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A primeira entrevista ao vivo para a TV do novo governador foi um desastre completo. Sandoval deixou de responder perguntas importantes e não se fez ser entendido quando parecia responder. Gaguejou, mastigou as palavras e deu a impressão de não ter o quer dizer. Um espetáculo constrangedor. E não se pode dizer que é por falta de experiência nem desconhecimento do governo. Se em 30 dias ainda não se inteirou da realidade do governo, quanto mais de tempo vai precisar para virar governador?
O ex-governador Siqueira Campos (PSDB) e o ex-secretário de Relações Institucionais Eduardo Siqueira Campos (PTB) não compareceram à sessão da Assembleia Legislativa de eleição e posse do governador tampão Sandoval Cardoso (SDD), mas não puderam evitar os comentários. Há quem diga que foi para poupar o novo governador, mas há quem pense que foi para evitar constrangimentos. A explicação mais plausível para a ausência seria a cautela dos Siqueira em não parecer que ainda controlam o poder. Se foi por esta razão pouco adiantou. Todo mundo quase acredita que eles ainda mandam e desmandam no Palácio Araguaia.
O ainda deputado Sandoval Cardoso ao discursar como candidato a governador disse que o novo estilo de governar que poderia ser implantado com a sua eleição tem como princípio o seu estilo próprio de caminhar. Uma frase inócua, sem sentido. Um líder político que chega ao poder carregado pelo siqueirismo, como pode falar em estilo próprio de caminhar?
Depois das eleições indiretas o presidente do PT, Júlio César Brasil, ajusta discurso com o pré-candidato do partido que defende a união das oposições para vencer as eleições. “A oposição precisa dialogar e estar unida para derrotar a velha política no Tocantins, elegendo um governo que esteja comprometido em promover as mudanças que o Estado precisa”, prega o dirigente, que assegura que Paulo Mourão está preparado para esse desafio.
O tradicional Colégio Agrícola de Pedro Afonso com mais de 40 anos de funcionamento entra numa nova fase. Passa a ser comandado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins (IFTO). O processo já começou com a seção do terreno para o IFTO, conforme lei editada pelo Executivo e aprovada pela Assembleia Legislativa. O instituto vai manter os cursos técnicos oferecidos pelo colégio e oferecer novos cursos superiores de acordo com a demanda da região. Pedro Afonso que destaca como importante de produção de grãos comemora a chegada do ensino superior na região.
Está enganado quem acha que o procurador da República Mário Lúcio Avelar (PPS) é uma carta fora do baralho na sucessão estadual. O procurador é candidatíssimo a governador, está com o discurso afinado de combate a corrupção e tem apelo popular. Foi o que ficou evidente durante palestra da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva sobre sustentabilidade, no auditório da UFT. Avelar foi bastante aplaudido quando citado pela ex-ministra como pré-candidato ao governo do Estado.
A primeira novidade do governo Sandoval Cardoso é o que se pode considerar de mudança para pior. A pasta do Planejamento, que já foi ocupada pelo ex-senador Eduardo Siqueira Campos e o experimentado ex-ministro Flávio Peixoto, foi entregue ao ex-vereador de Paraíso do Tocantins Joaquim Júnior, um aliado de primeira hora do governador. Júnior, que ocupava a diretoria-geral da Assembleia Legislativa, teve uma passagem desastrosa e muito questionada pela Secretaria da Juventude do governo Gaguim, numa indicação do então deputado Sandoval Cardoso. A Secretaria de Planejamento vinha sendo ocupada cumulativamente pelo secretário da Fazenda, Marcelo Olímpio, desde a renúncia de Siqueira Campos.
A eleição de Sandoval em vez de tranquilizar trouxe preocupação para os ocupantes do primeiro escalão do governo. Os secretários não sabem se ficam ou se serão convidados a deixar o governo. No fundo sabem que vão perder o cargo para indicações dos deputados. Pelo menos foi assim no governo Gaguim, em quem Eduardo se inspirou.
