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Um estudo publicado na revista Nature revelou que a formiga-ceifadora-ibérica (Messor ibericus) é o primeiro animal conhecido capaz de produzir descendentes de outra espécie. As rainhas dessa formiga conseguem botar ovos que originam machos da espécie Messor structor, um fenômeno inédito na biologia.

O processo garante a sobrevivência das colônias, já que as operárias da M. ibericus só podem nascer a partir de cruzamentos com machos de M. structor. Sem eles, a espécie não formaria trabalhadoras, fundamentais para o funcionamento da colônia.

Pesquisadores analisaram mais de 130 machos de 26 colônias e descobriram que parte deles tinha DNA nuclear de M. structor, mas o mesmo DNA mitocondrial de M. ibericus, confirmando que eram “clonados” pela rainha. Em laboratório, uma única rainha chegou a produzir machos das duas espécies em um mesmo ninho.

Os cientistas chamam o fenômeno de “trapaça real”. Isso porque, quando a rainha cruza apenas com machos de sua própria espécie, o resultado tende a ser apenas novas rainhas, e não operárias. Para equilibrar a colônia, as formigas dependem da clonagem de M. structor.

O próximo passo da pesquisa é entender em que momento o DNA materno é eliminado para permitir que os machos de outra espécie sejam gerados.