Senadora diz que todos precisam estar preparados para as ações corretivas que precisarão ser feitas no rumo do Brasil

Foto: Renan Accioly
Foto: Renan Accioly

Talvez, entre todas as personalidades políticas do Es­ta­do, Lúcia Vânia dispute, com algum favoritismo, o posto de mais sóbria. Isso se demonstrou em mais uma oportunidade na segunda-feira, 18, quando, com bastante sensatez — mas também com muito conhecimento —, a senadora do PSB esteve na sede do Jornal Opção para uma entrevista cujo foco principal era o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, visto que a abertura do processo havia sido aprovada com folga e estardalhaço um dia antes, na Câmara dos Deputados.

Para a pessebista, é preciso que o caso se torne uma lição tanto para gestores como para a população. “O im­peachment é algo muito traumático para o País, mas, neste momento, será extremamente educativo e deve se tornar um divisor de águas. A população brasileira vai acompanhar de perto o orçamento público”, pre­­vê a senadora.

Lucia Vânia falou também sobre questões do Esta­do, co­mo a privatização da Celg, o PSB nas eleições municipais (ela é presidente do partido em Goiás) e o controle da crise pelo governo estadual, em que sua filha, Ana Carla Abrão, desempenha papel chave como secretária da Fazenda.

Marcos Nunes Carreiro — A abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff está com o Senado. Quais são as expectativas da Casa?
Em primeiro lugar, é bom lembrar que a admissibilidade do pedido de impeachment é algo totalmente novo no País. Inaugura um novo momento que eu considero muito importante: é a primeira vez que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é cobrada pela sociedade e pelo Par­lamento de forma contundente em relação ao governo federal. Temos visto esse abuso sobre a LRF em vários níveis de governo. Em geral, os apenados até hoje foram alguns prefeitos, que foram cassados em função da irresponsabilidade fiscal.

Portanto, conforme a admissibilidade do pedido caminhe, teremos uma jurisprudência em relação às consequências do não cumprimento da LRF. É uma coisa inteiramente nova e muito importante. As contas públicas desorganizadas geram todo um descompasso na prestação de serviços. Acredito que a presidente não ouviu — ou não interpretou corretamente — os movimentos de rua de 2013, quando, pela primeira vez, as pessoas reclamaram da prestação de serviços, que é precária, enquanto se cobram impostos altos. O resultado é pífio em relação às políticas públicas. Isso é consequência da irresponsabilidade fiscal, mas foi um sinal que não foi ouvido.

Cezar Santos — E, na prática, o que o governo fez? Ou não fez nada?
Na verdade, sabíamos que a deterioração das contas públicas impediria que o governo pudesse prestar o serviço que a sociedade demandava. E o que é mais grave: à medida que foi camuflada a situação financeira do País, a presidente continuou ampliando os serviços — importantes até — como os programas Minha Casa Minha Vida, o Fies [Fundo de Financiamento Estu­dan­til], o Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego], entre outros. Entretanto, fez isso sem controle sobre as ações, sem fiscalizar se os programas tinham eficiência ou não. Mesmo assim, foi ampliando esses projetos, como se o orçamento público fosse infinito. Mas, não, sabemos que tem um limite. E, para que possamos equilibrar esse orçamento, é preciso ter responsabilidade com as contas públicas, é preciso que essas contas estejam corretas para que se possam priorizar as ações que são mais demandadas pela população.

Quando falamos na importância do ajuste fiscal, algumas pessoas que apostam no improviso e na esperança de que alguma coisa nova aconteça para resolver os problemas estão sempre contra o ajuste, como se isso prejudicasse o desenvolvimento. Mas é justamente o contrário: é como se o orçamento estivesse em nossa própria casa; ora, quando estamos com as contas equilibradas em casa, podemos fazer investimentos; quando há muitas dívidas, perde-se o crédito e não há como investir.

Marcos Nunes Carreiro — E foi isso que de fato ocorreu, em sua visão?
Foi o que aconteceu com o governo. Enquanto abria um buraco nas contas, ampliava os programas — não só os sociais, mas também desoneração e incentivos fiscais, sem saber se esses benefícios tinham resposta eficiente. Foi uma série de ações sem controle, sem fiscalização e sem acompanhamento. Sobretudo, sem caixa suficiente para bancar essa ampliação de programas.

Então, apesar de o impeachment ser uma coisa muito traumática para o País, neste momento é extremamente educativo e se torna um divisor de águas. Creio que, a partir de a­gora, a população brasileira vai acompanhar de perto o orçamento público é o dela mesma, que sai de seu bolso quando paga impostos. Isso é extremamente importante, porque é preciso saber que, ao eleger um prefeito, um governador ou um presidente da República, elege-se também alguém para administrar seus recursos, os recursos de seus impostos. E essa pessoa precisa ter e­quilíbrio na gestão das contas públicas. Após o impeachment o princípio da gestão correta, comedida, que trabalha com metas e orçamento equilibrado, vai ser uma grande demanda da sociedade e principalmente dos gestores públicos. É a primeira vez que uma gestão temerária do dinheiro público federal é punida de forma radical.

