COMPARTILHAR

Colaborou Euler de França Belém

Em entrevista ao Jornal Opção Online, Robledo Rezende e Francisco Bento defenderam os projetos de Júnior Friboi e Marconi Perillo e pregaram a reestruturação do partido ao qual são filiados. “O PMDB, a partir deste momento, não tem mais dono em Goiás.  O PMDB agora vai fazer a vontade dos filiados do partido”, disse Robledo

 Por que o pessoal do Júnior do Friboi apoia Marconi? Por que não Iris Rezende?

Robledo Rezende: O motivo principal é porque o PMDB, um partido grande, democrático, está assistindo há anos a predominância de uma pessoa que foi tomada pelo rancor, pelo ódio, que deixou de pensar em um projeto maior para o povo de Goiás. Esse é o primeiro motivo. O segundo motivo maior é que no momento em que foram postas as candidaturas para o pleito atual o melhor projeto para os goianos, não para os partidos, foi o projeto do governador Marconi Perillo (PSDB). E o Júnior, na sua pré-campanha, conseguiu transmitir isso para as lideranças do PMDB, e até para partidos aliados, apontando que o que tem que se buscar para Goiás é um bom projeto para o povo.

Desta forma, houve uma identificação muito grande dos friboizistas. Nós resolvemos então tomar essa atitude pensando no bem do PMDB, pensando que o PMDB precisa se oxigenar, precisa de mudança. Somado a isso, pensamos ainda em um projeto maior, que constrói, que está olhando o povo de Goiás. Então ficou fácil no momento de fazer a opção pelo projeto de Marconi Perillo.

Pode-se falar hoje que o grupo do Friboi está apoiando Marconi Perillo. Qual é essa estrutura? O que isso significa isso?

Robledo Rezende: Olha, posso afirmar sem medo de estar errado que esse grupo representa mais de 70% do PMDB. Tem-se ainda vários partidos aliados que pensam da mesma maneira, como por exemplo o recém-nascido Pros, em que todos estavam no projeto do Friboi, que na época estava no PSB. Quando Júnior resolveu optar pelo PMDB, o Pros já havia sido criado e ele acolheu a todos. E aí eu falo em um número muito grande de prefeitos, vices, vereadores.

Então hoje é um conjunto muito grande de pessoas que estamos falando -– mais de 22 prefeitos do PMDB que estão no palanque do Marconi Perillo -–, além de que nós temos mais de 20 prefeitos do PMDB que cruzaram os braços nas suas localidades por questões internas. Eu cito um caso que marca muito pelo fato de se tratar de um dos maiores lideres do PMDB de Goiás hoje, e talvez –  não desmerecendo os outros – um dos melhores prefeitos do Estado de Goiás, Humberto Machado, de Jataí, que cruzou os braços. Na semana passada mesmo Iris esteve em jataí, e ele não o recepcionou. Só o Ronaldo Caiado. Então esse é um grupo que oxigenou o PMDB e que trouxe esperança para os partidos aliados também. Um projeto novo para Goiás.

Já foi falado, mas eu queria voltar um pouco. O senhor falou que o apoio a Marconi é uma questão de projeto. Qual é a diferença entre o projeto do Marconi e do Iris?

Robledo Rezende: A diferença está muito clara. Primeiro pelo fato do projeto do atual candidato ao governo pelo PMDB é pessoal, da família dele, não abre espaço para ninguém. Já houve episódio em Goiás que o candidato Francisco Gedda (PTN) usou uma expressão dizendo que ele [Iris] poderia ser um grande capoeirista, já que dá rasteiras nas pessoas.

Esse projeto “eu” está ultrapassado. Nós queremos um projeto “nós”. Então a diferença hoje é que no momento atual, por exemplo, o processo para 2018 está zerado em Goiás. Esse ciclo acabou. O Iris vai sair desmoralizado dessas eleições. Vai perder, vai sair menor. Ele se apequenou, apesar da sua grandiosidade. E por outro lado nós temos o projeto de Marconi Perillo, que é um projeto mais nacional. Ele vai ser eleito, vai ganhar as eleições, e vai cumprir o mandato dele seguindo com um belo projeto para os goianos, para Goiás.

