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A ausência de relações sexuais por longos períodos pode trazer impactos à saúde, especialmente quando a abstinência não é uma escolha pessoal, mas resultado de falta de oportunidade ou parceiro. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da USP, o fator determinante é o sofrimento causado pela falta da prática, que pode gerar angústia, mal-estar e até doenças físicas.

De acordo com a médica, quando a vontade existe, mas não é satisfeita, o indivíduo pode desenvolver crises de ansiedade que enfraquecem o sistema imunológico, abrindo espaço para viroses, infecções e problemas mais graves. A autoestima também é afetada, o que aumenta o risco de depressão e outros transtornos psicológicos.

Estudos do Instituto Kinsey, nos Estados Unidos, mostram que a frequência sexual varia com a idade. Pessoas de 18 a 29 anos mantêm em média 112 relações por ano, cerca de três por semana. Entre 30 e 39 anos, a média cai para 86 relações anuais (1,6 por semana) e, dos 40 aos 49 anos, para 69 (1,3 por semana). Essa redução, segundo especialistas, está ligada a responsabilidades da vida adulta, como trabalho, filhos e rotina doméstica.

Em pessoas jovens com vida sexual ativa, os primeiros sinais de sofrimento pela abstinência podem aparecer após cerca de 30 dias sem sexo. Já indivíduos que costumam ter relações mais espaçadas suportam até quatro meses sem prejuízos significativos.

Apesar disso, existem grupos que não se interessam por sexo e não sofrem consequências. Nesses casos, a libido é direcionada a outras atividades, como projetos pessoais, religiosos ou profissionais, sem prejuízos à saúde.

Especialistas reforçam que o sexo libera hormônios como dopamina, endorfina e oxitocina, que contribuem para o bem-estar físico e mental, além de reduzir riscos de doenças cardiovasculares. Quando a abstinência é voluntária e não gera sofrimento, não há indicação de danos à saúde.

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