Cezar Santos — Pelo que a sra. disse, então, em sua visão não há dúvida de que houve crime de responsabilidade por parte da presidente?
Sim, eu acredito que houve crime. Se observarmos pelo lado formal, a defesa do governo é de que formalmente não houve, mas eu pergunto: quando há uma ação que gera toda uma desestruturação econômica — com consequências graves para o emprego, para os negócios, para a renda, para a tranquilidade das famílias —, isso não é responsabilidade do gestor público, isso não é crime? Será que, ao administrar dessa forma, o governante não percebe as consequências de seus atos?

Cezar Santos — É tão cristalino os artigo da Constituição e a lei que define o que seja crime de responsabilidade, que não há como ter dúvida.
A defesa do governo fala — e nis­so ela tem certa razão — que, na verdade, governos anteriores fizeram o mesmo. E não só na Presidência, mas diversos governos estaduais e mu­nicipais também fizeram. Ocor­reu que os períodos em que foram feitas as operações fo­ram muito curtos e em valores muito menores. As consequências, então, foram também muito menores.

Quando, ao contrário, os valores são muito altos, como é o caso — de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões —, isso tem um reflexo extremamente negativo. E o que é mais grave: isso suscita na sociedade uma visão de que esses programas sociais podem ser feitos porque há dinheiro, quando, na verdade, o governo estava usando uma espécie de “cheque especial”. Então, à medida que se tornou necessário pagar esse “cheque”, passaram a ocorrer cortes nos programas. Portanto, é muito melhor procurar avaliar esses programas, fiscalizá-los, estabelecer uma meta anual do que fazer tudo de uma vez e depois ter de cortar.

Cezar Santos — E também houve um componente político-eleitoral, já que tudo isso foi feito para comprar a eleição de 2014. A sra. concorda com essa visão?
Eu atribuo isso à questão da reeleição. Pessoalmente, sou contra esse instituto. É algo que não foi bom para a democracia, principalmente porque não tivemos o cuidado de exigir que o governante que queira disputar a reeleição se licencie do governo para fazer campanha. Criaram-se, então, vícios muito ruins. A reeleição permite que esses erros sejam corrigidos sem que a sociedade perceba. Essa mesma sociedade esteve muito omissa ao longo do tempo em relação a cobrar as promessas, ainda que observando que, logo após, vem a contenção de gastos. Essa contenção por vezes pode ser muito forte, outras vezes, não. Mas a sociedade não reclamava dos serviços interrompidos logo após as eleições. Agora, não mais: com as redes sociais, as pessoas ficaram empoderadas e as coisas tomaram uma dimensão muito maior. Elas saíram de seu isolamento habitual, se associaram e formaram novas forças.

Marcos Nunes Carreiro — Ao longo de sua fala, percebe-se que Dilma Rousseff não foi a primeira a cometer esses equívocos administrativo-financeiros, vamos chamar assim. Talvez também não seja a última. Quem sabe seja em esfera federal, mas nos governos estaduais e municipais isso parece ser muito comum ainda hoje. Podemos, então, atribuir esse processo de impeachment à fragilidade política da presidente? Ou seja, a sra. considera que, se Dilma tivesse uma base forte no Congresso, talvez isso não estivesse acontecendo?
Dilma tem realmente uma inapetência política. Percebe-se claramente que ela tem dificuldade de se relacionar com o Con­gres­so Nacional. Mas é bom lembrar que, nos primeiros anos de seu governo, não houve grandes pro­blemas. O que realmente levou à admissão do impeachment está centrado na economia. Co­mo eu já disse, houve a responsabilidade de pegar R$ 50 bilhões no “cheque especial” e co­locar isso no orçamento para gastar em uma série de programas.

Ou seja, ela “disse” que não tinha esse dinheiro, que teria de pa­gar aquela conta. E, ao pagar, seria necessário cortar os recursos que acenou para esses programas. Acredito que seja esse o maior problema que ela enfrentou, porque, quando isso é feito por um período curto e um valor não tão expressivo, até pela flexibilidade do Executivo em lidar com o orçamento, não se percebe. Mas, quan­do a coisa é feita dessa for­ma e passa-se a mensagem para a so­ciedade de que é possível fazer habitações para todo mundo, Pro­natec para todos os jovens, isso se torna algo muito temerário. Dilma poderia até fazer algo, mas teria de cortar de algum lugar.

