Uma juventude que ousa lutar
17 setembro 2020 às 09h58
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Do leitor
Em Goiânia, há uma cultura política enraizada que sustenta o imaginário de que espaços políticos são ocupados principalmente por homens, velhos e ricos, à serviço da manutenção de uma sociedade que explora, violenta e mata o povo trabalhador.
Peço atenção para o termo “ocupados”, uma vez que os cargos públicos não pertencem às antigas figurinhas carimbadas da política goiana, ou pelo menos, não deveriam.
A possibilidade da mudança indica que é possível acreditar numa outra forma de fazer política, pensada para e com o povo goianiense que vivencia a cidade como ela é. Um povo que paga altas tarifa no transporte coletivo, moradores de bairros periféricos, que frequentam o Centro da cidade somente para trabalho, sem acesso à moradia digna, educação, saúde, segurança… Estamos falando de uma luta popular e é aqui que entra o espírito revolucionário da juventude.
Porém, “O jovem no Brasil não é levado a sério”, já enuncia um dos sucessos da banda Charlie Brown Jr. no ano 2000. Nós, jovens, somos retratados muitas vezes de maneira infantilizada, como se quem tem seus 18, 21 ou 24 anos de vida não fosse capaz de opinar ou de representar de forma responsável outras pessoas. Esquecem que nós somos a alternativa para um amanhã melhor e que nossas ideias florescem em alta velocidade.
Esse pensamento reducionista faz parte da cultura academicista de que o conhecimento técnico ou profissional em determinado assunto são cruciais. Mas e a vivência pessoal e a bagagem de experiências que são adquiridas independente da idade ou da formação acadêmica? Um jovem sem teto pode falar com mais propriedade sobre moradia do quê um estudioso no assunto…
Inclui-se aqui também os militantes de movimentos sociais, ativistas e engajados socialmente em alguma ação popular ou entidade civil, ávidos por uma sociedade mais justa e empática. Legitimar essa tese é reconhecer que o poder popular é válido e que a juventude também deve ter espaço e vez no parlamento.
Mas a renovação política pela renovação política não basta. Não basta que haja novos e jovens rostos em cargos políticos, é preciso que esses sejam capazes de lutar contra o sistema em vigência anti-povo, anti-democrático e capitalista.
A velha política há muito não representa o interesse popular por uma sociedade com mais justiça social, onde as vidas estejam acima do lucro, uma sociedade igualitária e justa.
Se ser jovem significa mudança, sejamos nós a mudança que queremos ver no mundo. O futuro é agora!
* Letícia Scalabrini é militante da Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e candidata à vereadora de Goiânia