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O Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, foi destruído em um momento de promessa de unificação e diálogo. Trinta anos depois, em meio a polarização política, o Brasil pode tirar lições da história
[caption id="attachment_219531" align="alignnone" width="620"] Pessoas no topo do Muro de Berlim, perto do Portão de Brandenburgo, em 9 de novembro de 1989 | Foto: Reprodução / Sue Ream / Wikimedia Commons[/caption]
Neste sábado, 9 de novembro, trinta anos no passado, às 18:45 no horário de Brasília, caía o Muro de Berlim. O maior símbolo da Guerra Fria dividiu uma cidade ao meio, separando famílias e nações por 27 anos, para ser derrubado em 1989 ao ceder às pressões por unificação dos alemães divididos e ao desgaste da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Na realidade, o muro não era apenas um muro, mas uma linha de 140 quilômetros composta por (em ordem, do leste para o oeste) uma barreira de concreto com 3,6 metros de altura, fossos de 3,5 metros de profundidade para impedir progresso de veículos, mil e quatrocentos soldados, 260 cães de guarda, 20 bunkers, uma cerca de arame farpado, sistema de alarme, estacas de aço (chamadas de “carpete de Stalin”), outro muro de concreto coberto com cerca elétrica, 302 torres de vigia e um caminho pavimentado para veículos de guarda. Nem todos os elementos estavam lá em 1961, quando o bloqueio foi construído, mas foram sendo gradualmente implementados ao longo dos anos.
Cem metros dividiam uma margem a outra do limite entre a Alemanha Ocidental, chamada de República Federativa Alemã, e a Alemanha Oriental, conhecida como República Democrática Alemã (DDR, Deutsche Demokratische Republik), que não era uma república, nem democrática e tampouco alemã. Em seus anos de vigência, mais de 8.500 pessoas atravessaram do leste para oeste e pelo menos 140 morreram tentando, segundo o Memorial do Muro de Berlim. Ainda segundo a instituição alemã, os soldados, que tinham ordens de atirar para matar, reduziram o número de fugas em 75%, isto é, 2.300 incidentes por ano, e mudou Berlim de um dos pontos mais fáceis de se atravessar a fronteira para um dos mais difíceis.
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Foto revela área conhecida como "Faixa da Morte", onde | Foto: Reprodução / Wikimedia Commons[/caption]
Após o fim da Segunda Grande Guerra, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação de membros das Forças Aliadas. Estados Unidos, França, Reino Unido e URSS passaram a controlar os territórios da cidade de Berlim, apesar de esta estar situada dentro da zona soviética. De 1945 a 1952, as tensões da Guerra Fria se acirraram conforme os países não soviéticos se uniram em uma zona para reconstrução financiada pelo Plano Marshall.
A inevitável comparação entre ocidente e oriente promoveu uma migração em massa do leste para o oeste. Entre 1945 e a construção do muro, mais de 3.5 milhões de alemães fugiram da DDR, cerca de 20% da população do país oriental. Quem propôs um sistema de controle ao movimento da população em 1952 foi o ministro de assuntos exteriores, Vyacheslav Molotov (o homem cujo nome foi dado ao artefato explosivo coquetel Molotov). Porém, as restrições burocráticas por meio do controle de passaportes foram lentamente escalando. A barreira física e aperfeiçoamentos para matar se tornando gradualmente mais eficientes, até que a epítome da Cortina de Ferro se materializasse no Muro de Berlim.
Um Goiano no outro lado do muro
Wilson Ferreira Cunha é antropólogo, cientista político e professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Tendo se formado em história pela Universidade Russa da Amizade dos Povos, em Moscou, de 1965 a 1972, o professor teve a oportunidade de cruzar a fronteira entre mundo capitalista e socialista várias vezes. Wilson Ferreira Cunha conta sobre a experiência de viajar da DDR para o mundo ocidental: [caption id="attachment_75946" align="alignnone" width="620"]
A queda
A pressão dos refugiados orientais aumentou até os últimos dias do muro. Conforme o chefe do partido comunista em Berlim Oriental Günter Schabowski afirmou ao jornal Deutsche Welle anos depois, a estratégia para lidar com os cidadãos descontentes e que apresentavam potencial de gerar protestos era expedir permissões oficiais para migrar ao oeste. Mais de 600 mil alemães orientais migraram, mais da metade com permissão da DDR. Em novembro de 1989, o movimento migratório cresceu tanto que os órgãos encarregados da DDR sofriam com o volume de burocracia. Para aliviar a demanda da expedição de permissões, no dia 9 de novembro, a administração ministerial modificou a política, incluindo viagens particulares de ida e volta na lista de autorizações. O anúncio seria dado à mídia ocidental por Günter Schabowski, e as novas regras deveriam entrar em vigor no dia seguinte. https://www.youtube.com/watch?v=su49zXNeJr4 Günter Schabowski, entretanto, não estava bem informado da mudança de regras, que foram concluídas horas antes da comunicação oficial, e recebeu as novidades em bilhete que leu em voz alta, ao vivo, sem conhecer seu conteúdo. O repórter italiano Riccardo Ehrman, da ANSA, perguntou ao líder do partido quando os regulamentos entrariam em vigor. Schabowski respondeu: "Pelo que sei, imediatamente, sem demora". Confiando nas informações vindas do ocidente, milhares de alemães orientais se dirigiram ao muro https://www.youtube.com/watch?v=ube21r7l2oM As cenas televisionadas mostram soldados desinformados hesitantes permitindo a passagem do povo, que se colocou a atacar a muralha em meio à reencontros de famílias e amigos divididos.Lições do Muro de Berlim
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Governador do Tocantins por quatro vezes, fundador do Estado foi fundamental para o desenvolvimento da região, que pertencia a Goiás