Os felinos, embora sejam considerados por muitos como uma espécie superior, não estão imunes às doenças que podem resultar em dermatite. De acordo com o médico-veterinário (clínico autônomo), especializado em Dermatologia de cães e gatos e primeiro-secretário da Sociedade Brasileira de Dermatologia Veterinária (SBDV), Maurício Piovesan Henrique, o termo “dermatite” designa genericamente um processo inflamatório cutâneo.

Gatos que apresentam histórico de dermatite, usualmente, possuem predisposição genética para o quadro e irão manifestar sintomas após o contato com pulgas, alérgenos alimentares e/ou alérgenos ambientais Foto: reprodução

Henrique afirma que a dermatite é frequentemente associada ao conjunto de dermatopatias alérgicas que podem afetar o paciente felino. Entre as dermatites alérgicas mais comuns em gatos, destacam-se a dermatite alérgica à picada de pulgas (DAPP), a hipersensibilidade alimentar e a síndrome atópica felina.

Gatos que têm histórico de dermatite geralmente possuem predisposição genética para esse quadro e manifestarão sintomas após o contato com pulgas, alérgenos alimentares e/ou alérgenos ambientais.

A médica-veterinária Rita Carmona, membro do serviço de Dermatologia Veterinária do Pet Care e da Diretoria Científica da SBDV, explica que os gatos são afetados por várias dermatopatias, destacando-se as micoses superficiais, como a dermatofitose, e a ocorrência frequente de casos de esporotricose felina no Brasil. Além disso, ela destaca a alta prevalência de doenças alérgicas, especialmente a alergia alimentar e a síndrome atópica cutânea felina, na clínica dermatológica privada. Também é importante investigar dermatopatias parasitárias, como a otoacaríase, linxacariose, puliciose e sarna notoédrica.

Rita Carmona ressalta que o termo “dermatite” é bastante genérico e não corresponde a nenhuma doença específica, mas sim a um conjunto de doenças que provocam inflamação na pele.

A intensidade das coceiras pode ser um alerta: se o seu gatinho não para de buscar uma forma de aliviar o incômodo, seja com a pata, dentes, língua ou se esfregando demais nos móveis e objetos, pode ser um caso de dermatite. Com isso, é “normal” que ele apareça com feridas ou arranhões pelo corpo causados por essa eterna tentativa de acabar com a coceira. Além desses já mencionados, outros sintomas também podem surgir, como:

Otite e outras infecções na região do ouvido
Falha de pelo (alopécia)
Aparecimento de caroços na pele
Lambedura em excesso da região machucada
Manchas vermelhas nas patas, orelhas, face, axila e barriga
Pele irritada

As dermatites em gatos são frequentemente semelhantes às encontradas em cães, mas é importante estar atento às causas e tomar medidas para proteger a saúde da pele do felino:

  1. Alergia alimentar: Para os gatos, os corantes presentes em algumas rações podem causar prejuízos no trato urinário e desencadear alergias cutâneas. As proteínas também são essenciais em sua alimentação e devem ser de alta qualidade. Invista em uma ração adequada para garantir a saúde da pele.
  2. Parasitas: Pulgas, carrapatos e sarna também afetam os gatos, assim como ocorre nos cachorros. A saliva das pulgas pode causar irritações e coceiras na pele, enquanto a sarna leva a feridas, pele ressecada, descamação e queda de pelos. Ao identificar qualquer sinal desses parasitas, leve imediatamente seu pet ao veterinário.
  3. Dermatite atópica: Causada por poeira e pólen, essa condição é mais comum em algumas épocas do ano, como a primavera. Gatos afetados geralmente têm predisposição genética para esse tipo de alergia. Por isso, é importante ficar atento aos sintomas e buscar tratamento adequado.
  4. Traumas e estresse: Os gatos são mais sensíveis do que os cães e podem desenvolver problemas cutâneos em situações de estresse intenso, como a chegada de um bebê, outro animal de estimação ou mudanças na rotina. Ofereça um ambiente tranquilo e estável para evitar complicações na pele.
  5. Infecções por fungos e bactérias: As micoses podem ocorrer devido à falta de higienização adequada e condições que favorecem a proliferação de fungos e bactérias. Mesmo que se limpem com lambidas, os gatos também precisam de cuidados de higiene profissional para garantir a saúde cutânea.

Em caso de qualquer suspeita de dermatite ou problemas na pele do seu gato, é fundamental consultar um médico-veterinário especializado em dermatologia para um diagnóstico preciso e o tratamento adequado.