Vídeos de câmeras de monitoramento registraram trabalhadores da Cifarma sendo xingados durante uma paralisação da categoria organizada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Química, Farmacêutica e de Material Plástico do Estado de Goiás (Sind.Q.F.P-GO).

Segundo as imagens que o Jornal Opção teve acesso, alguns trabalhadores optaram por não aderir à paralisação, o que fez com que um homem que estava em um trio elétrico começasse a insultar os colaboradores.

Em um dos vídeos, o homem xinga uma mulher com agressões gordofóbicas quando ela está entrando na empresa. Em outro, um colaborador também é insultado. Veja:

À reportagem, o presidente do sindicato Francisley Martins negou que as falas tenham sido direcionadas a trabalhadores representados pela entidade. Ele explicou que a situação foi mal interpretada e que as declarações acabaram sendo tiradas de contexto.

“Eu não estava ciente dessa questão. Mas essas pessoas não são trabalhadores. Eles nem estavam uniformizados. Lá na empresa tem terceiros e também pessoas jurídicas. Então, não se trata de trabalhadores representados pelo sindicato”, afirmou.

Segundo Martins, a confusão ocorreu porque gestores pressionavam os funcionários a entrarem na empresa sob ameaça de registrar falta, o que gerou discussões e ofensas no local.

“Tinha algumas pessoas ali chamando os trabalhadores de imbecis, dizendo que iam perder o dia. Foi nesse contexto que surgiram as falas, mas não eram direcionadas aos trabalhadores, repito. Foi algo isolado”, destacou.

O sindicalista reforçou que o sindicato representa exclusivamente os empregados celetistas e que os demais presentes poderiam ser terceirizados ou pessoas jurídicas.

“O que aconteceu foi uma situação de tensão, mas em nenhum momento se falou contra os trabalhadores que nós representamos”, esclareceu. Martins disse ainda que a presença do sindicato em frente à empresa tinha como objetivo garantir a segurança dos grevistas.

“A gente se concentrou na porta porque, em algumas ocasiões, já houve risco de trabalhadores mais exaltados ou terceirizados avançarem com o carro contra quem participava da greve. Então, nossa preocupação era preservar a integridade dos companheiros que estavam no movimento”, relatou.

Francisley ainda confirmou que o homem que estava no trio elétrico é Rodrigo Alves Carvelo, conhecido como Rodrigão, vereador por Catalão. “Em momento algum a fala foi direcionada aos trabalhadores representados pelo sindicato. Isso foi tirado de contexto”, concluiu.

O Jornal Opção também tentou contato com o vereador Rodrigão por ligações e mensagens, mas não conseguiu retorno. O espaço segue aberto para manifestações.

Motivo da paralisação

Na manhã de quarta-feira, 10, trabalhadores da indústria farmacêutica Cifarma, em Goiânia, paralisaram atividades entre 5h20 e 9h em protesto organizado pelo Sind.Q.F.P-GO. A categoria reivindica pagamento integral do FGTS, melhorias no vale-alimentação e reajuste salarial.

O sindicato afirma que a empresa, em recuperação judicial, deixou de recolher R$ 3,4 milhões de FGTS em 2021 e penaliza funcionários que apresentam atestados médicos, reduzindo o benefício de alimentação.

A Cifarma, por sua vez, nega irregularidades. A vice-presidente Sônia Braga disse que o FGTS está parcelado e sendo pago, que o restaurante corporativo supre a alimentação dos trabalhadores e que o cartão é apenas um complemento para os de menor renda.

Ela também defendeu que o reajuste aplicado seguiu a lei e acusou o sindicato de distorcer informações para se aproximar dos empregados. O sindicato rebateu que benefícios internos não substituem direitos da Convenção Coletiva.

A audiência realizada no mesmo dia avançou nas negociações, mas não houve consenso. A mobilização afetou cerca de 780 funcionários. Representantes da categoria afirmam que a mobilização é pacífica e tem como objetivo abrir diálogo com a direção da companhia.

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