por Neri Caetano Barbosa*,

especial para o Jornal Opção

Os rios de Goiás choram pelas toneladas de areia extraídas de forma mecanizada dos aluviões ativos do leito de carga diariamente, de forma irregular, sem licença, sem fiscalização e sem planejamento. A atividade causa danos aos mananciais: desvios dos seus leitos, desmoronamento de barrancos, supressão de vegetação nativa de suas margens. 

O excesso de areia nos mananciais, por sua vez, vem do desmatamento irregular e desordenado, do plantio de lavouras de soja e milho sem planejamento e cuidados com o solo. Para tentar corrigir o problema, se colocam carretas para transportar até cem toneladas de areia cada uma, danificando as estradas, pontes e mata-burros. O ônus de tudo isso fica para o Estado, municípios e produtores rurais da região. 

A atividade começou timidamente, com a extração manual. Primeiro, o transporte era em carroças; depois em caminhõezinhos toco; depois, caminhões truque; agora, em bitrens de 60 toneladas. Como temos abundância em areia de muita qualidade e ausência de fiscalização, empresas de fora estão vindo explorar os nossos bens minerais. 

Hoje, em Goiás, a areia é mais lucrativa do que a do ouro pela abundância, pela facilidade de extração e pelo mercado sempre aquecido da construção civil em Goiânia e Brasília. A falta da cobrança do licenciamento e da exigência de que construtores recuperem os danos ambientais, como prevê a lei, são também um fator atrativo para os exploradores.

Além de todos esses fatores, ainda existe a questão da poluição das águas. A extração mecanizada de areia faz com que a água mude de cor, ficando mais turva, que fique cheia de materiais sólidos em suspensão e de óleos e graxas depreendidos das máquinas. Além do dano ambiental, muitos desses cursos d’água são mananciais de abastecimento público.

*Neri Caetano Barbosa é gestor e perito Ambiental e Sanitário