Cezar Santos — Como a sra. percebe o clima no Senado, nas conversas internas, em relação ao processo de impeachment?
O que eu acabei de lhes dizer é voz corrente no Senado — com exceção, obviamente, do partido do governo. Na verdade, isso é uma visão que o partido (PT) tem da economia, de que investir, mesmo sem ter dinheiro, é o correto. Para eles, desonerar ou conceder benefícios sem ter recursos está dentro do que eles chamam de “nova matriz econômica”. E foi essa “nova matriz econômica” que levou a esse quadro atual. Vários senadores já foram governadores ou ministros. São pessoas experientes que conseguem avaliar perfeitamente a gravidade do problema que estamos vivendo e como isso poderá ficar ainda pior, se não dermos uma parada, um corte nisso para que os investidores retomem a confiança e para que o País volte a crescer e gere renda e emprego.

Yago Sales — Como a sra. tem percebido escândalos como o do petrolão, bem como a atuação da Operação Lava Jato?
A Lava Jato é outro elemento que vai fazer o País ser diferente após esse impeachment. Essa operação está levantando uma das coisas mais tristes da política brasileira, que é essa relação promíscua entre o setor público e o setor privado. E, em segundo lugar, a questão deplorável do sistema político brasileiro, que convive com mais de 30 partidos e no qual, para administrar, é preciso fazer uma coalizão. As campanhas se tornaram cada vez mais caras e se institucionalizou que, para financiá-las, é preciso fazer investimentos superfaturados, de forma que o excedente venha para os partidos. A Lava Jato mostra para a sociedade que ou mudamos o sistema, numa reforma política real, ou o País não suportará mais essa situação.

Marcos Nunes Carreiro — A sra. já dá como certo o impeachment de Dilma Rousseff?
Eu não posso dar como certo o impeachment porque não falo pelo colegiado. Eu falo por mim, baseada nas análises que fiz ao longo do tempo. Nesse período todo, eu procurei me manter de forma discreta, estudando, aprofundando, avaliando todos os cenários possíveis. Às vezes, me cobravam, dizendo que eu estava indecisa. Como senadores, nós vamos julgar o mérito do processo, diferentemente da Câmara, que autorizou o andamento. Ao analisar o mérito, temos de ter responsabilidade, porque não se faz um impeachment como se estivesse num circo ou num teatro. É algo a ser estudado, pensado e argumentado.

Nesse tempo todo eu acompanhei, estudei e fiquei muito, muito as­sustada com o que vi no Congresso Nacional nos últimos dias. Esta­beleceu-se um bunker político no Palácio do Planalto [sede do governo], um bunker político no Palácio do Jaburu [casa oficial do vice-presidente, Michel Temer] e um bunker político num quarto de hotel [onde estaria hospedado o ex-presidente Lula]. Isso coloca o Congresso numa situação de extrema vulnerabilidade, como se o parlamentar estivesse num balcão de negócio. Não podemos permitir que o Senado da República seja tratado dessa forma, que aquela Casa seja levada à sociedade como um balcão de negócios. Cada parlamentar, ao dar o seu voto, precisa ter consciência do que está fazendo.

Cezar Santos — A história do ex-presidente Lula mostra que ele não tem limites quando se trata de fazer esse tipo de assédio. Ele não respeitou os deputados. Será que vai respeitar os senadores?
Não é ele quem tem de nos respeitar. Quem tem de nos respeitar somos nós mesmos. E o Ministério Público está ali, vendo tudo isso em silêncio. Um presidente da Câmara [Eduardo Cunha, PMDB-RJ] que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), e grande parte dos deputados investigados por corrupção. Tudo isso é muito ruim para a imagem do País lá fora. Ver aquela fila de carros na entrada do Jaburu, na entrada do Palácio do Planalto, a fila na porta do hotel. Repito: é como se o Con­gresso fosse um balcão de negócios.

Euler de França Belém — Como se fosse? E não é um balcão de negócios?
(risos) Bem, eu não posso afirmar isso porque eu não estava lá e não vi.

Euler de França Belém — O ex-presidente Lula falou uma vez sobre os 300 “picaretas”… E agora?
Lula disse agora que aquilo que se passava era uma bolsa de valores, um sobe e desce. (risos)
Cezar Santos — O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sempre foi um político habilidosíssimo para defender os próprios interesses. Ele é aliado da presidente Dilma, pelo menos até onde lhe interessar, e teme-se que trabalhe contra o andamento do processo de impeachment no Senado. Ele teria condição política para fazer isso?

Eu imagino que Renan não vai ser tão açodado como foi o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que imprimiu um ritmo não usual, votando sábado e domingo. Não é normal isso. Não se pode tirar de Renan o fato de que ele sempre foi muito de respeitar o regimento. Acho que ele não vai protelar (o processo). Mas não vai fazer aquilo que o Eduardo Cunha está fazendo no Conselho de Ética da Câmara [Cunha é alvo de processo de abertura de cassação de mandato, por quebra de decoro]. Renan não vai usar de instrumento regimental para protelar nada, mesmo porque a relação dos senadores com a presidência da Casa é de respeito e não de subserviência nem de troca de favores. Repetindo, ali tem um público muito experimentado, gente que tem biografia. Acredito que Renan vai cumprir os prazos regimentais e não vai espetacularizar o episódio.

