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O tucano-chefe de Goiás avalia que é preciso agir com responsabilidade e pensar mais na recuperação e crescimento da economia do que em eleições
Há quem no PSDB avalie que o deputado federal Waldir Soares deveria ser expulso o quanto antes. Os mais ponderados (e racionais) contrapõem: é tudo que o delegado quer para se tornar a grande vítima do pleito deste ano. O tucanato ligou os radares para verificar as críticas do delegado ao governo de Marconi Perillo. São críticas fortes. Na campanha, os tucanos vão frisar que Waldir Soares pertenceu ao PSDB. Ele foi eleito deputado pelo partido — e sempre elogiando o governador tucano.

Em conversas públicas, até gravadas, o empresário Vanderlan Cardoso tem dito, com todas as letras, que sua prioridade eleitoral em 2016 não é se eleger prefeito de Goiânia, e sim derrotar o prefeito de Senador Canedo, Misael Oliveira, do PDT, e eleger o empresário Zélio Cândido, do PSB — ou, se este não decolar, sua mulher, Izaura Cardoso, do PSC.
A tese do líder do PSB é realista; afinal, em política, mais vale um pássaro nas mãos do que dois voando. Se perder em Goiânia e em Senador Canedo, sairá desprestigiado e, possivelmente, terá de encerrar sua carreira política. Por isso, depois de algumas conversas, admite ser o candidato a vice do deputado federal Giuseppe Vecci, do PSDB. A contrapartida seria o apoio do governador Marconi Perillo ao seu candidato em Senador Canedo.

Rio Verde tem pelo menos três pré-candidatos consistentes: Heuler Cruvinel, Lissauer Vieira, ambos do PSD, e Paulo do Vale, do PMDB. Karlos Cabral corre por fora por dois motivos: o desgaste abissal do PT e a falta de estrutura.
Heuler e Lissauer unidos, sob a bênção do prefeito Juraci Martins, são difíceis de serem batidos. Porém, com duas candidaturas, de Heuler e Lissauer, podem fortalecer o peemedebista.
Os dois integrantes do PSD querem ser candidatos, mas Lissauer é o preferido de Juraci Martins. Uma tese beneficia o deputado estadual. Rio Verde é um município grande, com uma população em expansão, mas com recursos de menos para obras de grande vulto. Por isso, a prefeitura precisa, e muito, dos recursos federais, em geral do Orçamento da União. A permanência de Heuler, político jovem, na Câmara dos Deputados talvez seja mais útil para Rio Verde — para atrair recursos federais —do que sua presença na prefeitura. A tese, que pode não agradar Heuler, é racional, lógica.
Como a reeleição caiu, Lissauer poderia disputar a prefeitura em 2016, com o apoio de Heuler, e este poderia disputar em 2020, com o apoio daquele. Considerando, é claro, que o grupo de ambos vai eleger o prefeito.

[caption id="attachment_31378" align="aligncenter" width="620"] Marconi Perillo e Dilma Rousseff: no lugar de jogar para a “plateia” do PSDB nacional, o tucano pensou no interesse dos goianos | Foto: Wagnas Cabral[/caption]
Um tucano com presença política nacional afirma que, ao fazer a defesa da presidente Dilma Rousseff (PT), no encontro de Goiânia, na semana passada, o governador de Goiás, Marconi Perillo, fez três movimentos — quem sabe de maneira estudada, e não de improviso, como pareceu a alguns jornalistas.
Primeiro, num lance ousado, usurpou a festa do prefeito Paulo Garcia, que lançava o BRT. A festa, que era do petista-chefe, se tornou “de” Marconi Perillo — que ganhou destaque nacional, ao pregar a tolerância numa momento de grave crise econômica e política. A maioria das pessoas parece ter aprovado o comportamento do tucano-chefe.
Segundo, ao se expor, não tendo receio de defender Dilma Rousseff, Marconi pode ter colaborado para viabilizar seu governo. O ano de 2015 está sendo ruim para o Brasil e, como Goiás não é uma ilha, a crise começa a atingi-lo. É provável que a petista libere mais recursos para o Estado, inclusive para a construção do VLT.
Terceiro, na cúpula do PSDB nacional, e na imprensa mais crítica ao PT, a movimentação de Marconi não agradou.
Porém, ao pensar mais em seu governo, quer dizer, nos interesses dos goianos — e não nos debates políticos nacionais —, Marconi agradou políticos e empresários locais. Até petistas goianos, inclusive os que nutrem um paixão edipiana por Iris Rezende, admitiram que Marconi Perillo, ao agradar Dilma Rousseff com seu discurso, deu uma tacada de mestre. O tucano “usou” as vaias, articuladas por um grupo de petistas ensaiados, contra os próprios apupadores e deu-se bem. Ao lado, um petista comentou: “Bem que o prefeito Paulo Garcia poderia ter a habilidade de Marconi”.
A um tucano, que, embora próximo, guarda independência em relação a Marconi, perguntaram: “O governador foi sincero?” Sua resposta: “Foi. Marconi criou uma relação positiva, de respeito, com a presidente Dilma. Seu problema é com o ex-presidente Lula, porque este não lhe perdoa o fato de ter confirmado que o havia alertado sobre o mensalão. O fato é que, como Dilma, o governador é republicano. Lula é jacobino”.
O presidente Barack Obama decepciona a esquerda internacional. É a velha história da paixão desencontrada. Quando se conhece uma pessoa, de quem se está afim, fantasia-se uma imagem, próxima da perfeição, e aí, quando ela aparece como é, e não como pensávamos que fosse, ficamos decepcionados. A esquerda fantasiou Obama, fazendo dele o que queria que fosse, um socialista, ainda que moderado, quando o presidente norte-americano governa um império, o Império — é um misto de Júlio César e Cleopatra dos tempos contemporâneos —, inteiramente capitalista. O presidente dos Estados Unidos é o gerente de uma economia extremamente agressiva, que, para se reproduzir e beneficiar o público interno, altamente consumista, precisa de enfrentamentos frequentes. Podem ser guerras meramente comerciais ou guerras bélicas mesmo. A função de Obama, portanto, não é fazer charme e posar de esquerdista para plateias revolucionárias. Seu papel básico é manter os Estados Unidos como potência dominante, mas claro que, como o indivíduo tem importância histórica, movendo o mundo, ainda que às vezes lentamente, Obama tende a melhorar as condições de vida dos pobres americanos.
Entre a Superintendência de Indústria e Comércio e a companhia Goiasindustrial, o empresariado anapolino tende a optar pela segunda, ficando a primeira com Aparecida de Goiânia ou Rio Verde. Aposta-se que, esvaziada, a superintendência não terá força alguma. Será meramente decorativa. Mas a Goiasindustrial, que tem autonomia, permaneceria forte.
O prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, do PT, não vai admitir isto publicamente. Mas mudou de mala e cuia para a campanha de Iris Rezende. Paulo Garcia percebeu que o candidato do PT a governador, Antônio Gomide, não tem mais chance de ser eleito e, por isso, avalia que o negócio é garantir o segundo turno. Para tanto, investe suas energia para melhorar os índices de Iris Rezende em Goiânia.