De uma vez por todas devemos separar o agronegócio legal e comprometido com o meio ambiente dos crimes praticados por herdeiros do latifúndio

Roberta Freitas*
Especial para o Jornal Opção

Precisamos definitivamente debater o tema do agronegócio e a preservação ambiental. A grande mídia insistentemente tem divulgado dados preocupantes sobre aumento do desmatamento e de queimadas, tanto na Amazônia como no Pantanal.

Infelizmente, por uma confusão que caberia à própria mídia desfazer, a conta da destruição tem caído nas costas do agronegócio.

É preciso desfazer esse equívoco: não podemos confundir o agronegócio responsável, legal, comprometido com a sustentabilidade e a preservação ambiental, com aquilo que pode ser chamado de ogronegócio, herdeiro do sistema latifundiário arcaico e que atua de maneira irregular.

Este último deveria ocupar não as páginas dedicadas à agricultura e pecuária dos jornais, mas as páginas policiais.

É verdade que, por muitos e muitos anos – séculos até, se voltarmos à época do Brasil Colônia –, a produtividade rural, tanto agrícola quanto pecuária, esteve ligada ao desmatamento desenfreado e também às queimadas como formas de abrir espaço para o crescimento da produtividade.

Mas o país se desenvolveu, as pesquisas na área de produtividade rural cresceram vertiginosamente e essa já não é mais a prática do nosso agronegócio hoje.

Para termos uma ideia, quando falamos em agronegócio o Brasil é um dos países com melhores números de preservação ambiental em todo o mundo. Sim, é isto mesmo: quando falamos dos grandes produtores de alimento regularizados hoje no País, estamos nos referindo a 66% de áreas recobertas com vegetação nativa, número que sobe para 75% se falarmos de áreas de pastagem nativa, como no Pantanal, Caatinga, Pampas e Cerrado, segundo dados da Embrapa.

Isso porque o agronegócio entendeu que a preservação ambiental é o grande aliado da produtividade e implementou essa prática já há alguns anos, e vem crescendo esse tipo de prática no meio.

Ocorre que essa imagem é manchada pela prática do ogronegócio. Essa pequena parcela de produtores rurais está umbilicalmente ligada com o atraso, com a ilegalidade e com os crimes ambientais que diariamente vemos na grande mídia. O desmatamento, as queimadas e a destruição incontroláveis colocam o Brasil em péssimo lugar no cenário internacional, prejudicam nossa imagem e, também, atrapalham os negócios de quem pratica a agricultura e a pecuária de maneira legal e sustentável.

De uma vez por todas devemos aprender a separar o agronegócio com práticas legais e comprometidas com o meio ambiente dos crimes praticados pelos herdeiros do latifúndio.

O agronegócio cuida do meio ambiente e da terra porque dependem dela para sobreviver e seguir produzindo, inclusive aumentando sua produtividade. É um compromisso com o futuro de todos. Já os latifundiários que destroem tudo devem ser tratados criminalmente e o que praticam deve ser extirpado de nossa cultura rural.

* Roberta Freitas é advogada especialista em agronegócios e empresária rural.