Marcos Nunes Carreiro — O momento do País é de muita incerteza, em todos os campos. Teme-se que, vindo o impeachment, todas as investigações, como a Lava Jato, cessem e que os réus políticos, como Eduardo Cunha, se safem. A sra. vê isso como algo possível?
Acredito que a Lava Jato vai até o fim. A sociedade civil está muito atenta a isso, muito ligada nessa questão. Já foram levantadas questões fundamentais para que não se esconda mais nada debaixo do tapete, como abusos nas estatais, o aparelhamento da máquina pública, a promiscuidade entre o público e o privado, uma série de coisas ruins que estão extremamente explícitas. Não tem jeito mais de abafar isso. A Lava Jato já mostrou muito e agora ela vai arrematar tudo isso, enumerando os partidos que dão sustentação a esse sistema. Acredito que as pessoas que têm culpa serão punidas, porque, se não forem, a sociedade vai cobrar.

Euler de França Belém — O que a sra. acha das dez propostas do combate à corrupção apresentadas pelo Ministério Público Federal ao Congresso?
Todas elas são boas. Veja que muitas das propostas nascidas da sociedade são responsáveis pelo que conseguimos em termos de transparência das contas públicas. Foi assim com a Lei de Ficha Limpa, e também ocorre em relação à questão da delação premiada, que era uma grande demanda do Ministério Público. Uma série de ações importantes para a transparência do poder público, o que faz a sociedade amadureça e se interesse por acompanhar os fatos da administração pública. É muito triste, por exemplo, ver as pessoas dilapidarem o patrimônio público como se não fosse delas, o que decorre da falta de consciência da população em saber que aquele bem lhe pertence.

Euler de França Belém — Há uma tese de reforma constitucional. É o momento de fazê-la?
Acho que não. Dificilmente vamos conseguir tudo o que queremos de uma vez com o im­peachment. Nós vamos para um governo de transição e não se tem condição agora de medir a força política que esse governo terá. Não sabemos como será o comportamento do Congresso diante das reformas que precisam ser feitas. Há algo que me perturba bastante: para qualquer ação corretiva que se queira fazer em um programa social vêm grupos interessados e dizem você quer acabar com o programa — acabar com o Bolsa Família, com o Minha Casa Minha Vida etc.

Em Goiás mesmo, quando se quer uma ação corretiva em cima dos incentivos fiscais, quando é visível que há exageros em alguns, as pessoas se colocam como se isso fosse querer acabar com o desenvolvimento de Goiás, acabar com as empresas, com os empregos, com a renda. Ação corretiva é necessária e dou um exemplo. Quando o então ministro Joaquim Levy chegou ao Congresso Nacional — no grande momento de a presidente Dilma fazer uma virada nessa história que ela não deu conta de fazer —, ele propôs uma ação corretiva no seguro-desemprego. Fez isso para beneficiar os trabalhares, porque agora estamos vivendo de desemprego cresce, o seguro se torna fundamental. Mas houve um período em que no Brasil havia pleno emprego e o seguro-desemprego crescia desordenadamente, com as pessoas ludibriando o sistema, fraudando mesmo para ficar desempregado e recebendo, tinha gente que vivia do seguro-desemprego, trabalhando só seis meses e saindo, sucessivamente.
Ocorreu que Levy propôs a correção, mas foi combatido. Felizmente, foi aprovado e graças a isso a situação do País hoje não está ainda pior. Alguns dizem que está muito mais difícil conseguir o seguro, mas a distorção foi corrigida. Por isso digo que qualquer ação corretiva que mexa com grupos organizados tende a sofrer reação desmedida.

As pessoas que estão no poder público, se são favoráveis ao impeachment, não podem ser contra as ações corretivas naquilo que está distorcido, naquilo que levou a essa situação (de impedir uma presidente). É interessante ver um deputado dando entrevista dizendo o seguinte: “Agora, sim, o Congresso vai fazer política”. Ora, se faz o impeachment e agora o Congresso vai fazer política? O que é isso? Não, agora o Congresso vai fazer as reformas necessárias para que a gente retome o crescimento. A política do favor, do aparelhamento, tem de morrer com o impeachment. E todos aqueles que votaram a favor — e toda a sociedade que clamou pelo impeachment — precisam estar preparados para as ações corretivas que terão de serem feitas.

“Falar em ajuste no Brasil é dizer um palavrão”

conexao.qxdCezar Santos — A sra. conviveu com Michel Temer na Câmara Federal. Ele tem condições pessoais de fazer um governo, assumindo o País em uma profunda crise econômica, política e ética? O PMDB estará coeso com ele?

