A autônoma Rosamar Joseleide de Sousa diz que o acusado se rendeu à polícia lusitana. Segundo a versão do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), no entanto, ele teria resistido à prisão e chegou a pular do terceiro andar de um prédio para fugir

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Foto: Fernando Leite/Jornal Opção Online

Após ter fugido para Portugal alegando estar com medo de ser morto, o açougueiro Marcus Vinicius Pereira Xavier, acusado de participação no assassinato do cronista esportivo Valério Luiz, permanece amedrontado com a ideia de voltar ao Brasil. A informação é da sogra do réu, Rosamar Joseleide de Sousa, que, em entrevista ao Jornal Opção Online na tarde desta segunda-feira (11/8), contou detalhes sobre a prisão do genro, que, na última semana, teria se rendido à polícia portuguesa.

Segundo Rosamar, que conversa diariamente com a filha por telefone, a decisão de se entregar às autoridades lusitanas aconteceu logo depois que o local onde o casal estava instalado no município de Caldas da Rainha passou a ser constante alvo de rondas policiais. “As coisas lá são de primeira linha. Eles não entram a força, como acontece aqui. Quando chegaram na casa, minha filha disse que ele não estava e eles foram embora”, relatou.

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Após o episódio, segundo contou à reportagem, a filha teria pedido ao marido para se entregar e, logo depois, ela mesma teria ligado para a polícia informando sobre o paradeiro de Marquinhos. “Ela pediu orientação para Deus e Ele falou para o Marquinhos se entregar. Aí ela ligou para ele e falou que era melhor acabar com tudo logo. Depois disso, ela ligou para a polícia e eles o encontraram”, contou.

A versão da sogra de Marquinhos, no entanto, não confere com as informações divulgadas pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) do município português de Caldas da Rainha. Conforme relato do órgão, o açougueiro teria tentado fugir pulando do terceiro andar do prédio onde morava e, durante a fuga, o homem teria recebido ainda o auxílio de um vizinho. Após duas horas de perseguição, o acusado foi localizado novamente próximo à sua residência e, desta vez, não resistiu à detenção.

Proprietária de um salão de beleza na capital goiana, Rosamar diz que o genro, em nenhum momento, teria se arrependido de sair do País. No entanto, para ela, a decisão foi precipitada e contou com a influência da defesa do réu. “Era melhor ter resolvido por aqui mesmo, mas tem advogado no meio que fez a cabeça dele e juntou o medo também”, disse, emendando que Marquinhos “apanhou bastante” da polícia goiana durante cumprimento de mandato de prisão. As supostas agressões teriam ocorrido em frente à esposa e às filhas de 5 e 10 anos do acusado. Quando foi preso, no entanto, o réu aparentava tranquilidade e as sequelas da suposta agressão policial não eram visíveis.

Para o filho do cronista esportivo vitimado em julho de 2012, o advogado Valério Luiz Filho, a possível agressão se trata de uma estratégia da defesa de Marquinhos para por em descrédito as investigações. Em sua avaliação, a permanência do réu na prisão é a certeza de segurança que tanto espera o envolvido na morte de seu pai. “Que ele continue preso para a própria segurança dele”, alegou ao Jornal Opção Online.

Participação no crime

Entre todos os envolvidos na morte de Valério Luiz, Marcus Vinicius é apontado nas investigações como a pessoa com menor participação no crime. O açougueiro possuía um comércio nas proximidades da Rádio 820 AM, onde o cronista foi morto, e também era dono da motocicleta utilizada pelo policial militar Ademá Figueredo, apontado como executor de Valério. Além disso, no estabelecimento de Marquinhos, teriam sido guardadas a arma e as roupas utilizadas pelo PM logo após concluir a execução.

Marquinhos e os outros três envolvidos no assassinato – entre eles, o cartorário Maurício Sampaio, apontado como mandante do crime – chegaram a receber voz de prisão, mas, em junho de 2013, o juiz Antônio Fernandes de Oliveira concedeu habeas corpus a todos eles.

Para Rosamar, o único erro do genro foi ter confiado nas pessoas erradas. “Meu genro é uma pessoa muito boa e se arrependeu do que fez. Ele é o menos culpado. A participação dele foi emprestar a moto e ter feito amizade com gente errada”, disse, confirmando a participação de Marquinhos no crime.