Falta de silos e armazéns é problema antigo na produção agrícola

10 julho 2023 às 11h14

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Lideranças do agronegócio afirmam que, apesar das frequentes notícias sobre ganhos de produtividade e safras recordes na agricultura brasileira, os produtores não estão obtendo os retornos esperados. A solução desse problema esbarra em uma antiga deficiência do país: a falta de espaço para de silos e armazéns para estocagem dos grãos.
Com poucos armazéns e silos disponíveis, os produtores são obrigados a vender suas colheitas logo após a colheita, a fim de liberar espaço para a próxima safra. Quando os preços de mercado caem abaixo do custo de produção, os produtores sofrem prejuízos. Um exemplo disso é o preço de venda da saca de milho, que na última sexta-feira, 7, fechou em R$ 37 em Jataí/GO, valor que segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), não cobre os custos de produção, que chegam próximos de R$ 40.
O governo está ciente desse problema, e o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), que faz parte do atual Plano Safra recorde anunciado no final de junho, teve um aumento significativo nos recursos disponibilizados. O programa teve um aumento de 81% nos recursos para a construção de armazéns com capacidade de até seis mil toneladas, com juros de 7% ao ano, e de 61% para armazéns de maior capacidade, com taxa de 8,5%.
Embora o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, considere que as taxas de juros poderiam ser melhores, ele reconhece a importância do programa. Segundo ele, é fundamental ter recursos garantidos para que os produtores possam construir seus próprios armazéns e silos, uma vez que o país enfrenta uma grande deficiência nessa infraestrutura de armazenagem.
Competição estrangeira
Atualmente, a estrutura de silos no Brasil é capaz de atender apenas metade da produção nacional de grãos, enquanto nos Estados Unidos essa capacidade é equivalente a 150% da produção local. Os produtores brasileiros também reclamam das taxas de juros oferecidas pelo Plano Safra para investimentos nessa área, variando entre 7% e 8,5% ao ano, em comparação com os juros de 3,75% ao ano nos Estados Unidos para a construção de silos.
Essa diferença entre os dois países resulta em apenas 15% da capacidade de armazenamento do Brasil diretamente nas fazendas produtoras, enquanto nos Estados Unidos esse número é de 65%. Como resultado, as empresas de comercialização de grãos, que têm parte da capacidade de armazenamento contratada, acabam esperando os produtores liberarem espaço para a nova safra, o que resulta em ofertas de preços mais baixos por saca.