Euler de França Belém — Ele já está anun­ciando que vai propor medidas duras.
Propor é uma coisa. Levy propôs, Nelson Barbosa [sucesso de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda] continuou propondo e Temer acena com novas medidas. É preciso que o impeachment não se transforme em uma festa porque, se nós estamos afastando a presidente, é por sentirmos que ela não tem condições de mobilizar o País para essas medidas corretivas que precisam ser feitas. Quem for para o lugar dela terá de ter a competência para fazê-las o mais rápido possível.

Cezar Santos — Temer tem?
Vai depender de como ele vai se situar. É muito difícil fazer previsões. Não tenho uma bola de cristal para saber.

Euler de França Belém — Mesmo não tendo bola de cristal, as pessoas ti­nham uma ideia sobre Itamar Franco; de que ele tinha estatura moral e de que era capaz de montar um grupo. Deu certo. A sra. percebe isso em Te­mer? Ele tem a ideia de montar um grupo com Henrique Meirelles, Ar­mínio Fraga e José Serra, além de dizer que fará a reforma da Previ­dência. Essa é uma reforma importante?
Sim. Mas é o que digo: toda ação corretiva demanda, primeiramente, apoio político e entendimento da sociedade. Ora, a sociedade sabe que a população brasileira está envelhecendo. Nós não podemos mais nos aposentar com 55, 60 anos. Temos de aumentar a idade da aposentadoria, mas falar nisso é o mesmo que querer tirar o direito dos trabalhadores. Alguns empresários me visitaram, na semana anterior à votação na Câmara, para saber minha posição sobre o impeachment. Eu tenho evitado muito tirar foto com bandeira na frente, porque espetacularizar um momento como esse não é do meu temperamento. Então, eles chegaram com a bandeira para tirar foto, eu fiquei meio “assim”, mas tirei. Eu disse a eles: “Vocês vieram aqui saber a minha posição sobre o impeachment e vão levá-la. Agora, quando estivermos aqui fazendo as ações corretivas e os ajustes que precisam ser feitos, quero vocês aqui com a bandeira também”.

Marcos Nunes Carreiro — O que eles disseram?
Ficaram rindo e disseram que estarão. Quero ver (risos). Falar em ajuste é como falar palavrão, como se tudo estivesse tudo bem e não estivéssemos vivendo uma crise. Há pessoas que conseguem engarrafar o vento; essas pessoas vendem uma situação que não existe. Nossa situação é extremamente grave e não adianta dourar a pílula. É claro que não se pode ser eternamente pessimista, mas é preciso levar às pessoas a realidade. Por exemplo, nós temos um programa social que as pessoas acham que é ilimitado: o Cheque Moradia. Esse cheque é fruto de uma isenção fiscal. Ora, quanto mais isenção fiscal se faz, mais se restringe a arrecadação e mais é preciso aumentar impostos. As pessoas acham que se podem fazer tantos quantos (cheques moradia) precisem. É claro que as pessoas precisam, mas, para fazer o Cheque Moradia, é necessário abrir mão dos shows nas cidades. Não se pode querer o show sertanejo, o Cheque Moradia e as estradas. Não se pode querer tudo. As pessoas precisam saber o que é prioridade.

Essa semana, no Congresso, fizemos algo muito importante: votar a desvinculação do orçamento da educação e da saúde. O pessoal mais à esquerda acha que é um absurdo porque os prefeitos não vão gastar, mas acho que não. Chegou a hora de dar responsabilidade para o prefeito. Fizemos um levantamento e grande parte dos prefeitos gasta 30% de tudo o que ele arrecada em saúde. A obrigação dele era gastar 25%. Então, por que vou amarrar o orçamento dele e tirar sua responsabilidade?

Cezar Santos — A Câmara tem um presidente que é réu e o Senado um presidente que é quase réu, vários processos. Isso não conturba todo o andamento político?
Isso é muito ruim para a classe política e para o Congresso Naci­onal, mas é uma realidade que nós temos e precisamos aguardar a decisão da Justiça.

Marcos Nunes Carreiro — Vander­lan Cardoso (PSB) já começou a pré-campanha à Prefeitura de Goiânia. Como está o andamento?
Minha atuação foi dividida entre o fortalecimento do partido e o acompanhamento da situação em Brasília. Então, não tive tempo total disponível para lidar com o partido. Por isso, fizemos uma divisão de trabalho: eu fiquei responsável por fortalecer o partido no interior e Vanderlan por fazer a articulação em Goiânia e na região metropolitana. Dessa forma, a gente pôde fazer um trabalho que considero ser bom. Tivemos um apoio muito grande do deputado Marcos Abrão (PPS), pois ele fez uma campanha muito centrada em Goiânia e isso facilitou muito a sua interlocução com pessoas da capital, ajudando Vanderlan nessa articulação.

