Resultados do marcador: A hora do estrategista

[caption id="attachment_72112" align="aligncenter" width="620"] Governador de Goiás, Marconi Perillo[/caption]
Política é essencialmente articulação. Mas há momentos em que as articulações são mais lentas e, de repente, aceleram-se — até pela premência das datas, como as das convenções partidários, quando ocorrem os afunilamentos. A urgência assemelha-se ao samba do crioulo doido. Na semana passada, quase do nada — mas é preciso verificar que o PMDB e o PSDB, ao menos tem termos nacionais, irmanaram-se mais uma vez —, setores do tucanato e do peemedebismo chegaram a articular uma aliança em Goiânia. Se estabelecida, seria uma prova de civilização, de que novos tempos chegaram à política de Goiás, com o discurso do ódio, entre iristas e marconistas, cedendo à maturidade dos novos tempos. Entretanto, como houve reações viscerais, notadamente na cúpula do PMDB e do DEM, a aliança foi por água abaixo. Há uma tendência, em alguns círculos, de se avaliar que cada eleição joga sua própria e tem sua singularidade. Não deixa de ser verdade, mas não é a verdade toda.
A realpolitik sugere que há um político articulando para além de 2016, ou melhor, vários políticos. O governador Marconi Perillo é um ás da política e sabe que ninguém fica no poder eternamente, sobretudo se não renova o próprio grupo. O exemplo gritante de debacle motivada por falta de percepção tanto da história quanto da dinâmica do presente é a cúpula do PMDB, que jamais soube se renovar. Em cinco eleições, mesmo ficando patente que era preciso mudar, a cúpula estadual bancou apenas dois políticos para a disputa — Iris Rezende, três vezes, e Maguito Vilela, duas vezes. Equivale a 20 anos (que se completarão em 2018).
Diferentemente dos peemedebistas, Marconi Perillo está de olho no que está acontecendo (e no que pode acontecer) e, mesmo sem que parte de sua base política perceba o que está fazendo, está movendo as peças do xadrez político, tentando atrair novas forças para sua aliança política. Nada é fácil e nem sempre acerta. Em 1998, se tivesse aceitado a aliança com o PSDB, o grupo de Iris Rezende teria se mantido no poder. Em 2018, com a possibilidade de compor com o PMDB, o grupo de Marconi Perillo poderia, quem sabe, manter-se no poder.
Como todo político habilidoso, Marconi Perillo não joga tão-somente num front — quase sempre milita entre dois ou três. A aliança com o PMDB não deu certo, mas a jogada política permitiu uma recomposição com Vanderlan Cardoso, candidato do PSB a prefeito de Goiânia — bancado pela senadora Lúcia Vânia. Ao integrar a base governista, ainda que diga que vai manter certa independência, sobretudo em relação aos seus projetos, o líder socialista se tornará, ganhando ou perdendo a prefeitura, um importante aliado do tucano-chefe e de seu candidato a governador em 2018. É uma peça a mais, e importante, na armação do jogo político. Armando Vergílio e o deputado Lucas Vergílio, ao apoiarem Vanderlan Cardoso, não estão dizendo que voltaram para base governista, mas ao menos retiraram o Solidariedade dos braços do PMDB de Iris Rezende.