E abre-se agora uma oportunidade de um grande diálogo, de uma abertura de um projeto político novo para Goiás. Esse projeto engloba o PMDB dissidente, que tem sala própria no comitê do Marconi Perillo. Esse projeto do PMDB vai ao encontro daquilo que o PSDB, comandado por Marconi, tem de fazer: uma construção nova para Goiás. O processo zerou, o ciclo fechou, é necessário que se crie outro ciclo, mas numa amplitude maior, em que as pessoas podem ficar livres de rancor, ódio, vaidades pessoais, para pensar no povo de Goiás, pensar na melhoria de vida dos goianos, fazer desenvolvimento, gerar expectativa, criar emprego, melhorar saúde. Essa visão é o que nos anima e tivemos uma grande abertura por parte do governador. No dia que lá estivemos levando esse apoio dos friboizistas, nós afirmamos ao governador que, por conhecer bem Goiás, nós iriamos de casa em casa nas lideranças do PMDB, conversar olhando olho no olho, e mostrando essa grande maravilha de fazer esse projeto novo em Goiás. E dizíamos nessa oportunidade que faríamos de tudo para que ele [Marconi] ganhasse as eleições em 1º turno. Estou aqui com Francisco Bento, ex-deputado, e temos também um parceiro nosso, Frederico Jayme, e digo que podemos afirmar com a consciência tranquila, com a alma lavada, que já cumprimos esse compromisso com o governador Marconi Perillo. Os friboizistas estão com ele, com o projeto dele.

Friboi se despiu de toda a vaidade, de tudo que ele poderia ter de ressentimento do atual governador, e pensou no povo

francisco_bento (3)Francisco, o autor do livro “Cabeça de eleitor”, Alberto Carlos Almeira diz que quando há pelo menos quatro candidatos consistentes há uma tendência de segundo turno. Mas quando o candidato que tá em primeiro tem o mesmo número de votos que todos os outros candidatos, existe uma grande possibilidade de vitória no primeiro turno. Esse é o caso do Marconi. Como você avalia isso?

Francisco: Euler, eu acho que o editorial do Jornal Opção dessa semana tem uma explicação lógica, científica, prática, que diz melhor que qualquer pensamento meu quanto ao assunto. Mas é natural a avaliação dos projetos que estão aí colocados. E o projeto do governador Marconi Perillo, dada toda a sua modernidade, é um projeto que está preocupado com todos os setores, com a cadeia produtiva. E aí a gente volta um pouco para exatamente a linha que nós estávamos trabalhando. Nós, peemedebistas, com um possível candidato a governador pelo PMDB, e eu, particularmente, defendi o projeto de gestão. O projeto de gestão não sepulta, em nenhum momento, o projeto político. Até porque você vai conseguir chegar à gestão sem passar pela política. Mas esse projeto de gestão que a gente estava construindo com Júnior do Friboi é naturalmente representado entre as principais candidaturas colocadas, pelo governador Marconi Perillo. Então, acho que dentro dessa perspectiva ele já tinha, na menor das possibilidades, 50% das observações, estava caminhando nesse sentido. Então essa observação já estava sendo feita.

Nos últimos dois anos houve uma preocupação principalmente com infraestrutura. Se você analisar um momento lá atrás, o governo de Goiás tinha preocupação com o social, educação, saúde, mas pouco havia quanto questões estruturais. Tá certo que com o setor produtivo o próprio escoamento das produções faz com as estradas se danifiquem mais rápido. Quer dizer, nós temos agora, com esse trabalho de percorrer o Estado, a felicidade de dizer que em menos de 60 dias percorremos mais de 11 mil km, e até agora não encontramos uma estrada que não fosse boa.