Eu tive a preocupação de não espalhar o partido por Goiás inteiro, mas fiz 11 encontros regionais e, neles, consegui conversar com o Estado. Centrei minha atuação em, mais ou menos 30 municípios e dei uma atenção especial às regiões metropolitana de Goiânia, sudoeste, norte e Entorno do Distrito Fe­deral. Com isso, nós conseguimos trazer alguns nomes expressivos e fortes nas diversas regiões, como Diego Sor­gatto [deputado estadual e pré-candidato a prefeito], na região do En­torno. Ele é um jovem que teve uma votação expressiva em Luziânia e que está começando sua carreira política, então, é interesse que ele forme uma nova liderança no Entorno. Ele é muito disposto e está com o entusiasmo que a juventude dá para que as pessoas enfrentem o desafio de uma região delicada como o Entorno. Acredito que ele será uma grande liderança.

Marcos Nunes Carreiro — E qual é o grande nome para o Sudoeste goiano?
Na região sudoeste, nós apostamos muito no deputado estadual Lissauer Vieira, que não tem nenhum desgaste maior e tem credibilidade, postura, respeito. Foi um deputado muito bem votado, po­dendo ser a grande surpresa de Rio Verde e será, sem dúvida nenhuma, um grande prefeito para a região, pois é uma pessoa que vem de uma família de produtores, que se desenvolveu na região. Então, ele é um rapaz muito ligado à terra.

Em Aparecida de Goiânia, uma região importante para nós, trouxemos o deputado Marlúcio Pereira, que tem um trabalho com a população mais humilde. Como Aparecida é uma cidade que tem muitos problemas e na qual a parte periférica da cidade tem uma importância grande, é muito importante que tenhamos uma pessoa com sensibilidade para aqueles problemas e que saiba cuidar da população. Apare­cida precisa de infraestrutura, desenvolvimento, mas precisa de alguém com sensibilidade para cuidar das pessoas, das crianças. É duro ver, todos os dias, crianças sendo violentadas, morrendo por balas perdidas, ou se perdendo no tráfico. Marlúcio é uma aposta nossa nessa direção.

Em Goiânia, temos Vanderlan, que já é conhecido na cidade, e em Senador Canedo temos um empresário [Zélio Cândido] que gera emprego e renda e que é um bom candidato. Em Cristalina, temos um candidato [Daniel do Sindicato] que é muito querido na cidade e a conhece muito bem, pois é presidente de um sindicato rural e tem um apoio popular inquestionável. Em Uruaçu, temos Juarez [Lou­rindo], um dentista, um humanista que viu a cidade crescer e que tem chance. É uma pessoa de bem e que pode fazer um bom trabalho no norte.

Marcos Nunes Carreiro – E há mais candidatos de destaque?
Em Niquelândia, temos o ex-prefeito Valdeto Ferreira, que também fez uma boa gestão naquela ocasião e que tem boas chances de ser nosso prefeito ali. Temos um grupo de apoio em Porangatu, que conta com pessoas realmente expressivas. Em Itumbiara, conseguimos trazer Gugu Nader, uma pessoa popular na cidade e que tem uma boa chance de fazer um bom trabalho. Na região metropolitana, assim como no Entorno, temos nomes em praticamente todas as cidades. No Entorno, tenho feito um trabalho em conjunto com o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), que tem me apoiado em algumas ações.

Cezar Santos — Vanderlan Cardoso não conseguiu passar para o segundo turno nas duas eleições que disputou ao governo. Esse “fantasma” não continua assustando, mesmo que o partido tenha se fortalecido com sua chegada?
Eleição municipal tem lógica própria e eu costumo falar muito isso para os candidatos. Ninguém de fora ganha eleição para um candidato em uma eleição municipal. Quem ganha a eleição municipal é o candidato. Vanderlan tem seu estilo, sua forma de trabalhar e eu respeito isso. Sei que posso fortalecer sua candidatura e a forma de eu ajudar é não querer comandar a campanha dele. Meu apoio é complementar. Ele é que tem de ter a força pessoal e política para poder trabalhar.

Na citação dos nomes, em que falei da importância, não citei o nome de Virmondes Cruvinel, que foi para o PPS, partido que fez uma parceria conosco em Goiânia. O Virmondes veio para reforçar essa parceria com Goiânia. Tive também o prazer e a alegria de ter o apoio do apóstolo César Augusto, por meio do vereador Dr. Jean (PSDB), que veio também oferecer o seu apoio a esse projeto de Goiânia. Então, o que pudemos fazer, no sentido de formar uma aliança de apoios para o nosso candidato em Goiânia, nós fizemos. Agora, a bola está com Vanderlan. Ele é que tem de passar para a população seu perfil, sua forma de ser, a diferença que ele tem para oferecer a sociedade de Goiânia, que eu acredito que seja a melhor entre todos os candidatos. Embora nós tenhamos candidatos extremamente preparados e bons para Goiânia, nosso projeto é competitivo e que já demonstrou que é capaz, dentro de seu estilo, de conquistar o apoio do goianiense.

