores brasileiros que desejem discutir Lênin com propriedade e em profundidade.”
O filósofo István Mészáros escreveu sobre a pesquisa: “Um trabalho academicamente exemplar, escrito com perspicácia penetrante e comprometimento inabalável. Com atenção ricamente documentada aos detalhes, ele ilumina a formação e o disputadíssimo impacto da imensa biografia de Lênin em sua configuração histórica dinâmica”.
O brasileiro José Paulo Netto disse sobre o livro: “A exaustiva pesquisa de Krausz resultou numa obra admirável. Depois de percorrer este livro, o leitor haverá de contemplar Lênin, sua vida e sua obra sob novos prismas”.

A Cultura, como melhor livraria do Brasil (a Livraria da Vila, a Livraria Travessa e a Livraria Martins Fontes aproximam-se de sua qualidade), precisa ser biografada de maneira independente. Enquanto não é, vale a pena ler o livro “O Livreiro” (Planeta, 240 páginas), de Pedro Herz. Ainda não li, mas já entrou para minha lista penelopiana.
Release da editora: “Impulsionada pela necessidade de complementar a renda da família, Eva Herz — imigrante judia que veio para o Brasil fugindo da perseguição nazista — decidiu investir na compra de alguns best-sellers para alugar a seus compatriotas alemães em São Paulo. A engenhosa iniciativa deu origem, em 1947, à Biblioteca Circulante, que posteriormente se estabeleceria no cenário nacional como Livraria Cultura, marco artístico e cultural da cidade e referência quando o assunto é leitura.
“Em O livreiro, Pedro Herz, filho mais velho do casal Eva e Kurt, faz um relato biográfico de como a família se firmou na nova cidade e, mais do que isso, fundou a livraria de maior pulsação cultural do país. Uma história de empreendedorismo que rendeu a Pedro experiências marcantes — como conhecer o pai de Anne Frank durante os anos em que viveu na Suíça; ter o ‘poetinha’ Vinicius de Moraes autografando o livro ‘Falso Mendigo’ em um engraçado episódio que se deu em 1978; além de vivenciar umas das mais significativas manifestações da sociedade civil brasileira pelo fim do regime militar durante o lançamento, na Livraria Cultura, da obra ‘O que é isso companheiro?’ [do jornalista e escritor Fernando Gabeira].
“Um livro inspirador, que apresenta a trajetória admirável do empreendedor cultural Pedro Herz, e vai além, promovendo importantes reflexões sobre o futuro da leitura no Brasil e sobre a história de uma livraria que, nas palavras do escritor e jornalista Ignácio de Loyola Brandão, ‘só São Paulo faria’.”
“Imperdível”, como dizem o crítico literário Marcelo Franco, conhecido como príncipe do Facebook, e o jornalista e escritor Iúri Rincon, o rei das redes sociais.

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