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Demissões de Eliane Cantanhêde e Fernando Rodrigues tiram um pouco o brilho da Folha de S. Paulo

fernando-rodrigues-cantanhede-folha As redações patropis às vezes cometem um erro com seus melhores repórteres. No lugar de incentivá-los a continuar como repórteres, escrevendo textos de maior envergadura, colocam-nos, quando se tornam mais conhecidos, para escrever artigos. Nenhuma redação de alta qualidade demite profissionais do quilate de Eliane Can­tanhêde e Fernando Rodrigues. Pois a “Folha de S. Paulo” demitiu-os na semana passada. Eliane Cantanhêde escrevia artigos na página 2, com perspicácia e moderação, e com massa crítica apropriada. Tão objetiva que às vezes era apontada como “petista” e, logo depois, como “tucana”. Não é uma coisa nem outra. É uma colunista que, embora possa ter suas simpatias políticas — todos temos —, mantém aguçado o faro de repórter. Porém, articulistas, mesmo quando muito bons, são mais dispensáveis do que grandes repórteres (cada vez mais raros). Talvez seja o caso da jornalista, que continua a trabalhar no Globo News (no telejornal “Globo News em Pauta”). Dado seu talento, breve estará escrevendo num grande jornal, como “O Globo”. Fernando Rodrigues foi, durante anos, ao lado de Gilberto Di­menstein, o golden boy da redação da “Folha”, onde trabalhou 27 anos. É repórter notável e redator de texto preciso e elegante (o que não quer dizer pomposo). Aos poucos, mesmo continuando a atuar como repórter, passou a escrever artigos na cobiçada página 2. Por que foi demitido se é um dos mais qualificados repórteres? Possivelmente, devido ao salário — um dos mais altos da redação. Ele continua a escrever no UOL, que pertence ao grupo que edita a “Folha”, e a fazer comentários na rádio Jovem Pan. Uma idiossincrasia: a demissão que mais lamentei foi a de Eduardo Ohata. Sou aficionado de boxe, que considero uma espécie de sétima arte — acima do cinema, que é, no máximo, a sétima sub-arte (que me perdoe o excelente crítico André Ldc) —, e poucos jornalistas escrevem tão bem a respeito quanto o ex-repórter da “Folha”. Ele publicou textos antológicos sobre lutas de Muhammad Ali — o boxeador que batia tão bem quanto apanhava — e Mike Tyson