Marcos Nunes Carreiro — O PSB até agora, pelo que temos visto, é o único partido que, de maneira organizada, conseguiu fazer vários eventos para conversar com a população a respeito de vários temas. A sra. participou de muitos deles. O que podemos dizer, então, que a população de fato espera do próximo gestor? Quais são as principais demandas?
Acredito que existam duas vertentes. A primeira é política. A população quer credibilidade — que a palavra dada seja palavra honrada; quer sinceridade na fala; quer que o político tenha conhecimento dos problemas, não com frases de efeito no palanque, mas por meio do cotidiano. Então, parte do sucesso político vai se dever a falar a verdade para as pessoas, a não prometer o que não se pode dar. É preciso também chamar as pessoas a serem interlocutoras dentro do partido.

A segunda questão é mostrar que o partido não tem dono. Eu não sou dona de partido. Pedi os meus companheiros todos que fizessem um diretório e não que deixasse o meu partido viver de (comissão) provisória — pois provisória você tira e põe quando bem quiser, já o diretório você cria um núcleo que vai discutir o apoio naquele município.

Outro ponto é o de devolver para o município a força política. É muito comum chegarem até mim e falarem “senadora, a sra. poderia falar com o Marcos Abrão para fazer uma aliança com o PPS em meu município”. Eu respondo que não vou falar, pois quem tem de fazer aliança no município é a própria pessoa que me diz isso; é ela que tem de conversar com o companheiro do PPS e tentar a aliança. Se eu fizer isso no lugar, estarei agindo como dona do partido; se for ele, vai demonstrar que tem força política dentro do município, que é o que queremos fazer: devolver a força política para dentro do município.

Quanto à questão administrativa, acredito que isso virá naturalmente a partir dessa transparência. O que a população primeiramente demanda são a transparência e a sinceridade. Se a pessoa pode fazer, que diga; se não pode, que também diga que não pode. Ficar levando as pessoas na conversa e agindo por meio frases de efeito, achando que a pessoa vai acreditar não é o caminho. Esta será a eleição do corpo a corpo, do olho no olho.

Uma eleição em que as pessoas querem a verdade e querem conhecer seus candidatos. Por isso, digo que a influência externa será muito pequena, pois o eleitor estará muito mais alerta. É co­mum, por exemplo, eu ir a uma solenidade em que será entregue um cheque-moradia. Eu já digo: “Esse cheque não saiu do meu bolso nem do bolso do governador. Ele saiu do seu bolso, de você que paga o imposto. Esse dinheiro vem para o governo e, quando o governo é bom, ele devolve o dinheiro em forma de benefício.” Certa vez, um cabo eleitoral que trabalha comigo há muito tempo me perguntou: “Mas, senadora, como é que va­mos pedir voto, então?”. (risos) En­tão, eu digo que é dessa forma que conseguiremos conquistar as pes­soas.

Quando falo isto dessa for­ma a essas pessoas, noto nos o­lhos o brilho. A pessoa, quando en­tende que alguém lhe doou al­go, fica intimidada, constrangida com aquilo; já quando se diz não que ela ganhou, mas que essa pessoa “comprou”, resgatou seu di­nheiro, se resgata a autoestima de­la. E é uma verdade: o político, quando chegar a eleição, não tem o direito de bater a sua porta e pe­dir voto porque lhe deu um cheque; não pode, pois foi a pessoa mesmo que se deu. Mas eu tenho di­reito de bater à sua porta e pedir seu voto por causa de meu trabalho.

Cezar Santos — O processo de privatização da Celg não se completa. Por quê?
Eu acompanhei passo a passo toda a novela da Celg, todo o acordo que foi feito para salvá-la. É uma empresa que tem, hoje, um déficit enorme, que é, sim, estratégica para Goiás e que, com o acordo de repasse dela para a Eletrobrás, o Estado teve de tomar vários empréstimos para que ele pudesse ser federalizada.

A Celg tinha dois empréstimos muito sérios, que traziam grandes transtornos para o Estado e para a empresa. O primeiro era o contrato em dólar que a empresa tinha com Itaipu. Eu fui a negociadora dessa mudança de indexação, do dólar para a taxa Selic, que resultou em R$ 500 milhões de economia para a empresa. Foi uma grande luta que eu tive contra Ronaldo Caiado, já que ele dizia que trocar o indexador da dívida seria algo para privatizá-la.

O segundo empréstimo era de R$ 1,9 bilhão, que o Estado pegou na época para viabilizar a federalização. Este contrato tinha uma cláusula pela qual uma vez vendida a empresa, o empréstimo teria de ser quitado pelo Estado, o que fazia com que todo recurso que recebia da Celg fosse para pagá-lo. A secretária da Fazenda [Ana Carla Abrão], eu e o governador trabalhamos para conseguir que este empréstimo ficasse com o Estado, mas que não precisasse ser quitado imediatamente após a venda. Posteriormente, a empresa passou a estar pronta para ser vendida.

