José Nelto*

Aconteceu: a política voltou a movimentar a paixão brasileira. Esse fenômeno é digno de comparação à emoção provocada pelos duelos de Futebol. Lamentavelmente, políticos na esfera do Legislativo estão entregando menos resultado do que os craques nos campos de futebol.

No caso da Bancada Federal de Goiás uma minoria se comporta dessa maneira. É legítimo e extremamente positivo que a população acompanhe a política. No entanto, do outro lado dessa dicotomia entre produtores e consumidores de conteúdo, o afã pelos likes não pode substituir o apreço por cumprir a missão para qual fomos eleitos: fiscalizar o executivo, propor Leis, fazer um debate amplo e assertivo em prol da população.

Importa fugir do espetáculo para trabalhar com efetividade. Já nos sobra maturidade política para entender que não vamos resolver os problemas urgentes do estado de Goiás na base da tuitada.

Aqui recorro, claramente, à inspiração no trabalho da brilhante da jornalista Madeleine Lascko, que em sua obra ‘Cancelando o Cancelamento’ trouxe novas nomenclaturas atribuídas aos figurões da internert, figuras que se escondem atrás de telas, tornando-se verdadeiros Che Guevaras de apartamento. Ou seja: revolucionários de mentira, incapazes de abrir o próprio sucrilhos ou encontrar as próprias meias, que dirá fazer algo útil pelo coletivo. Não fomos eleitos para tal papel.

Já é repugnante que as militâncias se dividam na internet entre luloafetivos e bolsominions. É  inadmissível que parlamentares elejam narrativas que emplaquem na internet para dissuadir seguidores, buscando jogar adversários às arenas do cancelamento, e canalizando a energia de seus mandatos a esse sistema que quer pôr fim a verdade, prestando um desserviço a sociedade, relativizando a tradição fidedigna do serviços prestado, que para mim é insubstituível.

Entre lacrar na internet e ter a cabeça erguida para encarar meus eleitores com os frutos do trabalho, sempre farei a última opção.  Até porque somos eleitos por um grande contingente de pessoas humildes, a quem devemos muito. Pessoas que estão nos extremos do estado de Goiás, ou na periferia dos grandes centros, longe das bolhas das milícias digitais, onde o conforto cria uma falsa ilusão de engajamento e militância útil.

O povo quer reformas, quer mudanças no código penal, quer o fim do foro privilegiado, a aprovação da prisão após condenação em segunda instância. Nossos municípios clamam por  recursos para educação, asfalto, saneamento básico e mais uma lista infinita de mudanças. Se isso gera engajamento nas redes sociais ou não, não é da nossa alçada. Deixemos os profissionais do marketing e os influenciadores se ocuparem do assunto.

José Nelto – É deputado-federal, vice-líder do Partido Progressistas e da Maioria na Câmara dos Deputados