Em nota enviada esta coluna a assessoria de comunicação do governo do Estado esclarece que diferentemente do que foi divulgado por esse veículo na nota sobre “transparência nas diárias”, o governador Sandoval Cardoso não assinou o Decreto nº 4.807, que elimina a alínea “f”, do Inciso IV, artigo 7º, do Decreto de execução orçamentária e financeira nº 4.576/2013. Ainda segundo a nota a Controladoria Geral do Estado reforça que ao contrário do que diz o texto a exclusão da alínea também não ocorreu no Decreto nº 5.014 de 25 de março, publicado no DOE de 27 de março, ambos deste ano. Por fim declara que no Portal da Transparência do Estado são divulgadas, em tempo real, informações pormenorizadas acerca da execução da despesa pública, inclusive no que diz respeito a diárias.
O deputado Stalin Bucar (SDD) considerou coerente a decisão do PMDB autêntico de não participar da eleição indireta e fez duras críticas a ala do partido que lançou até candidato. Bucar ainda questionou o posicionamento do PT, do Pros e do PV, que segundo ele questionam a renúncia de Siqueira Campos e João Oliveira e participaram a eleição. “É no mínimo incoerente classificar a renúncia de golpe e participar da eleição”, considerou o deputado.
[caption id="attachment_3233" align="alignleft" width="300"] Professor Danilo de Melo: a disputa será pela Assembleia Foto: Pedro Sotero[/caption]
O professor Danilo de Melo (PSB), que vinha sendo cogitado candidato a deputado federal, decide disputar uma cadeira na Assembleia Legislativa. O ex-secretário da Educação disputa espaço com outro professor, Alan Barbiero, ex-reitor da UFT. Ambos têm chances de sucesso, mas vão ter que trabalhar muito para um não atrapalhar o outro.
Para o ex-prefeito de Porto Nacional Paulo Mourão (PT) o fracasso do governo Siqueira Campos tem explicação: fadiga de material. “Uso exaustivo de um modelo de gestão que pode ser bom para o governo, mas altamente prejudicial ao Estado”, comenta o petista denunciando o aumento exorbitante da dívida pública e desvio de finalidade na aplicação dos empréstimos contraídos pelo Estado junto a instituições financeiras para investimento. Mourão aponta que a continuidade deste modelo é preocupante e pode fragilizar ainda mais as finanças do Estado.
Os prefeitos de Palmas, Carlos Amastha (PP), de Araguaína, Ronaldo Dimas (PR), e de Gurupi, Laurez Moreira (PSB), apoiam Sandoval Cardoso (SD) ou Eduardo Siqueira Campos (PTB) pelo mesmo motivo. Não estão pensando no melhor para o Estado, nem em parceria para os seus municípios, mas em seus projetos políticos. Se Sandoval Cardoso for eleito em outubro, não poderá ser candidato à reeleição em 2018, o que os favorecerá no pleito naquele ano. Os três fazem planos para disputar o governo do Estado na eleição de 2018. Nem sempre a política é movida por ideal, quase sempre é por puro interesse.
O jovem Alexandre Siqueira (PSDB) está em campanha por uma cadeira na Câmara Federal, embora não admita. Ele tem sido presença constante em eventos políticos na capital, quase sempre representando o pai Siqueira Campos ou o irmão Eduardo Siqueira. Alex, pela postura simples e discurso bem articulado, já está sendo considerado o novo herdeiro político do ex-governador. Tem chances de se eleger.
A senadora Kátia Abreu (PMDB), que tem direito a disputar a reeleição para o Senado, ainda é o nome mais cotado, mas a disputa não será fácil. O ex-governadores Siqueira Campos e Carlos Henrique Gaguim, o ex-prefeito de Palmas Raul Filho e o senador João Costa (PR) também estão no páreo. Há quem diga que será uma disputa mais acirrada que a do Palácio Araguaia. Disputa dramática, seria o termo mais adequado.