Parlamentar falou pela primeira vez sobre acusações de desvios previdenciários da extinta Comob, após mandado de prisão expedido pela Justiça em junho deste ano

Vereador Zander durante o retorno do trabalho na Câmara, após recesso parlamentar | Foto: Alberto Maia
Vereador Zander em entrevista coletiva na manhã desta teça-feira (4) | Foto: Alberto Maia

O vereador Zander Fábio (PSL) falou pela primeira vez, nesta terça-feira (4/8), após ter a prisão decretada no final do último mês de junho. Acusado de desvios de recursos previdenciários na extinta Companhia de Obras e Habitação (Comob), Zander afirmou em entrevista à imprensa, durante o primeiro dia de trabalhos da Câmara após recesso parlamentar, que a decisão judicial foi um “equívoco”.

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Sobre sua atuação na Câmara, Zander afirmou que não deixou de trabalhar em nenhum momento e segue com seus projetos legislativos. Em entrevista, o presidente Anselmo Pereira (PSDB) defendeu o colega e disse que a Casa tem seguido o que determina a lei. “Nós estamos obedecendo a lei. Se ele está aqui, é porque a lei garante”, garantiu.

Questionado sobre o teor das denúncias oferecidas pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) no final do último ano, Zander reiterou que confia na Justiça e se defendeu das acusações de peculato e organização criminosa. “São fatos processuais e que a Justiça tem que avaliar. Minha defesa foi feita e é pública. No meu entendimento, não houve fraude à previdência”, avaliou.

O parlamentar negou também que tenha ficado foragido da Justiça, após a expedição do decreto de prisão, já que, segundo ele, não chegou a receber intimação. Sobre a mancha política que o escândalo pode ter causado à sua imagem, Zander optou colocar panos quentes na questão.

“Eu enfrento meus problemas de frente, não fiquei nenhum dia sem trabalhar e as pessoas me conhecem. Não escondo as coisas boas que faço e também não escondo, às vezes, os erros que já cometi”, afirmou.

Habeas-corpus

Após a condenação em primeira instância a nove anos de prisão por peculato e organização criminosa, a defesa do vereador entrou com embargos, mas o juiz não os considerou e deu o processo por concluído. Então, os advogados do parlamentar entraram com liminar contra o mandado de prisão, que foi negada.

Zander recorreu ainda ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reconheceu como errada a decisão do juiz por não considerar os embargos da defesa, sendo concedido o habeas-corpus.

Em entrevista, Zander tratou com estranheza a primeira decisão judicial que determinava sua prisão. “Outros réus no mesmo processo fizeram 11 embargos. Eu fiz o primeiro e tive a prisão decretada. O direito de recorrer é um direito que você tem”, argumentou.

O vereador negou, no entanto, um rigor maior da Justiça referente ao seu caso em comparação aos demais acionados. “Eu não faço juízo de valores. E também não acredito em armação, acredito que foi um equívoco.”

Entenda o caso

Além de Zander, o ex-vereador Amarildo Pereira foi condenado a ressarcir os cofres públicos no valor de R$ 114.748 mil. Os dois acusados foram diretores financeiros da extinta Companhia de Obras do Município (Comob), em 2000, e teriam alterado cheques destinados, originalmente, para o recolhimento de INSS.

De acordo com a denúncia do MPGO, o esquema fraudulento teria começado com Amarildo, que foi sucedido por Zander, que depois, foi eleito vereador. A companhia municipal teria pago em duplicidade a Terra Construtora, por serviços prestados ao município.

A sentença ainda condenou Vinícius Costa de Amorim, antigo sócio da Terra; Jarí Souza Barreira, que teria se beneficiado com cheques — mesmo sem prestar nenhum serviço na Comob — e Geraldo Miguel dos Santos. Este último era o contador, que teria recebido comissão dos cheques descontados.