Ex-ministro e homem forte do primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ex-deputado José Dirceu estreou uma coluna no portal de notícias Congresso em Foco. O primeiro artigo publicado, neste sábado, 6, traz uma polêmica com as Forças Armadas. No texto, ele pede a responsabilização dos militares pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que culminaram na depredação de prédios da Praça dos Três Poderes.

Para Dirceu, ex-presidente nacional do PT, a tentativa de golpe, que completará um ano, teve suas raízes no apoio das Forças Armadas ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016, e no suporte à eleição de Jair Bolsonaro em 2018, além da participação ativa dentro do governo anterior e na conivência com acampamentos pró-intervenção militar após a eleição de Lula.

Um dos principais conselheiros de Lula até deixar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil em 2005, após o escândalo do mensalão, o ex-deputado considera os atos golpistas uma consequência direta do envolvimento dos militares na política brasileira desde a ditadura. Ele critica a falta de responsabilização por crimes e violações de direitos humanos cometidos durante esse período. Segundo ele, o silêncio dos comandantes militares frente aos pedidos de intervenção militar e destituição de Lula incentivou os atos golpistas.

O ex-ministro defende que todos os envolvidos nos eventos golpistas, independentemente de sua origem ou status, devam ser processados e, se condenados, proibidos de participar da vida política do País.

Colunista de jornal
A inclusão de Dirceu no time de articulistas do Congresso em Foco, segundo o fundador do site, o jornalista Sylvio Costa, visa diversificar e enriquecer o conteúdo oferecido pelo veículo. “Ao abrir uma coluna fixa para uma das mais expressivas lideranças da esquerda brasileira, o Congresso em Foco está certo de dar um passo a mais para cumprir com êxito a sua missão jornalística, por duas razões. De um lado, porque amplia a pluralidade de vozes que utilizam o seu espaço de opinião. Do outro, porque oferece à sociedade reflexões de um observador da cena nacional que, concordemos ou não com suas ideias ou com sua trajetória partidária, sempre demonstrou rara capacidade para conciliar ativismo público e indiscutível argúcia para analisar os fatos políticos”, acentuou o empresário.

Segundo Costa, Dirceu elaborará mensalmente um artigo que será publicado no Congresso em Foco.

Trajetória de Dirceu
Natural de Passa Quatro (MG), José Dirceu de Oliveira e Silva, de 77 anos, pai do atual líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), teve uma carreira política marcante. Líder estudantil e preso pela ditadura militar, foi deportado em 1969 e viveu exilado em Cuba. Ele retornou ao Brasil na clandestinidade.

Fundador do PT, foi deputado estadual e federal, tendo papel chave na eleição de Lula em 2002, quando se tornou ministro da Casa Civil. Deixou o cargo após denúncias de envolvimento no escândalo do mensalão e foi condenado na Operação Lava Jato. Apesar disso, mantém prestígio nas bases petistas e entre intelectuais, muitos dos quais o veem como vítima de perseguição política.

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