Marcos Nunes Carreiro — Em suma, então, por que o governo resolveu vender a Celg?
Porque nem o Estado nem a empresa tinham dinheiro para investimento — mal tínhamos dinheiro para pagar a dívida. Não tendo dinheiro para investimento, inviabiliza-se a empresa. Ela quebra, não aguenta. Os funcionários dizem que a Celg rende R$ 9 bilhões por ano. Sim, a empresa rende esse valor, mas e os investimentos de que ela precisa? Se não investir, o processo de desenvolvimento de Goiás vai para baixo, pois cada empresa que chega ao Estado precisa de energia, de água, estrada, uma série de coisas. A Celg, hoje, se for fazer um conjunto habitacional, não tem condições de entregar uma ligação até lá, porque está estourada. Na região Sudoeste de Goiás, empresas de laticínio, por causa de paralisações de energia de quatro horas, estão perdendo todo o leite produzido. Isso tem acontecido reiteradas vezes.

Então, não é que eu seja a favor da privatização: é uma necessidade, ou privatizamos ou ela quebra. No último mês, a Celg teve um prejuízo de R$ 600 milhões. Toda a limpeza que fizemos para poder vendê-la bem, vai por água a baixo com a dívida, pois não há como investir. O ideal seria não vender a empresa, mas, quando foi vendida a geradora nós ficamos com um pedaço da empresa que tem de comprar, com um contrato de compra de energia a um preço muito mais alto que o do mercado. E o que foi grave é que o dinheiro da venda de Ca­choeira Dourada não foi colocado na empresa; foi colocado pa­ra fazer o que eu nem sei. En­fim, não voltou para a empresa.

A Celg sofreu, ao longo do tempo, uma dilapidação mortal. Hoje, todos os que desejam o de­senvolvimento e o progresso de Goiás tem de querer a Celg fun­cionando. Se alguém tiver di­nheiro para colocar nela… se o pró­prio Estado de alguma forma conseguisse dinheiro para investir nela seria o ideal, já que é uma em­presa estratégica. Mas o Es­ta­do não tem. A experiência de­monstra que as empresas que fo­ram privatizadas estão muito bem. Temos como exemplo a em­presa do Maranhão, que foi pri­vatizada e cujo resultado é altamente positivo para o Estado. Não é questão de ser a favor ou con­tra, mas sim de salvar a empresa.

Senadora Lúcia Vânia: “A população quer credibilidade e que o político tenha conhecimento de seus problemas”
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Cezar Santos — A sra. já ouviu algo sobre o ex-presidente Lula estar atuando para impedir o leilão e, assim, prejudicar o governo de Marconi Perillo (PSDB)?
Estava tudo pronto para o leilão, mas coincidiu de que iria acontecer na época do impeachment. Ora, nenhum investidor quer investir em um momento desses. Nós, que estamos na política, não temos bola de cristal para saber o que vai acontecer. Imagine, então, um investidor, que vai gastar seu dinheiro. Então, o momento do leilão acabou sendo o mesmo do impeachment e, obviamente, não havia mais interesse do governo em fazer a empreitada agora.

Cezar Santos — O governador tem falado que Goiás vai sair da crise antes dos demais Estados.
Goiás tem tudo para sair da crise antes do restante do País. Primei­ramente, porque está fazendo o trabalho de casa. Não gosto de falar da secretária da Fazenda, pois ela é minha filha e isso é complicado. Mas ela tem feito um trabalho muito bom para o Estado, algo que tem consumido inclusive a energia pessoal dela. Vejo o esforço para manter ao menos o que é básico para o Estado. Há um esforço descomunal em Brasília para conseguir projeto de leis, para transitar no meio econômico com muita credibilidade. Isso tem tido um grande resultado que Goiás. Paralelamente, o governador Marconi tem feito um trabalho no sentido de fortalecer o dela, pois sabe que é muito importante que este reajuste se dê, para que o Estado volte a crescer.

Goiás é um Estado-solução: temos uma agricultura e uma pecuária com altíssima tecnologia. Os olhares do mundo invejam nossa produtividade na área da agricultura. É um Estado que tem tudo para responder rapidamente a este momento. Agora, é preciso, sim, que as pessoas tenham a compreensão de que alguns ajustes precisam ser feitos para que o Estado possa recuperar esta capacidade de investimento.

Cezar Santos — A sra. comentou sobre Ana Carla Abrão, que tem se empenhado pessoalmente na Assembleia, levando aos deputados, questão da Lei de Responsabi-lidade Fiscal Estadual. Como a sra. vê esse instrumento?
Fico orgulhosa por ela ter se antecipado a tudo isso que está sendo discutido no impeachment. Na verdade, a Lei de Respon­sabili­dade Fiscal Federal tem alguns gargalos que precisavam ser corrigidos. E ela, como é técnica na área, propôs essa lei. Goiás foi o primeiro a ter uma proposta de uma lei de responsabilidade em nível estadual, condicionando algumas regras para que se possa fazer esse ajuste de forma mais rápida, evitando que, no futuro, existam situações como esta que estamos vivendo.