Então a gente entende que o melhor projeto para Goiás é o de Marconi Perillo. E o projeto dos demais candidatos não tem esse mesmo tipo de contemplação, que é, por exemplo, pegar uma das cidades mais importantes de Goiás e entender que tem eu colocar um Centro de Convenções, como Anápolis; um aeroporto de cargas, que vai servir também para nós aqui, e toda essa região. É entender que hoje em Goiânia, aonde era, digamos assim, o maior reduto do candidato do PMDB, está preferindo agora o governador Marconi Perillo. Pega o Setor Noroeste, por exemplo, com 375 mil eleitores. Lá é o reduto do PMDB, mas mesmo assim há um trabalho por parte por Marconi Perillo, que, por exemplo, construiu o Hugo 2 lá, um hospital de referência, esta obra gigante. Então, a questão estrutural colocada pelo governador fez com que não fosse tão difícil chegar a esse ponto em que estamos, em primeiro lugar nas pesquisas. Aí você soma isso a esse trabalho que estamos fazendo, e pega parte do PMDB, que é essa parte dissidente (mas é grande), juntamente com outros partidos que estavam pensando em um novo projeto. Aumentou, então, a facilidade para se chegar nessa posição, quando estamos, talvez, ultrapassando 50% de votos válidos, podendo então, de fato, faturar as eleições em 1º turno.

robledo_rezende (5)E o futuro do PMDB, qual será?

Robledo Rezende: Eu entendo que o PMDB foi oxigenado com a vinda do Friboi para o partido, porque representou uma nova esperança. Mas infelizmente nessa oxigenação a gente também conviveu com uma deterioração por essas situações em que o partido tinha um chefe maior, ou o dono do partido, se colocando como candidato em detrimento de uma candidatura que a gente estava construindo, a do Friboi. E o partido acabou se esfacelando novamente. E ele chega um tanto quanto esfacelado, muito embora haja notadamente em todos os peemedebistas um espírito de que ele deve ser novamente organizado. E é nessa reorganização que estamos confiantes. Que os líderes de todo o Estado, que as lideranças do PMDB, os filiados do partido, possam realmente fazer com que tome a posição que é dele; a posição de um grande partido.

Como o Friboi tem se manifestado quanto às questões das eleições? Os apoiadores de Friboi apoiam agora o tucano. Como essa situação vai ficar no futuro, quando Friboi voltar para o PMDB, para essa reorganização que o senhor disse? O que é conversado e planejado dentro do PMDB quanto a essa renovação?

Robledo Rezende: Logo após essas eleições estabeleceremos um amplo diálogo dentro do PMDB para buscar sua reestruturação interna. É colocar o PMDB no lugar de onde ele não podia ter saído, porque oxigenado ele já está. Então é uma questão de organização. E eu disse agora há pouco que o processo eleitoral para 2018 em Goiás zerou. Então se começa agora uma questão de diálogo do governador com esse grupo, um processo de criação moderno, amplo, visando manter o que já foi conquistado em Goiás. Inicia-se um processo de restruturação interna do PMDB e um amplo processo de diálogo visando as prefeituras das grandes cidades do Estado inteiro, para 2016 e para 2018, com um projeto maior envolvendo quem sabe PSDB e PMDB como partidos aliados, para dar continuidade a esse crescimento que Goiás tem experimentado nesses últimos anos.

O que Friboi tem falado para as pessoas próximas a ele quanto a vida política dele?

Robledo Rezende: Ele fala que tem pretensões de continuar no processo político, principalmente em 2018. O primeiro passo é isso: reorganizar o partido, e em seguida caminhar. E nesse caminhar ele estará presente.

Como tem sido a atuação desse grupo do PMDB que tem trabalhado junto com Marconi Perillo? Como foi a conversa inicialmente?

