por Vivian Naves*

O censo 2022, recentemente divulgado, nos mostrou que Anápolis (GO) deu um salto de 19% em sua população, o que representou um volume agregado de mais de 64 mil pessoas (número acima do total de habitantes da maioria das cidades brasileiras). Essas pessoas, em boa parte, desembarcaram na cidade, durante este intervalo de 12 anos, recém-casadas e, ao lado do seu cônjuge, vieram basicamente em busca de oportunidades profissionais. Mal sabia esse casal que encontraria muito mais que uma bela carreira. 

Não tenho dúvida que dentro destes 64 mil novos habitantes contabiliza-se os filhos que estes casais que chegaram em Anápolis já geraram. A cidade transpira amor, acolhe com braços maternos, afaga seus velhos e novos moradores como se fosse, de fato, uma grande família. Estes pequenos anapolinos que nasceram deste casal que encontrou seu porto seguro na cidade, são agora como fortes raízes que expandem essa atmosfera convidativa. Não é incomum então que irmãos, primos e tios saiam de diferentes regiões do Brasil e repitam o mesmo trajeto até o município. 

Essa foi basicamente a minha história, alguns anos antes deste último intervalo analisado pelo IBGE. Já são quatro filhas em 18 anos de casamento e de Anápolis. Quando eu olho para trás e faço uma reflexão sobre a minha evolução como ser humano, assim como não dá para negar a influência direta dos meus pais, da minha religião e valores, é inegável o quanto que essa cidade me impulsionou a amar cada vez mais o próximo. Claro que todas as entidades que se empenham na causa social são muito responsáveis por essa cultura local, mas é admirável o quanto que o anapolino, por decisão própria, não abre mão de ajudar. 

Neste dia 31 de julho, quando a cidade comemora 116 anos de uma linda história, alguém pode se perguntar: onde vai chegar Anápolis com toda essa potência de desenvolvimento econômico que a impulsiona? Eu creio que até mesmo nossos melhores economistas vão ter dificuldades para projetar com exatidão o nosso ritmo de crescimento daqui para frente, haja vista que são inúmeros os fatores logísticos, produtivos e estratégicos que desafiam qualquer prognóstico certeiro. Mas eu consigo fazer uma previsão real de que, repetindo ou aumentando os 19% de crescimento populacional nos próximos 12 anos, o que consigo ver com clareza é uma cidade cada vez mais exemplo para o país e o mundo, inclusive com índices cravados em escala próxima de ZERO, quando se falar em crianças sem escola e desnutridas, mulheres e idosos desamparados ou famílias sem ter o que comer.

O anapolino tem o orgulho de dizer para todo lugar que vai: “na minha terra, ninguém fica desemparado”. Essa fala é sim resultado da grande oferta de empregos que nós temos, mas é uma marca testemunhal de que em Anápolis o outro não é só um número. Quanto um anapolino pergunta a um vizinho, um colega de trabalho ou de igreja sobre como vai sua vida, não se trata de mera formalidade. Ele realmente se importa e está com o coração aberto para contribuir no que for preciso. E vejo que além de ser uma atitude de amor, cuidar do semelhante é uma decisão inteligente na organização de uma sociedade. O que chamamos hoje de solidariedade, no que se refere a contribuição mútua, foi a condição que permitiu a sobrevivência e o êxito de muitos povos durante milênios, em épocas muito mais difíceis. 

Cecília Meireles dizia que ‘sobre essas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar para poder vê-las assim’. Anápolis tem esse poder de nos fazer melhores. Quem chega, não considera mais ir, pois passa a ver a vida por essa nova janela e oferece seus próprios braços para o amparo de quem chegou depois.   

Parabéns a todos os anapolinos!

*Vivian Naves é a atual primeira-dama de Anápolis e deputada estadual pelo estado de Goiás. Casada com Roberto Naves e Siqueira, mãe de Giovana, Mariana, Luciana e Carolina