Conforme boletim diário da conjuntura divulgado pela FPA, a presidente adota ajustes que podem “aprofundar tendências recessivas da economia nacional”

Dilma Rousseff foi criticada por fundação criada por seu partido | Foto: Elza Fiuza/Arquivo/EBC
Dilma Rousseff foi criticada por fundação criada por seu partido | Foto: Elza Fiuza/Arquivo/EBC

“Uma estratégia bastante conservadora e ortodoxa na política econômica”. Foi essa a análise que a Fundação Perseu Abramo (FPA) fez ao conjunto de quatro medidas de aumento de impostos anunciados no início da semana pela equipe ministerial da presidente Dilma Rousseff (PT).

A avaliação do economista Guilherme Mello foi publicada em boletim no site da fundação, na última terça-feira (20/1). A FPA foi criada pelo PT em 1996 para promover debates e estudos. Ela recebe 20% dos recursos do Fundo Partidário destinados ao partido.

Segundo o documento, as medidas representam uma “clara inflexão” e incapacidade estratégica do governo federal. Tais razões, pontua, destoam do primeiro mandato da presidente. O comentário afirma ainda que o comportamento veio em decorrência da crise internacional ou por limitações estruturais da economia brasileira.

E o resultado disso, critica a fundação, fez o governo abandonar o comportamento antes elogiado nos primeiros quatro anos da gestão de Dilma Rousseff. “O problema é que, diante da continuidade de um mundo em crise e da desaceleração abrupta do mercado interno (último motor de crescimento da economia nacional que ainda funcionava), a possibilidade destes ajustes aprofundarem as tendências recessivas da economia nacional não é desprezível”, diz a FPA.

Elevações

Na segunda-feira (19), o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou o aumento de impostos que devem elevar as receitas públicas em cerca de R$ 20 bilhões, apenas neste ano. Entre eles a elevação de 1,5% para 3% no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em operações de crédito para pessoa física e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e do Programa de Integração Social (PIS/Cofins) sobre a gasolina, diesel e produtos importado.

Além disso, a União divulgou o retorno da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) — imposto sobre combustíveis — e a equalização do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) sobre cosméticos vendidos no atacado em relação aquele cobrado sobre produtores.