Robledo Rezende: O que houve foi o seguinte: quando chegamos à conclusão de que estava inviável a candidatura de Júnior no presente momento pela destruição maldosa, estelionatária, do candidato a governador do PMDB, nós entendemos que havia um capital político grande construído em goiás, que havia oxigenado o PMDB, que havia partidos aliados. E nós não tínhamos como, por questões legais de calendário eleitoral, fazer um novo recomeço. Então resolvemos fazer um novo fim. Qual seria o novo fim? Então buscamos todas as lideranças que não aceitam a atual conduta do candidato do PMDB, que tem um projeto não de Estado, mas sim pessoal, familiar, dele, da mulher e dos filhos. Então resolvemos buscar com esse grupo um projeto que estava posto. Um projeto que pensa nas pessoas, que está transformando Goiás, que transformou Goiás em um canteiro de obras. E resolvemos, desta forma, nos abraçar nesse sentido, e vir para o governador Marconi Perillo, para que pudéssemos trabalhar para ele ganhar as eleições, se possível, no 1º turno. E juntos, esse grupo, junto com a liderança dele e do Júnior, nós pudemos construir um projeto muito grande para Goiás.

Júnior se colocou algumas vezes contra ações do governo atual, quando era pré-candidato. Com ficou isso?

Robledo Rezende: O que levou a isso é o projeto. O líder politico tem que estar despojado de vaidade pessoal, ódio, rancor, ressentimento, e pensar no projeto. Qual o melhor projeto que está posto para Goiás hoje? É o projeto de rancor, ódio? É o projeto das candidaturas circunvizinhas, que estão circulando por aí, sem projeto fixo, ou o projeto do Marconi? Então aí prevaleceu o bom senso, o compromisso que ele tem. Então, em função disso, ficou muito fácil seguir o projeto do Perillo.

Essa reviravolta dos apoiadores de Friboi terem ido apoiar Marconi não seria também uma espécie de “vingança”? Talvez por parte inclusive do Friboi, que foi derrotado por Iris…

Robledo Rezende: Não, em momento algum. Ele foi cobrado pelo povo de Goiás para que tomasse uma atitude, principalmente pelas lideranças do PMDB, que não aguentam mais um projeto de vaidade pessoal. Nós ouvimos ontem [23/9] o padre Getúlio [de Alencar, peemedebista] de Santo Antônio do Descoberto dizer que não aguenta mais acompanhar um projeto de vaidade pessoal. Então, o que ocorre é que esses comandados do Friboi do interior chegaram até ele e cobraram: “Olha, toma uma atitude. Não podemos concordar com isso. O povo tá tomando prejuízo. Não podemos continuar assim”. Então, um líder tem que fazer algo nesse sentido, e ele, como líder que honra o compromisso, fez, e disse“Não posso deixar um projeto de ódio sobrepujar um projeto que está atendendo aos anseios do povo”. Então, não se trata de vingança, de qualquer coisa de ódio pessoal, mas de grandeza, liderança, que para acolher o povo de Goiás ele fez uma opção: se despiu de toda a vaidade, de tudo que ele poderia ter de ressentimento do atual governador, e pensou no povo. É isso que Júnior está demonstrando. Uma liderança que está acima de tudo para que Goiás trilhe o caminho correto.

Em 2015 vai haver eleição para o diretório estadual. Já sabem qual a possibilidade de Friboi tentar pleitear esse espaço justamente para tentar reestruturar a sigla?

Robledo Rezende: Ele comenta isso. Ele diz o seguinte: é um momento de diálogo interno dentro do PMDB. Ele já nos orientou, eu e o Chiquinho, já andamos mais de 11 mil km, pouco mais de 40 dias, conversando com todos os lideres do PMDB do norte a sul, leste a oeste.

Mas ele se colocaria como candidato, ou colocaria outro nome?

Robledo Rezende: Para ser aquilo que o momento exige tem que ser um nome que as bases indiquem. Não vamos cometer os mesmos erros. O PMDB, a partir desse momento, não tem mais dono em Goiás. O PMDB não tem mais ditadura em Goiás. O PMDB agora vai fazer a vontade dos filiados do partidos.