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Arqueólogos identificaram um apito de aproximadamente 3.300 anos em Amarna, antiga Akhetaten, no Egito, cidade fundada pelo faraó Akhenaton, pai de Tutancâmon. O artefato, esculpido a partir do osso de uma vaca, é o primeiro do tipo encontrado no país e teria servido como instrumento de trabalho para guardas que vigiavam uma tumba real.

A descoberta foi feita em 2008 pelo Projeto Amarna, mas só recentemente pôde ser analisada em detalhe por pesquisadores. O estudo, publicado em setembro no International Journal of Osteoarchaeology, conclui que o apito era um objeto simples, com um único furo perfurado, que cabia na palma da mão.

O artefato foi localizado na chamada Vila de Pedra, próxima à Vila dos Trabalhadores, áreas que abrigavam responsáveis pela construção da tumba real. Escavações anteriores já haviam indicado que a região contava com sistemas de entrada complexos e pequenas estruturas, interpretadas como postos de observação de guardas.

Segundo a arqueóloga Michelle C. Langley, da Universidade de Griffith (Austrália), o achado reforça a noção de que a região era rigidamente policiada. “Essa área parece ter sido fortemente controlada, de modo que a localização sagrada da tumba fosse conhecida apenas por aqueles autorizados a acessá-la”, disse em entrevista ao site Live Science.

As evidências dialogam com registros de Deir Almedina, outra localidade do Egito Antigo, onde a segurança também era feita por guardas conhecidos como medjay — um grupo semi-nômade do deserto, famoso por suas habilidades militares de elite e atuante como espécie de força policial.

Outro indício da função policial do apito vem da tumba de Mahu, chefe de polícia de Akhetaten, que traz representações de policiais detendo intrusos, alinhando-se como sentinelas em estradas e guardando postos de controle.

O achado, somado a essas representações, ajuda a compor um retrato mais detalhado da forma como a segurança era organizada em Amarna, especialmente nas áreas consideradas mais estratégicas, como vilas e tumbas reais.