Apesar de esforço do Paço, vereadores avaliam que ‘taxa do lixo’ deve ser derrubada na Câmara de Goiânia

29 agosto 2025 às 17h43

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Após a aprovação em primeira votação da revogação da Taxa de Limpeza Pública (TLP), conhecida como taxa do lixo, vereadores que apoiaram a derrubada do tributo apostam que dificilmente haverá mudança no resultado na segunda análise da matéria. O projeto, de autoria do vereador Lucas Vergílio (MDB), foi aprovado com 20 votos favoráveis e 13 contrários.
A derrota acendeu alerta no Paço Municipal. O prefeito Sandro Mabel (UB) iniciou uma ofensiva para tentar reverter a decisão e tem buscado conversar conversar individualmente com parlamentares, na tentativa de virar votos. No entanto, entre os vereadores que atenderam à reportagem, a maioria mantém a posição pela revogação.
Taxa sem benefício não se justifica
O vereador Denício Trindade destacou que, apesar de ter defendido a taxa em gestões anteriores, a cobrança perdeu sentido diante da precariedade da limpeza urbana.
“Não dá para a população pagar uma taxa e não receber o benefício. Então, a minha posição foi de revogar em função da reclamação popular”, afirmou. Ele acrescentou que a procuradoria da Câmara emitiu parecer favorável à revogação, o que reforça sua decisão. Questionado sobre a possibilidade de reversão, foi taxativo: “Não acredito, a menos que a situação mude e a população pare de reclamar sobre a limpeza da cidade”.
Mesmo entre os vereadores da base do prefeito, há resistências. Markin Goya (PRD), lembra que votou contra a criação da taxa e, por coerência, também votou pela derrubada. “Sou base do prefeito, conversei com ele hoje, mas não tinha como eu não votar pela revogação porque fui contra a criação dela e sou contra qualquer tributo. O prefeito pode até ficar contrariado, mas não posso ser contra a população”, declarou. Para ele, cabe ao Executivo “saber o momento de sofrer uma derrota”.
Welton Lemos (SD) disse que apoiou a criação da taxa em votação realizada em 2024, mas se decepcionou com a execução. “O prefeito disse que a cidade ia melhorar o nível de zeladoria. No entanto, estou vendo uma cidade suja e cheia de lixo. De ontem para hoje, recebi mais de 30 denúncias”, relata. Embora se declare da base governista, classificou seu voto contra a TLP como definitivo: “Essa foi a única matéria do Paço que votei contra”.
Pressão popular
Para o vereador Fabrício Rosa (PT), a revogação da TLP é uma vitória da mobilização popular, mas ainda não está consolidada. “Reforço firmemente meu posicionamento contra a taxa de lixo instituída pela prefeitura, uma cobrança abusiva que sobrecarrega o orçamento das famílias goianienses, sem diálogo com a sociedade e sem estudos técnicos que comprovem sua necessidade”, disse.
Ele destacou que a aprovação em primeira votação é apenas o primeiro passo: “É crucial deixar claro que a luta ainda não terminou. O projeto precisa passar pelas comissões temáticas e por uma segunda votação. Enquanto isso, a taxa continua em vigor”.
Segundo o petista, a mobilização seguirá tanto dentro da Câmara quanto nas ruas. “Não vamos recuar. Continuaremos pressionando incansavelmente ao lado da população. A petição online já ultrapassa 10 mil assinaturas contra a taxa e vamos ampliá-la até garantir a revogação definitiva”, completou.
Independência
Para Pedro Azulão Jr. (MDB) diz que não há chance de rever seu voto. Votei contra a taxa do lixo no ano passado e votei pela revogação. Acho que é perda de tempo o prefeito tentar me convencer. Até peço para ele não pedir”, disse.
Na mesma linha, Sanches da Federal (PP) reforçou que só alteraria sua posição diante de um “fato novo”, o que não ocorreu, na visão dele, até o momento. “Se a taxa já é obrigatória por lei, como o prefeito diz, não faz sentido essa votação, pois pode ser judicializada. Mas, até agora, não há justificativa plausível que me convença a mudar de lado”, ponderou.
Parlamentares do PL também descartam mudanças. O vereador Coronel Urzeda lembrou que foi o primeiro a pedir a revogação da taxa em plenário. “O PL é totalmente contra qualquer criação ou aumento de imposto. O meu voto já estava dado desde o início do ano e não vai mudar”, ressaltou.
Na mesma legenda, Willian Veloso reafirmou a independência da bancada. “O PL não vota em nada que onere ou sobrecarregue a população. Fui um dos poucos que votaram contra a criação da taxa do lixo. Não acredito que o prefeito vá sondar ninguém do PL, pois deixamos clara a nossa posição”, declarou.
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